De vez em quando ... convém dar um ar mais fresco à casa! ...
Ou como mais esta do Jumento pode ajudar a perceber muito melhor a verdadeira essência da necessidade de esclarecimento do fenómeno político-administrativo ( jurídico-constitucionalmente institucionaliozado) que é a descentralização, na complexidade de todas aquelas suas vertentes (e que a jusante terão, também, as suas implicações estritamente socilógicas ou, por outras palavras, as suas consequências em termos de justiça social).
"AS CONTAS QUE AINDA NÃO FORAM FEITAS
Agora que o Alberto anda para aí a mandar bananas para o ar porque deixou de ter o poder da chantagem na AR, uma das maiores vantagens da maioria absoluta de Sócrates, talvez seja a ocasião para que se façam algumas contas que ainda não foram feitas. Receio que ao longo de anos e graças a uma classe política que não dorme a pensar em votos e em poder se tenham criado distorções na distribuição dos investimentos do Estado, dando lugar a muitas injustiças que vão muito para além das habitualmente referidas, a insularidade dos Açores e do território libertado pelo Alberto e a dicotomia entre o litoral e o interior.
Gostaria, por exemplo, de comparar os investimentos públicos realizados na Madeira e os feitos em Trás-os-Montes, o Algarve ou o Baixo Alentejo. E mesmo nessas regiões gostaria de comparar o que se investe nas cidades e o que se investe longe das capitais de distrito.
Seria interessante compararmos os rendimentos de uma exploração do Minho com as dos agricultores que se têm vindo a manifestar em Lisboa, e qual a parte desses rendimentos que correspondem a subsídios estatais.
Saber quem, de uma forma directa ou indirecta, mais beneficia das scuts, para aferir se o pagamento destas auto-estradas beneficia todas as populações do interior ou apenas os mais privilegiados das regiões que beneficiam desse regime. Também faria sentido avaliar o impacto económico do investimento que se faz em scuts para o comparar com o que resultaria de outras soluções que visem o desenvolvimento das regiões.
Seria útil para a compreensão do nosso sistema político conhecer a geografia política dos investimentos públicos, para percebermos se existem regiões abandonadas pelo Estado só porque não estão representadas nos aparelhos dos partidos no poder.
Poderei estar muito enganado, mas se um dia se fizerem estas e outras contas vamos perceber melhor porque razão este país não passa da cepa torta."