Parece que, agora, não sei escrever outra coisa que não seja Portugal!
Longe dos futeboleiros negócios da engenharia sócio-financeira que, por dez réis de circo, se diverte com a anestesia com que enebria a consciência de um Povo que já sonhou Mundo!
Triste destino o daquele entregue à sorte dos que enriquecem com a pobreza que chamam, a cada estação que passa, a "alma da gentes". Até parece que temos de dar razão ao diabo que os pariu, aos que suam as moedas que nunca nos cabem na mão! Por isso pedimos, sempre pedimos, lamentando.
Para agora começo, então, com as minhas "Lamentações" (4)
Retorna a manhã
d'intenso nevoeiro
memórias em mim
que procuro, atordoado
encontrar alma sã;
rever, primeiro
a História do Destino
meu País, amordaçado
que não pede amanhã
nem outrora sedentário
quis chegar inteiro,
unido, abençoado!
P'ra saber onde está
a salvação, queira,
vá p'ra frente, assim:
c'o destino pensado!
e com o primeiro dos poemas "Ouvir Portugal" (1), dedicados às meditações de meu mui citado mestre JA Maltez, lá para as bandas insulares onde, espera-se, ainda haja do tal Povo ...
Sempre à espera, é sina
de ontem, de amanhã
e hoje, porque anima
esquece o que vem, vê
o degredo por cima!
Oh etérea desventura
que guardas no passado
as chaves do segredo
com que abrirás
o nosso futuro!
Diz ao vento que nos traga
alento p´ra mais ouvir
o que tem a nos dizer
o Guardião do Segredo
em que a alma se afaga!
Assim troam sinais
nesta terra, Humanidade;
quantos em ti escreveram
Portugal, que disseram
teus avós, celestiais!
Um grande abraço de serena saudação.
JRC, Lx no solstício de 2008