1. Há sempre lugar a um sentimento de pertença ou de identificação com uma sensação, uma imagem espácio-temporal, ou uma ideia de referência básica (um microcosmos), principalmente quando nos libertamos de todas as influências que nos toldam o espírito ao ponto de não podermos, frequentemente, reconhecer em nós aquilo que sentimos e pensamos que somos e gostamos. Algo que reconhecemos como profundamente agradável, no nosso íntimo. É como se tivéssemos, todos, ícones que amamos e mantemos como elementos constitutivos da nossa identidade.
Poderemos, então, exemplificar estes simples e pequenos paraísos individuais nos mais diversos momentos e/ ou lugares por que passamos nas nossas experiências vividas e conscientes: a recordação de um ente que nos é querido; um simples lugar que a nossa memória recorda para a eternidade; a luminosidade de um pequeno espaço doméstico ou de uma paisagem natural que nos é constantemente familiar; o sentimento de filiação numa ideia que evocamos como valor absoluto; a sensação de liberdade que experimentamos ao viver um momento que nunca foi tempo; etc.
2. Este sentimento interior também se pode reportar às nossas mais genuínas porque naturais referências de cidadania, porquanto apenas podemos ser cidadãos numa polis que é o nosso ‘lugar ideal’ ou a representação da nosso universo cívico. E, apesar de todas as 'pedradas' com que nos 'bombardeiam' diariamente, sobretudo nas urbes mais concorridas, restam-nos sempre algumas destas sensações.
Oxalá vivamos todas as nossas experiências que a polis nos exige a partir dos nossos cantinhos do céu!