sexta-feira, junho 30, 2006

Política da Idade da Pedra

Se a Ciência Política fosse, puramente, uma ciência teórica-abstracta … a democracia era, literalmente, uma utopia!

Hoje dei comigo mesmo a revisitar o sítio do Ministério da Educação para me actualizar sobre a evolução dos Programas que estão para ser homologados. Feitas as minhas contas, sem consulta prévia às informações que, eventualmente, o Conselho Executivo da minha Escola tenha para me dar, a disciplina opcional de Ciência Política, transversal a todos os cursos científico-humanísticos do Ensino Secundário (creio que com uma excepção, vá-se lá saber porquê) deveria começar este ano lectivo. A não ser que esteja enganado. Inadvertidamente enganado. Mas que estava a contar com esta Disciplina para, no meu grupo disciplinar, preencher o meu horário, lá isso estava! E, por isso, tenho estado atento à homologação dos Programas que o Ministério vai fazendo. E, assim, vi que na Proposta de Programa desta Disciplina ainda são preocupações da didáctica dos respectivos autores, entre outras, a dicotomia esquerda/ direita, e o respectivo enquadramento histórico-conceptual.

Mais à frente nas horas do dia dou comigo, mais uma vez, com a coluna do MA Pina, na “última do JN”, ainda referente ao caso Ruas. E vejo que, com este episódio factual a constar nos anais da ciência que tem por objecto nuclear de estudo os fenómenos sociais que se desenrolam na sociedade enquanto polis (nas suas relações de Poder entre governantes e governados), mais uma vez aquela dicotomia me parece um dos “complexos de Zenão”, pois não há como classificar, politologicamente, este mediatizado evento. Sei que, tipologicamente, é característico, nos dias que correm, dos países terceiro-mundistas, com esquivas tendências para tiranias mais ou menos encapotadas pelos interesses da dominação geo-estratégica dos pretensos donos da globalização … mas isso já é outra história. Por mim, não quero pensar que, quando chegarem os ditos manuais de Ciência Política para o Ensino Secundário, já tenha que pensar na sua reformulação, tendo que, empiricamente, demonstrar aos meus alunos que, afinal … a democracia não existe! Não sabemos se já alguma vez existiu! Ou se, mais uma vez, estamos perante uma Utopia!

Fico-me com mais uma tirada, destas últimas que tenho evocado!



"A Idade da Pedra
Os incitamentos de Fernando Ruas à populaça para que se organize em "grupos" e "corra à pedrada" os funcionários do Ministério do Ambiente (felizmente o Governo já assegurou "mobilidade" aos funcionários públicos) que tentem fazer cumprir as leis do país em Viseu recebeu o entusiástico apoio de Alberto João Jardim. A "força de expressão vernácula do social-democrata Fernando Ruas" terá - noticia o Portugal Diário - levado ao rubro o vernaculista da Madeira, que, de social-democrata para social-democrata, lhe ofereceu a sua inflamada solidariedade contra o "regime". E ainda, supõe-se, não só o seu próprio dicionário de impropérios, afrontas, injúrias, provocações, insultos e ameaças, mas também os calhaus madeirenses de que a social-democracia venha a precisar em Viseu (e que sobrarem depois de Jardim ter "corrido à pedrada" da Madeira a Oposição, o Tribunal de Contas, o ministro da República, a PJ, etc.). Fernando Ruas não está, pois, sozinho. Além de Jardim, esperam-se nos próximos dias outras "vernáculas" manifestações de apoio, agora dos "No Name Boys", dos "Super Dragões", da "Torcida Verde", do PRD e da Associação Cultural "Grunhos Unidos Jamais Serão Vencidos". O país (e as estações de serviço) que se cuidem."

As "Ruas" da Democracia

Se a Ciência Política fosse, puramente, uma ciência teórica-abstracta … a democracia era, literalmente, uma utopia!

Hoje dei comigo mesmo a revisitar o sítio do Ministério da Educação para me actualizar sobre a evolução dos Programas que estão para ser homologados. Feitas as minhas contas, sem consulta prévia às informações que, eventualmente, o Conselho Executivo da minha Escola tenha para me dar, a disciplina opcional de Ciência Política, transversal a todos os cursos científico-humanísticos do Ensino Secundário (creio que com uma excepção, vá-se lá saber porquê) deveria começar este ano lectivo. A não ser que esteja enganado. Inadvertidamente enganado. Mas que estava a contar com esta Disciplina para, no meu grupo disciplinar, preencher o meu horário, lá isso estava! E, por isso, tenho estado atento à homologação dos Programas que o Ministério vai fazendo. E, assim, vi que na Proposta de Programa desta Disciplina ainda são preocupações da didáctica dos respectivos autores, entre outras, a dicotomia esquerda/ direita, e o respectivo enquadramento histórico-conceptual.

Mais à frente nas horas do dia dou comigo, mais uma vez, com a coluna do MA Pina, na “última do JN”, ainda referente ao caso Ruas. E vejo que, com este episódio factual a constar nos anais da ciência que tem por objecto nuclear de estudo os fenómenos sociais que se desenrolam na sociedade enquanto polis (nas suas relações de Poder entre governantes e governados), mais uma vez aquela dicotomia me parece um dos “complexos de Zenão”, pois não há como classificar, politologicamente, este mediatizado evento. Sei que, tipologicamente, é característico, nos dias que correm, dos países terceiro-mundistas, com esquivas tendências para tiranias mais ou menos encapotadas pelos interesses da dominação geo-estratégica dos pretensos donos da globalização … mas isso já é outra história. Por mim, não quero pensar que, quando chegarem os ditos manuais de Ciência Política para o Ensino Secundário, já tenha que pensar na sua reformulação, tendo que, empiricamente, demonstrar aos meus alunos que, afinal … a democracia não existe! Não sabemos se já alguma vez existiu! Ou se, mais uma vez, estamos perante uma Utopia!

Fico-me com mais uma tirada, destas últimas que tenho evocado!



"A Idade da Pedra
Os incitamentos de Fernando Ruas à populaça para que se organize em "grupos" e "corra à pedrada" os funcionários do Ministério do Ambiente (felizmente o Governo já assegurou "mobilidade" aos funcionários públicos) que tentem fazer cumprir as leis do país em Viseu recebeu o entusiástico apoio de Alberto João Jardim. A "força de expressão vernácula do social-democrata Fernando Ruas" terá - noticia o Portugal Diário - levado ao rubro o vernaculista da Madeira, que, de social-democrata para social-democrata, lhe ofereceu a sua inflamada solidariedade contra o "regime". E ainda, supõe-se, não só o seu próprio dicionário de impropérios, afrontas, injúrias, provocações, insultos e ameaças, mas também os calhaus madeirenses de que a social-democracia venha a precisar em Viseu (e que sobrarem depois de Jardim ter "corrido à pedrada" da Madeira a Oposição, o Tribunal de Contas, o ministro da República, a PJ, etc.). Fernando Ruas não está, pois, sozinho. Além de Jardim, esperam-se nos próximos dias outras "vernáculas" manifestações de apoio, agora dos "No Name Boys", dos "Super Dragões", da "Torcida Verde", do PRD e da Associação Cultural "Grunhos Unidos Jamais Serão Vencidos". O país (e as estações de serviço) que se cuidem."

quinta-feira, junho 29, 2006

Se os Municípios fossem, apenas bairros (?) ...

Já vi homens, na política e fora dela, que se demitiram por muito menos!

Eu próprio, há uns anos, fui suspenso por um mês com perda de vencimento, por ter defendido critérios objectivos de avaliação dos alunos, e não baseado no seu estrato sócio-económico ou grupo sociológico de pertença! Ou por ter evocado o papel pedagógico da Escola na definição científica de valores democráticos como o são a liberdade e a justiça social, frequentemente prostituídos por muitos que, tendo responsabilidades sócio-estruturantes na sociedade, apenas usam o poder que lhes é conferido em conformidade para defesa de causas que lhes são, frequentemente, próximas! Não há república que resista a tamanha demagogia! Nem a cabalas, alcavalas e a trogloditices da arrogância brejeira! Arre, mais uma vez?!

E agora? Que fazer desta afronta do representante superior das instituições que, na História de Portugal, são a referência mor do poder democrático, os Municípios?

A atestar pela indignação em mais um artigo de opinião do MA Pina, entre outros que também se podem ler na última do JN de hoje, não há lugar para desculpas esfarrapadas como as que já se viram por parte daquele edílico, mesmo que alguma razão circunstancial, originariamente, lhe assistisse!


"O regresso de Viriato

Fernando Ruas, presidente da República do Cavaquistão, incitou os súbditos a "correrem à pedrada" os funcionários da República Portuguesa que tentem impor no seu território o cumprimento das leis desta última (a distante, a estrangeira, a "colonial" - como diz o presidente da República Atlântica das Bananas - República Portuguesa). "Corram-nos à pedrada, a sério. Arranjem lá um grupo e corram-nos à pedrada. Eu estou a medir muito bem aquilo que digo", assegurou, no meio dos "urrahs!" dos chefes de clã, o presidente cavaquistanês, que é igualmente presidente dos presidentes de todos os cavaquistões. Após a surtida, desbaratadas as hostes invasoras, no caso dois funcionários do Ministério do Ambiente, Viriato retirou estrategicamente para o inextrincável e hermínio "maquis" da semântica portuguesa. Que, afinal, o "a sério" não era a sério, era a brincar, que as "pedras" eram "figuradas" e mais manobras evasivas capazes de reescrever toda a arte da guerra de libertação de Giap, Mao, Che, Marighela & Alberto João Jardim. Um dia destes haveremos de o ver descer das montanhas e marchar sobre a capital do Império, o Braveheart de Viseu, exigindo subsídios já não só para rotundas e pavilhões multiuso mas também para mocas e calhaus."

