sexta-feira, abril 07, 2006

A saúde da saudade, em Lisboa!

Quando a saúde reclama, a necessidade chama com a chama viva da saudade!


Estou (de férias ?) em Lisboa! Venho tomar ares como quem vai a banhos de verão! Recarregar baterias precisa-se, em tempos em que os dispêndios energéticos já por si são dispendiosos, que é como dizer que, na entropia da vida, se gasta muito para reabastecr dos gastos que todos temos que ter para viver! É preciso ter muito cuidado, pois esses pseudoglutões da caixa negra deste sistema socialmente associal engolem-nos como leucócitos de um corpo que só a eles tem como corpos estranhos...!
Será que o Leviathan estará a comer os seus próprios filhos? Talvez não. Em todo o caso, cuidado, porque eles andam por aí, como autênticos anticorpos de um corpo social ao qual não pertencem, porque só dele se alimentam, transformados em autênticos parasitas do espaço vital que não lhes pertence! (Será isto algum Alliens revisitado ?)!

Provavelmente, nem os recursos disponibilizados por aquele tão falado "choque tecnocrático" (veja-se, por exemplo, as carapaças em metais de liga pesada que nos protejam das investidas da besta) de nada nos valerão, pois a besta já tratou de se domiciliar nos corredores dos bastidores dos palcos do politicamente correcto, ou único, enjeitando esta ditadura tipo soft, que só na "era do vazio" consegue ter lugar!

Por isso, prefiro ter de recordar esta velhinha mas sempre simpática Lisboa, de outros tempos populares, sem o saudosismo retrógrado mas que, sadiamente, nos remete para a saudade que qualquer vivente neste Portugal cosmopolita e sempre humanista necessita ser recordado, seja por razões individuais ou seja, com força ainda maior, por motivos que, em vez de serem como para muitos do alheio, se comprometem com a justa partilha fraterna sem hipocrisias que a desmesura das mentes andam frequentemente por aí a reclamar, como sendo virtudes ...




Por estes lados, há motivos de sobra para se comemorarem, existencialmente, esses valores sociais que não têm tempo, não se enquadram em qualquer regime politicório, não necessitam de choques tecnológicos nem de cartas de filiação neo-federalizantes, a precisarem mais de filhos do que estes de filiação ...
São estes restos de filhos sem família que me chamam mais a atenção e me despertam mais profundamente a saudade de riviver a fraternidade de outros tempos, mesmo em regime de autoritário provincianismo nunca assumido pelos que, em jeito de urbanidade rural, sempre podem dizer, hoje, que são tempos que ainda não lá vão porque esses ainda cá estão para marcar presença neste espaço social que já não sabe onde começa a escravidão e acaba a cidadania ... pior que isto, talvez não tenha havido ... há imagens de sobra que nos fazem reviver com saudade ...

É desta colectividade de cultura recreio que componho esta publicista, dando conta do que por aqui também disse há já uns bons anos, mesmo quando presidi à Mesa da Assembleia Geral, em jeito de exortação de valores sociais que, na altura (pós PREC) estariam já a ser associativisticamente ameaçados... "a sociedade [SFRA] é o espelho da sociedade a que pertencemos"...

Hoje, com os "tapa tudo", "encobres" (como é exemplo à entrada desta noutros tempos muito respeitada colectividade, não só pelo espaço de convívio social que proporcionava, como pelos títulos desportivos, como foi o caso do Ténis de Mesa a nível nacional, e as diversas manifestações de âmbito cultural e sócio-político que a marcaram ao longo dos anos) e os "quem tem dinheiro vai sempre à frente", entre outras das prerrogativas neo-capitaleiras deste regime pró-totalitarista de um pensamento subtilmente único, já não há como expressar certas situações da realidade social que, observadas, a todos consternará. Mas é por isso, também, que o publicista existe e se quer fazer:

Agora, que também da janela do meu quarto, mesmo ao lado da SFRA, mais um pedaço dos meus horizontes sobre o Tejo levaram, não quero dizer mais nada, porque pouco mais haverá a dizer.

Há, certamente, muito mais a fazer, não só por estas sociedades específicas - as colectividades de cultura e recreio, sobretudo as que, historicamente, merecem nunca ser esquecidas - mas pela sociedade que todos queremos ser!