(Reedição de Fiat Lux) Sexta-feira, Março 10, 2006
E porque hoje, depois de um memorial dirigido ao aparecimento do heterónimo Alberto Caeiro, é dia de recordarmos uma das publicações de uma geração notável de pensadores da nossa res publicae, a Presença, já em vésperas de e durante a sua convivência com a era autoritarista salazareira, vem-me à ideia, inspirada num momento de conselho paternal a um dos meus rapazes, que a liberdade natural não coindide com a da nossa razão, sendo a primeira resultado de uma lógica infinitamente superior à nossa, mas que esta, mesmo assim, a alcança. E apercebemo-nos nesse momento que esse inatingível se entende através de uma sujeição, primeiramente pela disciplina orgânica do corpo que nos transporta a mente, depois pela ratificação que os benefícios dessa sujeição capitalizam, que é dizer a confirmação, pela razão, que a liberdade primeira começa pela nossa submissão a um dever de obediência, ou então não estaremos em condições existenciais de podermos usufruir da liberdade que a Natureza (Deus) suporta.
Emanuel (primeiro o de Nazaré, depois o Kant) tem razão, e por isso Jesus não é só Cristo, nem só nosso, Buda também é de todos, Maomé "foi à montanha" e Khrishna poderia ter sido um dos principais mestres de Fernando Pessoa, ao lermos "Há Metafísica Bastante Em Não Pensar Em Nada".
E, porque não pretendo ser metafísico necessário, deixo o pensamento suficiente para alcançarmos o estado de alma que não pensa, a não ser pelo sentimento que se tem quando não a temos no pensamento!