A Opinião dos Outros

Quem diria, no Jornal de Negócios, uma tirada destas, hã?
Hei-de trazer para aqui mais artigos de opinião desta autora
Luísa Bessa
lbessa@mediafin.pt
"Assim vai Portugal
Um perfume de Mundial anda no ar. À medida que o campeonato progride e a selecção portuguesa se mantém em jogo, a aragem que sopra da Alemanha contagia o clima nacional.
Nada de que não se estivesse à espera. À semelhança do que aconteceu em 2004, dá a sensação de que o país partiu prematuramente para férias. Entre pontes, feriados e santos populares, houve um adeus colectivo até Setembro.
Como acontece sempre que a matéria é futebol, desenvolvem-se opiniões apaixonadas. Alguns intelectuais, quais irredutíveis gauleses, lastimam a incorrigível propensão da malta para vibrar com os passes e as peripécias de dois grupos de 11 rapazes num campo relvado, o efeito distractivo e o aproveitamento que dessa pulsão é feito por quem nos governa; os outros, a enorme maioria, embarca no furor das multidões.
Por estas alturas mesmo os mais indiferentes ao futebol têm dificuldade em resistir ao contágio. Valha a verdade que um Mundial de futebol é um mega-evento desportivo que tem, entre outras, a virtude de trocar as voltas aos dados adquiridos da ordem internacional, o que lhe confere um carácter exótico. A principal potência futebolística, o Brasil, não faz parte do grupo de poderosos do Mundo; os Estados Unidos estão longe de integrar a primeira liga, como ainda recentemente se viu; a Europa, que está em perda na frente da globalização, resiste no futebol com alguns dos principais «players»; e a nível dos países emergentes vão os africanos à frente dos asiáticos, exactamente o inverso do que se passa na realidade económica mundial.
Com Portugal em jogo e com a imprevisibilidade própria do desporto rei a dominarem as atenções, nem se percebe por que não aproveita o Governo este «vacatio» para anunciar medidas polémicas. Com a ordem informativa nacional completamente dominada pela agenda do Mundial, numa lógica que ultrapassa muitas vezes os limites do bom senso, teria garantido a menor repercussão possível. Imagine-se, por exemplo, o impacto que teriam os encerramentos das maternidades se não tivessem coincidido com o primado da futebolândia.
Mas a agenda de comunicação de José Sócrates prossegue implacável. Depois da banda larga na segunda-feira, ontem o feito do dia foi o lançamento da caixa postal electrónica, a concretização de uma medida aprovada em Conselho de Ministros em Abril passado. Apesar do diploma referir explicitamente a garantia de concorrência entre todos os operadores, o Governo associou-se ao mais alto nível à apresentação da ViaCTT, um caixa postal electrónica a que todos os portugueses poderão aceder gratuitamente, e que será utilizada para a comunicação entre os cidadãos, a administração pública e as empresas aderentes (12 por agora, entre as quais a EDP e a PT).
ViaCTT é um inovador serviço dos Correios de Portugal e representa o cumprimento de uma promessa governamental. Mas embora não sejam muito evidentes as vantagens que proporciona em relação a outra caixa de correio electrónico teve direito a uma apresentação presidida pelo próprio primeiro--ministro, como medida emblemática do Simplex e do Plano Tecnológico. Mais um caso de desproporção entre o acto e o seu significado."

Fiat Lux (Do Observatório Social)

Ainda ... Em Busca da Escola Perdida
Que, entretanto, se vai lendo em mais um 'post' da FERSAP

"Uma escola alternativa
Enviado por Terça, Junho 27 @ 02:37:22 WEST por Amaral
Um Pai escreveu: "Embora se encontre entre os últimos lugares do ranking nacional, a Escola Marquês de Pombal, em Lisboa, é um exemplo de recuperação de alunos com insucesso escolar. Cerca de 250 jovens frequentam actualmente os cursos diurnos de educação e formação profissional existentes, principalmente nas áreas de mecânica, construção civil, electricidade e informática. Quase todos são alunos que estiveram à beira de desistir da escola, com historiais de insucesso em vários estabelecimentos de ensino, mas que encontraram aqui uma última oportunidade para a sua escolarização.
Umarú está muito concentrado a instalar um intercomunicador de porta num painel de madeira. Os vários fios de cores diferentes são um desafio para o jovem guineense de 18 anos, que veio para Portugal aos 11 anos, sem nunca ter frequentado uma escola. "O mais difícil é perceber os esquemas", diz enquanto coça a cabeça. "Gosto deste curso, mas é muito complicado, pensei que era mais fácil", continua, enquanto vai passando os fios de um lado para o outro. Começar o 1.º ano de escolaridade aos 11 anos num país diferente do seu não foi propriamente fácil, mas Umarú conseguiu prosseguir até ao 8.º ano, na Escola Pedro Santarém, em Benfica. Quando já considerava a hipótese de abandonar os estudos, a psicóloga da escola aconselhou-o a ingressar num dos cursos de educação e formação da Escola Secundária Marquês de Pombal, em Lisboa. Hoje, Umarú está a fazer um dos últimos trabalhos do curso de Electricista de Instalações, que lhe dará equivalência ao 9.º ano, antes de prosseguir para um estágio de 240 horas numa empresa. Se tudo correr bem, tenciona ficar a trabalhar como electricista durante o dia e continuar a estudar à noite para completar o 12.º ano.
Rui, colega de Umarú, está a construir um automatismo para fazer o arranque directo de um motor, mas tem uma história diferente. Até tinha boas notas na escola que frequentava, mas preferiu procurar um curso mais prático e tecnológico, "porque é mesmo isto que quero fazer", conta.
Ruben, de 17 anos, diz que veio para a Escola Marquês de Pombal porque chumbou várias vezes por faltas: "Queria era treinar futebol, jogava no Belenenses e agora jogo nos Olivais". Confessa que acabou por gostar do curso de electricista e que pretende continuar a estudar até ao 12.º ano, "em princípio desporto ou administração de empresas".
Quando não fica em último lugar, a Escola Secundária Marquês de Pombal não se afasta muito da cauda do ranking de escolas nacionais, elaborado a partir das médias obtidas dos alunos nos exames nacionais de 12.º ano. É, no entanto, um estabelecimento de ensino exemplar no que respeita à recuperação de alunos que estiveram muito perto do abandono escolar. Cerca de 250 jovens frequentam actualmente os cursos diurnos de educação e formação profissional existentes, principalmente nas áreas de mecânica, construção civil, electricidade e informática. Quase todos são alunos que estiveram à beira de desistir da escola, com historiais de insucesso em vários estabelecimentos de ensino, mas que encontraram aqui uma última oportunidade para a sua escolarização.
Um modelo de sucesso
A Escola Secundária Marquês de Pombal começou por ser uma escola de desenho industrial, fundada em 1884 em Alcântara, e passou a funcionar, alguns anos mais tarde, como escola industrial de carisma tecnológico.
Foi uma escola muito conceituada na área de Lisboa até aos anos 70, a partir de 1975 passou a ser uma escola secundária de ensino normal, mantendo, porém, o seu cariz tecnológico. As óptimas instalações, com 32 mil metros quadrados de área, dos quais 8 mil de área coberta e cerca de 5 mil em oficinas e laboratórios, permitiam-lhe continuar a ser uma escola de renome no ensino tecnológico, chegando a ter mais de 3 mil alunos diurnos nos seus tempos áureos. Hoje em dia, o número de estudantes que a frequentam mal chega aos 250 e parte das instalações da escola foram cedidas ao centro de formação do sector terciário do Instituto do Emprego e da Formação Profissional. Filipe Baptista, director do Conselho Executivo, diz que tudo aconteceu há cerca de 20 anos, quando várias outras escolas foram sendo criadas na capital.
"À medida que a escola foi reduzindo o número de alunos, tentámos segurar o barco, apresentando ofertas de formação muito diversas. Deixámos praticamente de ter alunos do ensino regular, que actualmente são muito poucos, mas temos outros que procuram a escola para um tipo de formação alternativa, nomeadamente cursos de educação e formação e cursos profissionais", explica o responsável.
Actualmente, a escola oferece formação em áreas como construção e reparação de veículos a motor, electricidade e energia, mecânica, construção e engenharia civil, metalurgia e metalomecânica, bem como arquivo e documentação, higiene e segurança no trabalho e ciências informáticas.
São áreas onde se regista uma grande falta de pessoal qualificado e que asseguram a integração dos alunos no mercado de trabalho. Tem sido esse o segredo do sucesso desta escola. "Todos os anos, quando fazemos a entrega dos diplomas e cedemos os alunos às empresas para o estágio, os empresários presentes pedem-nos sempre para formarmos mais alunos, porque precisam destes profissionais com formação".
A Escola Marquês de Pombal tem ido buscar alunos com escolaridade muito irregular, alguns em situação de abandono, mais rapazes do que raparigas, devido ao cariz tipicamente masculino da maioria dos cursos. Muitos deles acabam mesmo por preferir continuar os estudos, pelo menos até ao 12.º ano, porque sentem que estão a aprender e sentem-se motivados a fazer algo que gostam.
A taxa de sucesso dos cursos ronda os 50%, uma taxa que corresponde à taxa de empregabilidade, como sublinha Vítor Rosa, coordenador dos directores de turma da Escola Secundária Marquês de Pombal.Os alunos que não conseguem concluir os cursos de formação acabam por ser encaminhados para o Centro de Emprego. Na maioria dos casos, segundo o responsável, o insucesso resulta de hábitos mal adquiridos, falta de auto-estima, motivação e apoio familiar. A escola também sente dificuldade em dar resposta a estas situações, nomeadamente ao nível dos serviços de psicologia e orientação. "Temos muitos alunos a necessitarem desses serviços e só temos um profissional, quer ao nível do comportamento e da orientação vocacional, quer a nível da própria reorientação, para os casos que não tiveram sucesso nestes cursos. E aí a falha não é interna, mas sim do Ministério da Educação, porque a escola está carenciada ao nível de pessoal especializado".
"Não valorizamos o ranking das escolas"
Com um número muito reduzido de alunos do ensino regular, dos quais apenas 30 no 12.º ano, a escola não valoriza as classificações do ranking das escolas. "Na nossa escola não tem significado, porque não representa a realidade. É mais valorizado o sucesso relativo que temos com estes alunos, temos consciência que estar em último não se adequa à nossa realidade".
Mas nem por isso Filipe Baptista desvaloriza esta alternativa. "Estes alunos vêm para cá porque esta é uma última oportunidade que o Estado lhes está a dar. Além disso, sentem que nesta escola lhes é dado um grande apoio. Muitos deles nem sequer sabem sentar-se numa cadeira quando chegam, mas depois de dois anos de curso nós sentimos que eles estão formados em todos os aspectos, incluindo os comportamentais. No momento em que fazemos a entrega dos alunos à empresa eles apresentam-se de fato e gravata, acompanhados dos pais, e a saberem comportar-se devidamente", refere o responsável.
Mas não são só os cursos que fazem da Marquês de Pombal uma escola diferente. Ali também existe um centro de reconhecimento de competências, que acolhe adultos maiores de 18 anos que não obtiveram qualificação escolar e que pretendem ficar com equivalência ao 9.º ano de escolaridade. Este processo de reconhecimento também vai passar a abranger o 12.º ano, sendo que actualmente a escola trabalha com cerca de 600 adultos, muitos deles oriundos de protocolos com empresas que procuram formação para os seus activos. E exactamente por isso, os responsáveis da Marquês de Pombal são a favor da constituição de um órgão no qual participem os empresários, de modo a auxiliarem os estabelecimentos de ensino a organizar os seus currículos e a investirem mais nas escolas.
Mas apesar de estes cursos serem praticamente garantia de emprego para quem os conclui com sucesso, Filipe Baptista e Vítor Rosa lamentam que a formação tecnológica não seja devidamente valorizada. "O ensino tecnológico nunca foi muito dignificado, nem muito bem visto em termos sociais, porque hoje em dia toda a gente quer tirar um curso superior. Nunca houve uma aposta forte em cursos alternativos e só agora é que acontece, mas nós já trabalhamos nisto há muitos anos, sem grande ajuda e acompanhamento do Ministério", desabafam."Quer os cursos de educação e formação quer os cursos profissionais são vistos como sendo para combater o insucesso e o abandono escolar e isso é um erro enorme logo à partida. São outros percursos, ponto final. Um aluno que não está interessado ou que tem problemas de aprendizagem devia ser triado para este tipo de cursos. Além de nunca lhes ficar vedado o acesso ao ensino Superior, têm a grande vantagem de acabar a escolaridade ao nível do 12.º ano com uma qualificação profissional", explica Vítor Rosa.
No entanto, Filipe Baptista e Vítor Rosa mostram-se bastante orgulhosos da sua escola. "Duvido que exista uma outra escola que ofereça este número de cursos profissionais e com estas variantes todas. Em termos de condições, temos bons espaços desportivos, uma boa biblioteca, dois ginásios, um campo de ténis, um centro de aprendizagens, vários campos de futebol e basquetebol… Mas estes são cursos caros, que exigem muito material, de desgaste diário, e nós não temos grande orçamento, estamos relativamente limitados em termos financeiros. Queixamo-nos basicamente que esta escola pode ser muito melhor aproveitada, porque temos recursos, espaço e instalações. Tem que ser o Ministério a centralizar esta oferta, porque actualmente temos um número de alunos muito baixo, 250 alunos diurnos e perto de 600 nocturnos, numa escola que já teve mais de três mil", lamenta Filipe.
Os cursos profissionais são agora a nova esperança da Escola Marquês de Pombal. O anúncio que a ministra da Educação fez recentemente sobre a criação de mais 450 cursos profissionais no próximo ano lectivo foi considerado uma óptima notícia para o presidente do Conselho Executivo. Talvez seja a oportunidade tão esperada para modernizar a escola ao nível dos equipamentos, aumentar o número de cursos e de alunos e revitalizar uma escola onde hoje os corredores e o recreio são imensos, mas estão praticamente vazios.
in Educare.pt 26-06-2006"

