Como sempre, há nas efemérides uma como que natural escolha/ selecção subjectiva que, na história dos eventos, tendemos a operar.
1. E, porque para uns este dia evoca a trizteza do destino das populações indígenas do Brasil, e para outros o Índio é lembrado no calendário ambiental (consideram-no as duas referências aqui citadas, com alguma frieza realista, como um factor de preservação ambiental, mesmo que os processos de desenvolvimento colonialista e capitaleiros os tenham relevado ao esquecimento), eu prefiro a versão de Aldous Huxley na fantástica obra que é o Admirável Mundo Novo, ou a realidade fielmente interpretada na obra cinematográfica realizada por Roland Joffré "A Missão", contrapondo as artificialidades do "fardo do homem branco" ao teocratismo naturista, a exemplo do nosso P. António Vieira, de que os jesuítas sempre foram, também, eloquentes transmissores: ("Uma das marcas relevantes da espiritualidade franciscana, que de algum modo se pressente no Santo português, é o entendimento do mundo do homem no quadro de uma interioridade que não o fecha sobre si próprio, estimulando um movimento de abertura e de relação solidária a tudo o que o cerca, no âmbito de um já muito vincado optimismo na valorização da criação como obra de Deus. A espiritualidade antoniana permanecerá muito permeável, na forma como viveu a perspectiva da interioridade e da pobreza, ao concreto, à natureza e à relação humana. A interioridade acentua a ideia de dependência em relação aos outros homens bem como ao conjunto da criação, numa espiritualidade eminentemente prática e vivencial" - in Pedro Calafate, retirado do Google).
2. Mas a História também nos dá como que ironias do destino. Senão, vejamos o que, neste dia 19 de Abril de 1648, contingentes significativos de índios fizeram contra as tentativas de usurpação holandesa das nossas possessões ultramarinas, também no Brasil, aqui referidos no Recife... .
Como ironicamente, poderíamos ter perdido a que eraconsiderada a "jóia da Corôa" ... .
3. Tempo ainda para fazer referência a essa transformação da Acção Socialista Portuguesa, neste dia de 1973, na então Alemanha Ocidental, nesse tão curioso Partido Socialista Português (PS), quando o marxismo ainda não era peça arqueológica da ideologia da acção.
Senão, vejam-se, de entre os documentos referentes ao acontecimento, por exemplo o Relatório de Mário Soares ou o seu Manuscrito aonde o fundamentou, apresentados na ocasião.
"No dia 19 de Abril de 1973, na cidade alemã de Bad Munstereifel, militantes da Acção Socialista Portuguesa idos de Portugal e de diversos núcleos no estrangeiro, reunidos em Congresso, aprovam, por 20 votos a favor e 7 contra, a transformação da ASP em Partido Socialista. Finda a votação, todos os congressistas aplaudiram de pé a deliberação. Eram 18 horas."
Esta também será, certamente, mais uma das ironias da nossa História!?