quarta-feira, junho 28, 2006

Opiniões ... de Outros Sítios

Mais um coice do "Jumento"
QUAL É A INDÚSTRIA QUE SE SEGUE
Primeiro foi a pesca e agricultura depois foram as indústrias que serviam de emblema da nossa mão de obra barata e sem qualificações profissionais, depois foram as indústrias de componentes e, por fim, chegou a vez da indústria automóvel, que ainda há bem pouco tempo servia de remendo às nossas misérias económicas. O que se passa, que mal fez Portugal para que os deuses os tenham abandonado ao ponto de o céu nos estar a cair em cima?
É o resultado de quatro décadas de cobardia, oportunismo e incompetência política quatro décadas em que os decisores decidiram mal porque estiveram mais preocupados com o seu próprio futuro político do que o futuro do país. Investiu-se mais em função do voto do que a pensar no mundo de que a economia portuguesa sempre dependeu.
Inventámos desenvolvimentos regionais imaginários, explorações agrícolas modelo, universidades e pólos universitários por todos os cantos a proporcionar licenciaturas desde o direito ao violoncelo, ganharam-se eleições, formaram-se maiorias absolutas, criámos um oásis económico brincando na Praia dos Tomates e até nos auto designámos com a democracia de sucesso.
Pois fizemos isso tudo mas a verdade que se estivéssemos no tempo do Infante D. Henrique com tais políticas as caravelas nem teriam dobrado o Cabo Carvoeiro, e o facto é que estamos metidos num cabo de trabalhos.
Nada fizemos para modernizar portos e aeroportos infra-estruturas fundamentais a um país que depende do comércio externo, construímos um sistema fiscal especializado e conseguir receita sem olhar aos meios, transformamos o ensino numa imensa escola de cultura geral, em suma, não fizemos nada.
Resta-nos ir à Betandwin e tentar acertar na próxima indústria a partir.”

A Opinião dos Outros

À terceira é de vez: confesso que sigo as colunas de opinião do Manuel António Pina, na "última" do JN ("Por Outras Palavras"). Não é que o homem tem sempre uma "certa razão"?
Não quero fazer aqui a apologia de nada nem de ninguém! Apenas comecei, de há uns dias para cá, a reter mais a minha atenção (talvez, também, por uma maior disponibilidade com o términus das aulas diurnas) nesta pequena coluna de opinião.
Desta vez, calhou ao nosso ex-Primeiro, agora primeiro na estrutura eurocrática de uma União pouco unitária. Que o digam as "berranças" e os coloridos daqueles que, neste mundial de futebol, atestam pelas respectivas nacionalidades o que, para outras instâncias político-administrativas, nem em sonhos se lembrariam! E não é que o presidente dos comissários, ao que consta, nos anda a "lixar"? Então eu vou dizer a um filho meu, muito democraticamente e de cigarro na boca, que está proíbido de fumar lá em casa? Bom, ... a história é contada assim:
"Portugueses notáveis
Um leitor faz-me chegar a notícia de mais um sucesso de um português no estrangeiro, no caso o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que acaba de ganhar o Prémio Tuvalu, atribuído por três organizações ecologistas internacionais, "Agir pour l'environnement", "Action Climat" e "Transport & Environnment". O problema é que se trata de um antiprémio, destinado a denunciar os que se evidenciam por um especial contributo para o desregramento climático. Durão Barroso foi galardoado pelo facto de se passear diariamente em Bruxelas num 4X4 todo-o-terreno (!) que produz mais de 265g de dióxido de carbono (CO2) por quilómetro (sem contar com a climatização), isto é, cerca de 60 toneladas de CO2 ao longo da sua vida útil, além de consumir qualquer coisa como 13,2 litros aos 100 Km. O júri achou-o particularmente merecedor do desonroso galardão porque o próprio Durão Barroso lançou uma campanha europeia contra o aquecimento global, fixando aos automóveis o limite máximo de 120g de emissões de CO2, ou seja, menos de metade dos 265g que ele despeja diariamente no ambiente pavoneando-se no seu mini-camião VW Touareg. É sempre bom para a nossa auto-estima ver um português notabilizar-se lá fora. Nem que seja pelas piores razões."

segunda-feira, junho 26, 2006

Fiat Lux (Do Observatório Social)

Vícios, prebendas e mordomias e outros privilégios pseudo-nobiliárquicos de uma República cheia de realezas decadentistas! Arre!?
Se eu fosse magistrado, ou se política ou administrativamente tivesse responsabilidades na orgânica do nosso sistema social, não me calava perante esta oportuna, pertinente e acutilante “bicada” na eficácia da nossa Justiça. Ou então, não me digam que vão processar o “homem” (!?). Mas … “quem cala consente”, diz a velha mas sensata sabedoria popular, e agora não é caso para menos. Não! A comparação feita em mais este artigo de um tal senhor colunista de quem ainda há dias falei é, no mínimo, mais um contributo cívico para despertar a consciência colectiva desta anestesia futeboleira, no país que todos gostaríamos que fosse campeão mundial! Apenas não nos podemos vangloriar com tamanha situação social, ou então corremos o risco de perdermos, definitivamente, a chama que, parece, está oportunamente a renascer. Não posso dizer «Viva Portugal» com o estado de coisas que se depreende da síntese comparativa muito bem conseguida no artigo que, a seguir, transcrevo da “última” do JN de hoje:
"O exemplo italiano
Dirigentes da Juventus, do Milan, da Fiorentina, da Lazio, o presidente da Liga e vários árbitros começam depois de amanhã a ser julgados em Itália por crimes de corrupção. O escândalo veio a público há pouco mais de um mês, mas a sentença deverá ser pronunciada já em Julho. Compare-se isso como o nosso pelintra "Apito Dourado", que está de novo suspenso na sequência de mais um pedido de recusa de um magistrado feito por um dos arguidos (e outros se anunciam). Serão os magistrados italianos melhores que os portugueses? Não, a diferença entre a justiça italiana e a portuguesa reside, fundamentalmente, nas leis. E quem faz as leis são os políticos, não são os magistrados. Ora o nosso Código de Processo Penal oferece aos arguidos com meios para pagarem advogados a tempo inteiro possibilidades ilimitadas para, com incidentes de toda a ordem e a propósito de tudo e nada, bloquearem o andamento dos processos. O resultado é a prescrição da maior parte daqueles em que há "poderosos" envolvidos. Por isso é que, ao contrário do que fizeram os dirigentes desportivos italianos mal foram constituídos arguidos, nenhum dos acusados do "Apito Dourado" se demitiu. Porque todos têm boas razões para acreditar que nunca chegarão a ser julgados."

sábado, junho 24, 2006

Hoje ... de Outros Tempos

E se Portugal nasceu a 24 de Junho, então...

24 de Junho

- Então o de 1128?

Por que será que muitas pessoas se perguntam pela razão de ser da comemoração do dia de Portugal a 10 de Junho e não a 24 do mesmo mês? Continuaria o 10 a ser dia de Camões e das Comunidades Portuguesas, relevando a evocação universalista da nossa epopeia mundial. Mas, assim como cada ser comemora o seu aniversário no dia do seu nascimento, Portugal deveria comemorar o seu a 24 de Junho.
Tenho dito.
Ateste-se pelas efemérides que na minha querida cidade berço se comemoram e pelo que se diz no ‘sítio’ da respectiva edilidade (www.cm-guimaraes.pt)


Comemorações da Batalha de São Mamede Dia Um de Portugal
Em 24 de Junho celebra-se em Guimarães, uma efeméride muito especial: 24 de Junho de 1128, o alvor da Nacionalidade. Na Batalha de S. Mamede concretizou-se o propósito, com D. Afonso Henriques, de levar por diante o projecto de uma Nação livre e independente. O Município de Guimarães tem assinalado condignamente esta data, cujo carácter deveria interessar todo o País.



- de 1819. Nasce em Londres a futura rainha Vitória.
- de 1833. Desembarque das tropas constitucionais, comandadas pelo duque da Terceira no Algarve, na praia da Alagoa. Atravessando o Alentejo, chegarão a Lisboa em 24 de Julho.

Fiat Lux (Do Observatório Social)

Afinal, está latente na nossa "personalidade básica" o nosso oportunismo crítico!
Como se chega à evidência desta afirmação? A ver pela constatação de mais uma manifestação contra-corrente do que tem sido a Educação em Portugal! Se não gostarem (aqueles que me têm perseguido e julgado), que me processem mais uma vez, pois talvez atinjam sancionatoriamente a Srª Ministra que os tutela, mas que creio não está aí para lhes dar mais guarida. De resto, ... venha lá mais esta achega, retirada do JN de hoje, sobre o estado a que chegou o nosso sistema de ensino:
Livro questiona sistema de Ensino
Bruno pires

Educação ou armadilha pedagógica?, Uma interogação bem sugestiva, que deixa em aberto o debate sobre o sistema de Ensino, ao qual Manuel Madaleno aponta deficiências, num livro apresentado em Cantanhede.
Natural de Febres, Manuel Madaleno é diplomado em Ciências da Educação pela Universidade francesa de Lille e ex-responsável pelo Ensino do Português em vários consulados de França. Em Portugal, foi orientador pedagógico do Ensino Básico Mediatizado.
Na sua obra, Manuel Madaleno escreveu que, "em Portugal, nos últimos 30 anos, não tem existido, objectivamente, avaliação da função docente", num capítulo dedicado a este tema bem actual. Considera que esta "é uma questão de grande sensibilidade" e "por isso ninguém se atreveu a enfrentá-la com a coragem política necessária". Portugal é "o único país europeu onde não existe, de facto, qualquer avaliação do desempenho docente", considera o autor, que também aponta o dedo aos docentes. Muitos deles a leccionarem matérias, como "a iniciação à leitura e à escrita", quando "foram especificamente preparados para outras áreas do Ensino".
Manuel Madaleno considera que "o sistema educativo malbarata as potencialidades dos seus alunos, permitindo a muitos que atinjam a licenciatura em estado primitivo de conhecimento". Uma questão que se torna "ainda mais grave" quando "esses licenciados se destinam à docência".
Na sua intervenção na apresentação do livro, o autor, a dado trecho, considerou que "os professores estão subordinados a toda a gente, mas os alunos não estão subordinados a ninguém e são insubordinados". Ao desmontar e analisar o sistema de ensino, o livro é polémico, mas directo na abordagem da problemática da educação. Em jeito de conclusão, considera que "é um dever de cidadania recusarmo-nos assistir à transformação do país no reino, por excelência, do mais funcional iletrismo" .

sexta-feira, junho 23, 2006

Opiniões de Outros Sítios

Esta subscrevo-a e poderia ainda ampliá-la!

Retirada do O jumento
"2006-06-23
A MINHA ESCOLA IMAGINÁRIA
A escola que imagino é um pouco diferente daquela que existe, por isso mesmo é uma escola imaginária. Na minha escola imaginária:
1. Os edifícios têm instalações adequadas e os recursos necessários para que os professores cumprissem todas as obrigações sem ter que carregar toda a papelada para casa. Não seria uma fábrica de aulas, seria uma escola.
2. A gestão seria exercida por um gestores especializados, que poderia ou não ser recrutado entre os professores, mas com aptidões para gerir todas as vertentes da instituição. A gestão financeira e material bem como dos recursos humanos caberia a este órgão de gestão que deveria criar as condições para corresponder aos objectivos e metas escolares definidas por um órgão de gestão pedagógica assegurado por professores, que estariam igualmente representados no órgão de gestão administrativa.
3. O corpo de professores seria contratado preferencialmente pela escola, obedecendo a rigorosos critérios de igualdade de acesso, para desta forma contratar os professores mais disponíveis para ensinar nessa escola e com o perfil mais adequado às suas necessidades. Os contratos seriam de longa duração e a avaliação teria em consideração as características das turmas e as metas realizáveis. Os vencimentos dos professores contemplariam uma componente de prémio determinado em função dos resultados das suas turmas e da escola. Os concursos de colocação de professores seriam a excepção, e não a regra.
4. A preparação de cada ano lectivo seria antecedida pela avaliação dos resultados do ano anterior, pela identificação dos pontos negativos a corrigir e as suas causas e pela definição de metas para os anos seguintes. Antes de iniciar o ano lectivo cada professor analisaria os alunos das suas turmas, o seu percurso anterior, o seu enquadramento sócio-cultural, identificando os mais problemáticos, reunindo com encarregados de educação para discutir estratégias conjuntas, obtendo uma informação preciosa para poder adequar as suas estratégias pedagógicas à realidade das suas turmas.
5. A escola contaria com assessorias, asseguradas por elas próprias ou em colaboração com as autarquias ou serviços da administração central, em domínios como os da psicologia, da assistência social, da segurança da justiça. Desta forma muitos dos problemas que afectam as escolas e o comportamento ou o rendimento dos alunos seriam tratados em sede própria. Poderia até ser criado um órgão envolvendo várias entidades (Ministério Público, forças de segurança, segurança social, autarquias, ministério da Saúde e associações de pais) que asseguraria o envolvimento de todas as entidades envolvidas.
6. Os pais e encarregados de educação seriam responsabilizados pelos comportamentos dos alunos e no caso dos agregados familiares que beneficiam de ajudas sociais a concessão destas ajudas dependeriam também do rendimento e comportamento escolar dos filhos.
7. As escolas do ensino secundário contemplariam saídas profissionais para os alunos que pelas aptidões ou vocação optassem por uma carreira profissional que não tivesse a universidade como objectivo. Estas vias profissionalizantes contariam com o apoio de sindicatos e associações profissionais no planeamento das opções profissionais e na programação curricular.
8. Os professores são reconhecidos socialmente pelo seu trabalho e os ministros da educação referem-se ao seu trabalho com respeito e consideração, sabendo distinguir os comportamentos que são excepção, evitando ofender toda uma classe profissional."

quinta-feira, junho 22, 2006

Letras do Pensamento

"É o homem que faz a história, sem saber que história vai fazendo..."
Tenho lido alguns dos artigos que, de vez em quando, os meus olhos perpassam ao ler o JN, reaprando na escrita característica deste autor que considero um dos melhores colunistas da imprensa nacional da actualidade. Mas, a bem da honestidade intelectual e da decência crítica, questiono-me sobre a prematuridade deste apontamento, não lhe retirando a pertinência que, eventualmente, venha a subsistir-lhe! Porque " A principal objectividade a que podemos aceder, quando tratamos de coisas políticas, é a de assumirmos, sem disfarce, as limitações de perspectiva das concepções do mundo e da vida dos nossos tribalismos político-culturais. Porque estes, quando são enraízados numa história pessoal de convicções, geram sempre as limitadoras algemas de uma certa genealogia de subsolos filosóficos, bem como os inevitáveis compromissos das velhas lutas e dos profundos companheirismos que lhes dão identidade.
Sobre a matéria, apenas recordo a minha académica cumplicidade com Luis Viana de Sá, destacado dirigente do PCP e doutor pelo ISCSP, ... .
(...) Se tive a honra de ser o seu formal orientador das dissertações de mestrado e doutoramento, confesso que acabei por viver o desafio de ambos sermos discípulos das mesmas angústias e das mesmas procuras. Contudo, observando a sua aventura universitária, foi-me dado reparar na estreiteza mental desse Portugalório dos que não conseguem ultrapassar uma restrita visão partidocrática do processo político nem superar o paroquialismo das pequenas guerrazinhas de homenzinhos com o seu tribalismo. (...)" (1)
No entanto, o episódio em causa não é um fenómeno sócio-historicamente novo, antes se inscreve numa realidade de certas vivências políticas próprias de muitos tribalismos ideológico-partidários ainda muito remanescentes neste Portugal de muitos pequeninos. E não creio, pelo que já tenho lido do autor do artigo que segue, tratar-se de alguém com tamanha estreiteza de limitações. Até porque quem exorta os valores sociais como aqueles que aqui foram evocados, deve compreender que, muito acima daqueles pretensos visados, está o valor da comunidade e do autor que a soube tão poeticamente sublimar.
"Uma cidade sem memória?
Eugénio de Andrade morreu há um ano. Desde sempre os homens comemoram certas datas em busca de raízes e sinais de identidade. "Co-memorar" significa recordar em comum, e a palavra, contendo a ideia de comunidade, contém ainda um sentido fundamental que as comunidades se fundam numa "memória", ou seja, numa "cultura". "Time future (is) contained in time past", escreve Eliot; e não era preciso convocar Eliot, tão óbvio é que não há futuro sem passado, e que, parafraseando Pessoa, o presente é o "futuro do passado". A "co-memoração" do primeiro aniversário da morte de Eugénio, que fez do Porto a "sua" cidade, que viveu e morreu no Porto, que sobre o Porto escreveu páginas admiráveis e ao Porto dedicou uma obra determinante, "Daqui houve nome Portugal", esteve no entanto a cargo da Fundação Eugénio de Andrade e da… Câmara de Matosinhos. O processo de desertificação cultural empreendido pela actual Câmara do Porto atinge não só o presente mas também o passado, isto é, o futuro. Matosinhos já deu o nome de Eugénio de Andrade a uma Alameda, o Porto nem a um beco sem saída! Não me admirava se ninguém da actual maioria camarária do Porto soubesse quem é Eugénio de Andrade. Mas também não lhes vou explicar. Que procurem no Google!"
in Jornal de Notícias, edição de 22 de Junho de 2006, última página
(1) Extracto de "A objectividade não exclui os compromissos", MALTEZ, J. A. E., Tradição e Revolução - Uma Biografia do Portugal Político do séc. XIX ao XXI, Vol. I, Tribuna da História, Lisboa, 2005, pp. 131-134.

Fiat Lux (Do Observatório Social)

Dois apontamentos de 'Opinião' num só "abraço" a este estado a que chegámos!

É preciso legislar as reformas anunciadas na Função Pública
Bruxelas vai continuar a «acompanhar atentamente» a situação orçamental portuguesa
O comissário do euro, Joaquin Almunia, elogiou hoje os esforços que estão a ser desenvolvidos pelo Governo português para sanear as finanças públicas, considerando que as medidas que estão a ser tomadas são as "adequadas".
O comissário do euro, Joaquin Almunia, elogiou hoje os esforços que estão a ser desenvolvidos pelo Governo português para sanear as finanças públicas, considerando que as medidas que estão a ser tomadas são as "adequadas".
Mas – precisou – persistem riscos significativos: é preciso manter o rigor, este ano e nos anos seguintes, e traduzir rapidamente em legislação muitas das reformas anunciadas, designadamente na Função Pública, pelo que Bruxelas vai continuar a acompanhar «atentamente» a situação orçamental portuguesa.
«Portugal adoptou, desde meados de 2005, um extenso e corajoso pacote de medidas destinado a reduzir o défice excessivo, mas subsistem ainda incertezas e riscos significativos, especialmente devido ao facto de algumas medidas importantes ainda terem de ser aplicadas», afirmou o comissário.
Numa declaração escrita, que acompanha o relatório divulgado esta manhã em que Bruxelas avalia as medidas de correcção adoptadas pelo Governo, Almunia sublinha que «é necessário intensificar os esforços de consolidação, particularmente no que diz respeito às despesas, a fim de permitir o restabelecimento da solidez e rigor das finanças públicas como uma condição prévia para um maior e mais importante crescimento económico e para a criação de emprego».
O relatório, onde Bruxelas dispensa, por ora, o Governo de tomar medidas adicionais de contenção, refere que «embora subsistam incertezas quanto à eficácia das medidas e aos mecanismos de contenção das despesas, os dados preliminares sobre a execução orçamental sugerem que, até à data, os planos têm sido largamente cumpridos este ano».
Por outras palavras, o objectivo do Governo de chegar ao fim do ano com o défice em 4,6% do PIB é credível, ainda que há pouco mais de um mês Bruxelas tenha avançado com uma previsão de 5%.
«Em consequência, a Comissão considera que, neste momento, não é necessária a adopção de outras medidas no âmbito do procedimento relativo ao défice excessivo».
Simultaneamente, acrescenta a Comissão, salienta-se a «existência de incertezas e riscos significativos quanto à realização do objectivo de correcção do défice excessivo até 2008 – sendo a principal condicionante que os resultados orçamentais apenas poderão ser atingidos caso todas as medidas correctivas anunciadas sejam efectivamente implementadas».
Em face dos riscos, a Comissão lembra que, caso as medidas previstas se revelem ineficazes, serão necessárias outras medidas correctivas com vista à realização dos objectivos orçamentais e que, por tal, continuará a «acompanhar atentamente a evolução orçamental em Portugal, tendo designadamente em conta a fragilidade das suas finanças públicas».
Sérgio Figueiredo
O fiador de Sócrates
sf@mediafin.pt
Alguém mais entusiasmado até pediu que lhe erguessem uma estátua. Outros já lhe chamaram o «Greenspan português». Eu próprio, num daqueles momentos de grande desnorte nacional, cheguei a classificá-lo como o «oráculo do regime».
A verdade é que Vítor Constâncio caiu do pedestal. Será o último a reconhecê-lo. Mas é o primeiro a ter consciência disso. Aliás, o discurso da sua tomada de posse ontem, tão autojustificativo, é a confissão que faltava: o governador não anda a dormir bem ultimamente.
A questão não deve ser colocada no plano do ego. E muito menos da consciência. É política. Não é partidária. É técnica, mas não é inocente.
Constâncio decidiu patrocionar mais uma comissão «independente» para corrigir as contas públicas herdadas por um novo Governo. O resultado foi desastroso. Se a intenção era avalizar as tais «medidas difíceis», a consequência foi a que toda a gente viu: a política orçamental do primeiro ano de Sócrates foi um desastre completo.
A coberto de um défice virtual, a Comissão Constâncio deu a cobertura técnica para um desastre político: Sócrates viu ali o fiador de um ano fiscal que agravou o défice estrutural, em vez de o melhorar; que deu um sentido expansionista aos gastos, na vez de os cortar.
Mas, sobretudo, permitiu que o Governo apresentasse o maior desequilíbrio financeiro dos últimos anos, 6 por cento do PIB, quase a cantar vitória. Estava, assim, absolutamente desperdiçado o primeiro ano de consolidação das finanças públicas. Com maioria absoluta no Parlamento e a oposição manietada.
Sócrates não tinha desculpas. Constâncio deu-lhe o pretexto.
Não foi inédito. Cinco anos antes, vimos o então ministro Pina Moura sair do mesmo Salão Nobre com o sorriso de alívio de quem encontrara um argumentário sólido para se defender da onda de alertas, críticas, avisos sobre a insustentabilidade do «milagre económico» que o país então vivia.
Inúmeros economistas, incluindo aquele que entretanto se elegeu Presidente da República, andavam apavorados com o agravamento do défice externo. Com aquilo que o originava. Com o custo implícito à sua correcção.
Numa mesma cerimónia, com o mesmo governador, algo de parecido aconteceu: Vítor Constâncio encarou o assunto, comparou Portugal a uma região, evocou outros países com crónicos desequilíbrios externos, tudo correcto, tudo óbvio, para passar uma mensagem errada. Sobretudo perigosa: o problema haveria de se resolver.
Não foi inocente então, como não foi inocente agora. Este aval «às corajosas medidas» do Governo, que «indiciam uma verdadeira consolidação orçamental».
Podia ser um estímulo, igual a tantos outros que Constâncio não deixou de dar a Manuela Ferreira Leite. Não vivesse Constâncio com o prestígio abalado. Não tivesse Constâncio a independência sob escrutínio. Não precisasse Constâncio de explicar tanto aquilo que disse e fez no passado.
Como carrega este lastro do último ano, que não lhe é favorável, devia o governador evitar públicos actos de fé. Sobretudo num Governo que anuncia, anuncia, anuncia, mas que ainda não mostra resultados. O mais difícil está para vir e isso é um problema - que, novamente, o governador do Banco de Portugal decidiu aderir de forma voluntária.
Quem faz parte do problema dificilmente pode ajudar na solução. Ou será que Constâncio vê na «verdadeira consolidação orçamental» um TGV, uma Ota e todos os outros motivos que levaram Campos e Cunha abandonar o Governo?

quarta-feira, junho 21, 2006

Fiat Lux (Do Observatório Social)

E porque a verdade vem sempre (?) "ao de cima"
Gostaria que, de entre todos os interessados nesta mensagem que segue, retirada do meu mui citado Mestre JAM, alguns fossem os meus alunos a quem tenho muito falado de ética no Ensino Público, de deontologia docente, e da moral discente, a qual, por falta de uma vedadeira cultura de institucuinalização escolar, parece tão estranha como marcianos em noite de bruxas. Sim, porque há quem ande por aí a convencer muita da nossa juventude a aderir às práticas rituais da enebriação voodooista, com caravacas e sangue de galinhas degoladas, quiça condimentadas com umas pitadinhas de fumaceiras canabisentas e uma missas esquerdofrénicas para sobremesas apoteóticas ... (!?) Mas, para nos retermos no essencial que aqui é evocado, não posso deixar de reproduzir o post que este meu Professor publicou no seu blogue:
"De regresso ao sítio donde nunca saí, entre a bolonhesa e a Catalunha
Foi longa esta pausa de suspender meu bloguear. E retomo a senda, em dia de nascimento de Pascal (1623) que, além de inventar a máquina de calcular, se opôs tanto ao congreganismo como ao cartesianismo do esprit géométrique, em nome do esprit de finesse, até porque le coeur a des raisons que la raison ne connaît pas. Reparo também que, hoje, no ano de 1967, em Paris, se fundou a LUAR e que em 1984 se deu a prisão de Otelo e de outros líderes das FP25. Mas não resisto a transportar outras memórias: especialmente da data de ontem, mas de 1968, quando o bispo do Porto foi autorizado a regressar a Portugal, depois de cerca de uma década de exílio forçado. Agora, estou a preparar uma intervenção na TSF sobre os cem dias de Cavaco, daqui a bocado, e uma participação num debate sobre a dita reforma do dito sistema político, dado que logo irei ao PS do Barreiro perorar sobre o tema.
E aqui estou, onde sempre estive, depois de algumas meditações sobre que irei fazer no próximo ano lectivo, o próximo da semi-bolonhesa, mas, felizmente, não faço parte da casta dos ilustres engenheiros curriculares que andam atarefados na consulta da Internet e da Wikipédia, para a traduzirem para calão universitário lusitano, com muito linguajar de educacionês tecnocrático, aderindo ao rolo compressor típico dos colonizados por modelos exógenos, sempre marcados pela tríade cartesiano-napoleónico-positivista, habitual fabricante daqueles chouriços indigestos que, decretando a "revolução a partir de cima", aliada ao populismo vanguardista, acabam nesse jogo de soma zero, onde ao despotismo de todos se sucede o despotismo de um só, para que tudo acabe nas oligarquias sem aristocracia do despotismo de apenas alguns.
Prefiro notar no que há muito já sabia: 62% dos estudantes universitários portugueses confessam copiar, facto que, segundo estudo da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, é directamente proporcional aos processos de corrupção posterior dos futuros profissionais saídos de universidades de fabricantes de chouriços sebenteiramente memorialistas. Este ano, por exemplo, em cadeiras minhas da licenciatura, utilizei a técnica de admitir copianço oficializado: permiti que todos os estudantes trouxessem x caracteres de aide mémoire que obrigatoriamente juntavam às folhas do teste, valorizando a própria forma de a elaborarem. Assim, apelava ao esforço pessoal de compreensão e síntese e tentei incutir a capacidade de elaboração de glosas e comentários próprios. Estudar sempre foi pensar pela própria cabeça o pensamento dos outros.
Voltando a Bolonha, julgo que quase todos parecem esquecer que o velho conceito de "licenciado" nunca foi a criação pelo Estado e pela Escola de um posto de vencimento no quadro do empregador central alimentado a dinheiro dos impostos. Ser licenciado também nunca foi ter licença para um qualquer se inscrever numa ordem corporativa, mas antes ter licença para poder a continuar a estudar em solidão individual, sem dependência face ao sistema de lições, professores, matrículas, frequências, sebentas e exames. Porque há tanto mais empregabilidade quanto o estudante assumir um estado superior de aprendizagem através da formação pessoal. Logo, um licenciado em direito pode ser músico e um engenheiro, Primeiro-Ministro de Portugal.
Se transformarmos as universidades em meros centros de formação profissional, anexos de ordens profissionais e centrais patronais ou sindicais, o primeiro ciclo de Bolonha será um mero décimo segundo ano avançado, o segundo ciclo, uma antiga licenciatura acelerada e o terceiro ciclo, um fingido mestrado de papel e lápis. Isto é, nivelaremos tudo por baixo, e embora possamos esfregar as mãos de contentes, porque conseguimos trabalhar para a estatística, eis que, em nome de unidade, unicitária e unidimensional, destruiremos a a riqueza da diferença, só porque os adeptos da teoria do rolo compressor não conseguem que, nos respectivos genes cartesianos, napoleónicos e até fascizantes, se admita a possibilidade do dividir para unificar da velha complexidade, onde, entre a convergência e a divergência, podem surgir estádios de complexidade crescente, de emergências criativas que permitam aceder ao universal pela liberdade de ensinar e de aprender.
Prefiro, portanto, saudar o resultado do referendo da Catalunha, onde se verifica que as Espanhas se começam a portugalizar, na senda da proposta de Miguel de Unamuno, enquanto certo Portugal, reduzido às bandeiras do BES e de Scolari, continua enredado na vergonha de ter tido razão antes do tempo, lá para o dia primeiro de Dezembro do ano de mil seiscentos e quarenta, quando permitimos a emergência do Brasil."

terça-feira, junho 20, 2006

Fiat Lux (Do Observatório Social)

Ainda deste observatório social para a Educação, a ter que dar razão à Srª Ministra da tutela ...



Neste dia de Exame Nacional de Sociologia ...
Vai que não vai Portugal, sem uma bandeira que claramente me mostre os ícones que nos costumam fazer recordar os heróis do mar, ou agora os de terra, para nos contentarmos com os horizontes que tenhamos mais à vista ... aqui vai mais um começo de exames nacionais, dos quais eu tenho de coadjuvar um (duas horas dentro de uma "gaiola" é obra), em ambiente psicossocial de pouca simpatia ... sim, que isto de mexer em "classes" socialmente acomodadas não é missão para qualquer um (a)! Muito menos quando as expectativas do universo afecto ao espectro-partidário parece estarem a defraudar as que fundamentaram a expressão maioritária nas últimas urnas legislativas. É preciso muita coragem para fazer o que, objectivamente, é necessário para "curar" as maleitas de que padece esta nossa polis (já lhe chamei, aqui, pandemia social).
Por cá, apenas digo que, casos como o meu (que isoladamente não podem ser ponto de partida de qualquer conclusão a tirar) são reveladores da inversão e incoerência da actividade educativa: mexe nos acomodados (através de crítica que, julgo, construtiva), e sofre processos disciplinares por se considerar "persona non grata" ou, como alguém com altas responsabilidades me apelidou, "inconveniente". Avalia objectiva e imparcialmente, e sofre com os pretensos filhos famílias, da pseudo-casta aburguesadamente aristocrática, que no Ensino Público parece quererem constituir empresas particulares de capitais públicos, S. A. com irresponsabilidade ilimitada ... Exigente no trabalho que tem, minimamente, que ser elaborado, e sofre represálias tipicamente do boicote organizado, quiça com a conivência de algumas responsabilidades orgânicas ... (?). Repreender alunos com cábulas, para, mais tarde, ter de lhes sorrir, quando aqueles negam o respeito devido à instituição que todos subsidiamos para os educar? e ser punido disciplinarmente com multa por isso? Mas aonde é que isto já chegou, Srª Ministra?

Sem retrogadismos nem saudosismos que não têm cabime nto em nenhuma sociedade civilizada, há princípios deontológicos que ainda não se reinventaram, o mesmo será dizer que, por mim, enquanto esta Casa me quiser como professor, estarei ao serviço da República que me paga, para fazer algo que é o dever de todos para com cada um de nós. Disso ninguém me tira, nem que "a voz me doa" de tanto gritar:

Força com isso!!!
Estou consigo!!!
Há muitos como Eu!!!
Por isso não estará sozinha!!!
Desabafos de um Professor profundamente angustiado com este subsistema pouco socializante!!!

quarta-feira, junho 14, 2006

Hoje ... de Outros Tempos

O cimento carbonário e maçónico em que se edificou a nossa 1ª República

14 de Junho

- de 1910. A Maçonaria decide nomear uma «comissão de resistência» encarregada de colaborar de forma mais activa com a Carbonária.

- de 1940. O exército alemão entra em Paris, previamente tornada cidade livre.
(Retirado do Portal da História)
(ver desenvolvimentos no Legitimamente)

Hoje ... de Outros Tempos

Revoluções maçónicas, carbonárias, republicanas, laicas, socialistas, elitistas, social-democráticas, ... e este Portugal eternamente adiado!
14 de Junho

- de 1910. A Maçonaria decide nomear uma «comissão de resistência» encarregada de colaborar de forma mais activa com a Carbonária.
“A Maçonaria decide, em assembleia geral, nomear uma «comissão de resistência» encarregada de colaborar de forma mais activa com a Carbonária (ver nota de desenvolvimento). Dessa comissão fariam parte, José de Castro, Miguel Bombarda, Machado Santos, Francisco Grandela entre outros. António José de Almeida e Cândido dos Reis são os representantes do Directório republicano, nesta comissão”
[1]
“Conspiração republicana – Juiz de instrução Almeida Azevedo em informação confidencial dirigida a d. Manuel II, reconhece que os republicanos preparam-se activamente para a revolução (9 de Junho). Machado Santos reúne cerca de mil carbonários, criando-se uma comissão de resistência para entrar em acção quando saísse a revolução para a rua, estrutura que não dependia do directório do PRP (14 de Junho). (…)” [2]
O que foi a Carbonária ?
“Como em quase toda a parte, também em Portugal a Carbonária foi muitas vezes uma associação paralela à Maçonaria (embora nem todos os maçons fossem carbonários). "Sociedade secreta essencialmente política", adversa do clericalismo e das congregações religiosas, tendo por objectivo as conquistas da liberdade e a perfectabilidade humana, impunha aos seus filiados "possuirem ocultamente uma arma com os competentes cartuchos". Contribuía directa e indirectamente para a educação popular e assistência aos desvalidos. "Tinha uma hierarquia própria, em certos aspectos semelhante à maçonaria, tratando os filiados por "primos". Os centros de reunião e aglomerações de associados chamavam-se, por ordem crescente de importância, "choças", "barracas" e "vendas". A Carbonária Portuguesa, à qual pertenceram pessoas da mais elevada categoria social, parece ter sido estabelecida em 1822 (ou 1823) "por oficiais italianos que procuravam, por meio de sociedades secretas, revolucionar toda a Europa Meridional". Até 1864 a sua intervenção fez-se sentir em muitos momentos críticos da vida nacional, pois todos os partidários políticos possuíam a sua carbonária. Depois de longo marasmo, desaparecem completamente. A indignação nacional suscitada pelo afrontoso ultimato da Inglaterra (1890) e as desastrosas consequências da revolta de 31 de Janeiro de 1891, com o seu cortejo de prisões, deportações e perseguições de toda a espécie, arrastaram a mocidade académica para as sociedades secretas. Mas foi em 1896 que surgiu a última Carbonária portuguesa, sendo completamente diferente das anteriores : diferente organização, ritual e até processos de combater. Foi seu fundador o grão-mestre Artur Duarte Luz de Almeida. A sua influência exerceu-se de maneira intensiva em quase todos os acontecimentos de carácter político e social ocorridos no País, nomeadamente naqueles que tinham em vista defender as liberdades públicas ameaçadas e combater o congreganismo e os abusos do clero. Tendo participado grandemente nos preparativos do movimento revolucionário de 28 de Janeiro de 1908, que abortou, a sua acção tornou-se depois decisiva para a queda da Mornaquia, mais acentuadamente a partir de 14 de Junho de 1910, quando, a propósito de apressar a revolução, em perigo pelo número crescente de civis presos e militares transferidos, a Maçonaria nomeou uma comissão de resistência encarregada de coadjuvar a implantação da República por uma colaboração mais activa com a Carbonária. A fragmentação do Partido Republicano, sobrevinda ao advento do novo regime político nacional, tornou inevitável a extinção da Carbonária portuguesa, tendo depois, até 1926, resultado infrutíferas todas as tentativas feitas para o seu ressurgimento.

(Dicionário de História de Portugal, 4 volumes, SERRÃO, Joel (ed. lit.), 1ªedição, Lisboa, Iniciativas Editoriais, volume I, 1963-1971, pp. 481-2 )” [3]

- de 1940. O exército alemão entra em Paris, previamente tornada cidade livre.

[1] História de Portugal em Datas, Círculo de Leitores, pág. 260
[2] MALTEZ, José A. E., Tradição e Revolução, Vol. 1, Tribuna da História, Lisboa, 2004, pág. 561.
[3] Retirado do Google.pt.

terça-feira, junho 13, 2006

Hoje ... de Outros Tempos

A "Alegria no Trabalho" e "Pessoa", em tempos de coexistências que sempre comemoraram o dia da morte santoantoniana.

13 de Junho

- de 1231. Morre Stº António, a caminho de Pádua.

SANTO ANTÓNIO
RETALHOS DA VIDA DE UM PREGADOR

Por Maria Luísa V. Paiva Boléo

Texto publicado na revista Público Magazine do jornal Público de 12-06-1994.
Revisto pela autora em 12-06-2005 para o site www.leme.pt

Lisboa está cheia de testemunhos de Santo António – o seu santo mais querido e popular. Os museus e bibliotecas portuguesas possuem quase tudo o que um erudito pode querer saber sobre este português fora do vulgar, que viveu nos primórdios da nacionalidade. Porém para a maioria dos lisboetas que não vão às bibliotecas e raramente aos museus, o dia 13 de Junho não passa de um agradável feriado em honra de Santo António, onde se aproveita para ir comer caldo verde e sardinhas assadas, de preferência junto aos bairros da Sé e ver as marchas populares.As crianças já não pedem umas moedas para enfeitar o trono do Santo e as meninas solteiras provavelmente já não lhe pedem um namorado. Tanta popularidade, oitocentos e dez anos depois do seu nascimento, leva-nos a recordar aspectos da vida deste santo, passada entre Lisboa, Coimbra e Pádua.

Desde 1140 que D. Afonso Henriques, o nosso primeiro rei, tentava a conquista de Lisboa aos Mouros, feito que só teve êxito sete anos depois, em 1147, depois de prolongado cerco imposto aos aguerridos Almóadas e com o oportuno apoio dos Cruzados, em número treze mil (grande exército de homens cristãos que vieram do Norte da Europa, rumo à Terra Santa, para expulsarem os Muçulmanos. Usavam uma cruz de pano como insígnia, daí o seu nome. Houve oito Cruzadas desde 1096 a 1270). Lisboa era pois uma cidade recém-cristã, quando na sua catedral foi a baptizar o menino Fernando Martins de Bulhões – Santo António, filho da fidalga D. Teresa Tavera, descendente de Fruela, rei das Astúrias e de seu marido Martinho ou Martins de Bulhões. Há dúvidas quanto ao apelido do pai, bem como se era ou não descendentes de cavaleiros celtas. Sabe-se sim que D. Teresa nascera em Castelo de Paiva e o marido numa terra próxima. Viviam em casa própria no bairro da Sé quando o recém-nascido veio a este mundo, no ano de 1145, embora alguns apontem como data de nascimento 1190 ou 1191.
Fernando frequentou a escola da Sé e até aos 15 anos viveu com os pais e com uma irmã de nome Maria. Aos 20 anos professou nos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho em Lisboa, no Mosteiro de São Vicente de Fora. Nesta ordem monástica prosseguirá os seus estudos teológicos.
Rumou a Coimbra ao mosteiro de Santa Cruz, onde tinha à sua disposição a melhor biblioteca monacal do País. Nesse tempo era a abadia de Cluny, em França, que possuía uma das maiores bibliotecas da Europa, com um total de 570 volumes manuscritos, porque ainda não tinha sido inventada a imprensa. Aqui em Coimbra, sendo já sacerdote toma o hábito de franciscano, em 1220. Segundo os seus biógrafos, Santo António terá lido muito, e não foi por acaso que se tornaria pregador.
O mundo cristão vivia intensamente a época das Cruzadas. A chamada «guerra santa» desencadeada contra o Islão. E da parte dos Muçulmanos dava-se a inversa, luta contra os cristãos. Ambos acreditavam que a fé os levaria à vitória. De Oriente a Ocidente os exércitos batalham, e neste turbilhão surgem novas formas de espiritualidade. Em 1209 Francisco de Assis (S. Francisco) abandona o conforto e luxo da casa paterna, para, com outros companheiros, se recolher numa pequena comunidade, dando origem a uma nova reflexão sobre a vivência do Evangelho. É a aproximação à Natureza, à vida simples e à redescoberta da dignidade da pobreza preconizada pelos primeiros cristãos. Em poucos anos, homens e mulheres, alguns ainda bem jovens e filhos de famílias abastadas e poderosas sentem-se atraídos por esta vida de despojamento e sacrifício, com os olhos postos no exemplo de Cristo. A Portugal também chegaram ecos deste novo misticismo.Em Janeiro de 1220 são degolados em Marrocos, pelos muçulmanos, cindo frades menores (franciscanos) e todo o mundo cristão sofre um enorme abalado. A própria Clara de Assis (Santa Clara), praticamente da mesma idade que Santo António (nasceu em 1193 ou 1194) vai querer partir para Marrocos para converter os sarracenos, mas Francisco de Assis seu amigo de infância e seu orientador espiritual não lho permite.
Por cá o nosso futuro Santo António, já ordenado padre, decide mudar de Ordem religiosa e também ele passa a envergar o hábito dos franciscanos. È nesta ocasião que muda o nome de baptismo de Fernando para António e vai viver com outros frades no ermitério de Santo Antão (ou António) dos Olivais, na altura um pouco afastado de Coimbra, nuns terrenos doados por D. Urraca, mulher do rei D. Afonso II.
Em meados de 1220 chegam, com grande pompa religiosa, ao convento de Santa Cruz de Coimbra, as relíquias dos mártires de Marrocos e esse acontecimento vai ser decisivo no rumo da vida de Santo António. Parte para Marrocos, sentindo também ele que é chamado a participar na conversão dos chamados infiéis. Porém adoece gravemente e não podendo cumprir aquilo a que se propunha, teve de embarcar de regresso a Lisboa. Só que o barco é apanhado numa tempestade e o Santo vê o seu itinerário alterado ao sabor de uma vontade superior. Acaba por aportar à Sicília num período de grandes conflitos armados entre o Papa Gregório IX e o rei da Sicília, Frederico II. Relembra-se que várias regiões do que é hoje a Itália unificada eram reinos independentes e este ambiente de guerras geradoras de insegurança e perigos.
Em Maio de 1221 os franciscanos vão reunir-se no chamado Capítulo Geral da Ordem, onde Santo António está presente. No final os frades regressam às suas comunidades de Montepaolo, perto de Bolonha, onde, a par da vida contemplativa e de oração, cabe também tratarem das tarefas domésticas do convento. Aqui os outros frades reparam na grande modéstia daquele estrangeiro (Santo António) e jamais suspeitaram dos seus profundos conhecimentos teológicos. Findo aquele período de reflexão, como que um noviciado, os frades franciscanos são chamados à cidade de Forlì para serem ordenados e Santo António é escolhido para fazer a conferência espiritual. E começa a falar. Ninguém até ali percebera até que ponto ele era conhecedor das Escrituras e como a sua fé e os seus dotes oratórios eram invulgares.
Pelo que se sabe quando começou a falar imediatamente cativou os outros frades e a sua vida seria a partir daquele dia de pragador da palavra de Cristo. Percorrerá diversas regiões da actual Itália, entre 1223 e 1225. Por sugestão do próprio São Francisco vai ser mestre de Teologia em Bolonha, Montpelier e Toulouse.
Quando S. Francisco morre, em 1226, Santo António vai viver para Pádua. Aqui vai começar por fazer sermões dominicais, mas as suas palavras tão cheias de alegorias eram de tal modo acessíveis ao povo mais ou menos crente, que passam palavra e casa vez mais se junta gente nas igrejas para o ouvir. Da igreja passa para os adros para conter as multidões que não param de engrossar. Dos adros passa a falar em campo aberto e é escutado por mais de 30 mil pessoas. É um caso raro de popularidade. A multidão segue-o e começa a fama de que faz milagres. Os rapazes de Pádua têm mesmo que fazer de guarda-costas do Santo português tal a multidão à sua volta. As mulheres tentam aproximar-se dele para cortarem uma pontinha do seu hábito de frade como uma relíquia.
O bispo de Óstia, mais tarde papa com o nome de Alexandre IV, pede-lhe que escreva sermões para os dias das principais festas religiosas que eram já muitas na época. Mais tarde seria este papa a canonizá-lo. Santo António assim faz. São hoje importantíssimos esses documentos escritos, porque Santo António com pregador escreveu pouco. Apenas lhe são atribuídos Sermones per Annum Dominicales (1227-1228) e In Festivitatibus Sanctorum Sermones (1230) .
Sentindo-se doente, o santo pediu que o levassem para Pádua onde queria morrer, mas foi na trajectória, num pequeno convento de Clarissas, em Arcela, que Santo António «emigrou felizmente para as mansões dos espíritos celestes». Era o dia 13 de Junho de 1231.Depois, como é sabido, foi canonizado, em 1232, ainda se não completara um ano sobre a sua morte. Caso único na história da Igreja Católica. Já que nem São Francisco de Assis teve tal privilégio.
Os santos como Santo António, há muito que desceram dos altares para conviverem connosco, os simples mortais, que tomamos como nosso protector e amigo. O seu sumptuoso sepulcro, em mármore verde em Pádua, na igreja de Santo António é o tributo do povo que o amou e é muito mais do que um lugar de peregrinação e de oração. Através dos séculos, a sua fama espalhou-se por todos os continentes. No dia 13 de Junho de cada ano, Lisboa e Pádua comemoram igualmente a passagem por este mundo de um português que pregou a fé e morreu em Pádua. Como todos os santos é universal.
(Retirado do Google.pt)

- de 1645. Início da Insurreição Pernambucana, que levará à expulsão dos holandeses do Brasil.

UM POUCO DE HISTÓRIA DO RECIFE
“Quando Duarte Coelho aqui chegou, em 1535, batizou a sua capitania de Nova Lusitânia, em homenagem à sua pátria - o nome que não permaneceria por muito tempo, talvez como um sinal de que esta viria a ser a capitania mais rebelde ao domínio português. Ficaria conhecida por Pernambuco que significa "Mar Furado".
Duarte Coelho não deu muita importância àquela terra enlameada, cheia de manguezais, foz de não sei quantos rios e riachos. Preferiu fincar sua corte na alta e ladeirosa Olinda, de onde se podia apreciar melhor o litoral (e os invasores). Bom, pelo menos aquela barreira de arrecifes proporcionava um bom porto natural, e foi assim que surgiu a povoação dos Arrecifes, em 1548.A cultura açucareira na capitania desenvolvia-se depressa; a riqueza instalava-se em Olinda.
Tanta fartura chamou a atenção dos Holandeses, que nos séculos XVI e XVII se dedicavam a práticas variadas tais como comércio, pirataria e invasões em geral. Assim, em 1630, 70 navios, 7000 homens e 200 canhões desembarcaram na costa pernambucana, na praia de Pau Amarelo, ao norte de Olinda. Como primeira providência para enfraquecer os portugueses, incendiaram Olinda, em 1631.
Com a capital destruída, onde se estabelecer? Para os holandeses, certamente nada lembrava mais a terra natal que o povoadozinho do porto, já rebatizado de Recife. Naturalmente, para acomodar a nova corte, mais espaço teria de ser ganho às aguas. E assim drenaram-se rios, aterraram-se mangues, construíram-se pontes. O principal artífice desta transformação chegaria ao Brasil em 1637: o Príncipe Johann Mauritius van Nassau-Siegen (em bom português, Maurício de Nassau), comandante das tropas holandesas e governador-geral da província.
Tomado de amores pelo lugar, lá decidiu construir o seu sonho pessoal de cidade: a Cidade Maurícia, projetada pelo arquiteto Pieter Post, irmão do pintor Frans Post. A primeira ponte foi construída em 1643, chamada de Ponte Nassau. A ela seguiram-se outras pontes (hoje há 39, só no centro) dois palácios, igrejas e ruas. Só que a idéia da Companhia das Índias Ocidentais não era bem transformar Recife numa metrópole, e sim conseguir lucros com as plantações de cana-de-açúcar. Daí uma certa irritação com Maurício de Nassau, que resultou no seu chamado de volta à Holanda, em 1644. Sem Maurício de Nassau, cessaram as festas, os saraus e os empréstimos, e começaram as cobranças de dívidas. Os portugueses acharam então que chegara a hora de expulsar os invasores.
A resistência dos portugueses à invasão holandesa foi tênue. Do litoral, apenas o porto era protegido por dois fortes (de São Jorge e de São Francisco) e ofereceu certa resistência. Daí os membros da resistência se refugiarem no interior, construindo o Arraial do Bom Jesus. Nesse local, onde hoje fica o sítio da Trindade, no bairro de Casa Amarela, os portugueses resistiram por cinco anos, até o dia 8 de Junho de 1635. A partir daí, e durante a presença de Maurício de Nassau, a resistência portuguesa foi pouca ou nula.
Com o retorno de Maurício de Nassau à Holanda e a cobrança de dívidas dos senhores de engenho por parte da Companhia das Índias Ocidentais, a elite pernambucana decidiu pegar em armas para expulsar os invasores, através de um movimento chamado Insurreição Pernambucana. É interessante o facto de que o movimento não teve apoio formal da Coroa portuguesa, cujos diplomatas na época encontravam-se ocupados tentando vender o Nordeste brasileiro à Holanda!
Tendo como líder o senhor de engenho João Fernandes Vieira, o movimento conseguiu importantes vitórias frente aos Holandeses em 1645, no Monte das Tabocas (na cidade de Vitória de Santo Antão, a 45Km de Recife) e no Engenho de Casa Forte (no bairro de mesmo nome). Mas a vitória definitiva viria após as duas batalhas do Morro dos Guararapes (na vizinha cidade de Jaboatão), em 1648 e 1649. Este local é hoje considerado o berço do exército brasileiro. A retirada completa das tropas holandesas ainda seria demorada: somente a 27 de Janeiro de 1654 os portugueses retomariam o controle do Recife. Em 6 de Agosto de 1661, em troca de uma indenização de oito milhões de florins, os holandeses assinariam acordo em Portugal renunciando a qualquer pretensão sobre terras brasileiras.
A semente de desenvolvimento plantada pelos holandeses germinou em Recife. Pouco a pouco a cidade, lar de comerciantes e pequenos burgueses, chamados mascates, suplantaria a capital Olinda, lar dos tradicionais senhores de engenho. O ciúme entre as cidades irmãs culminou com a guerra dos mascates, em 1710.
O espírito revolucionário contaminou o sangue dos Recifenses. A capital pernambucana seria palco de várias revoltas, como a Revolução de 1817 e a Confederação do Equador, de 1824. Nelas se destacaria a figura de Frei Caneca, religioso fuzilado pelos seus ideais libertários. Recentemente, os mesmos ideais norteariam o trabalho de D. Hélder Câmara à frente da Arquidiocese de Olinda e Recife: a sua voz calma e mansa foi o instrumento mais poderoso de combate às atrocidades cometidas pela ditadura militar no Brasil nos anos sessenta e setenta.
Em resposta ao Texto acima, o Miguel Monteiro faz um complemento:
Os Portugueses nunca procuraram vender o Nordeste Brasileiro. Apenas negociaram a indeminização que os holandeses, aproveitando-se da situação débil de Portugal, exigiram pelos prejuízos da expulsão, em troca do reconhecimento da Restauração da Independência de Portugal face a Espanha.

Ainda que talvez pouco importante para si, não se deve ignorar essa época (triste) da História de Portugal, até mesmo para entender a invasão "holandesa" no Brasil, à luz de alguns factos pouco divulgados;

1. As relações próximas de António Prior do Crato (único pretendente/oponente de Filipe de Espanha ao trono de Portugal em 1580) com Maurício de Nassau, um dos seus apoiantes no exílio que se seguiria.

2. Os judeus dos Países Baixos como impulsionadores da Companhia das Índias Ocidentais.
Sendo que boa parte desses judeus eram à época, originários de Portugal.

3. Manuel de Portugal, filho do Prior do Crato, que acompanhou o pai no exílio, casou em 1597 com Emília de Nassau - princesa de Orange (irmã de Maurício de Nassau).

Coincidências???”
(Retirado do Google.pt)

- de 1888. Nasce Fernando Pessoa, em Lisboa.
Cronologia da Vida e Obra de Fernando Pessoa
1888 Nasce, a 13 de Junho, o poeta Fernando António Nogueira Pessoa, no 4º andar esquerdo do nº 4 do Largo de São Carlos em Lisboa, filho de Maria magdalena pinheiro Nogueira e de Joaquim de Seabra Pessoa.
1889 Data do nascimento de Alberto Caeiro
1890 Data do nascimento Álvaro de Campos
1893 Em janeiro, nasce Jorge, irmão do poeta. A 13 de Julho, morre, tuberculoso, Joaquim de Seabra Pessoa, pai de Fernado Pessoa, com 43 anos de idade.
1894 Em Janeiro, morre o irmão Jorge. A mãe do poeta, D. Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, conhece o comandante João Miguel Rosa.
Criação do primeiro heterónimo: Chevalier de Pas.João Miguel Rosa é nomeado cônsul interino em Durban, África do Sul.
1895 Fernando Pessoa escreve, em Julho, a sua primeira poesia: À minha querida mamã.
A 30 de Dezembro, casa, por procuração, D. Maria Magdalena, com o comandante João Miguel Rosa.
1896 Partida para a África do Sul de D. Maria Madalena e o filho, no início do mês de Janeiro.
Nasce Henriqueta Madalena, irmã do poeta
1897 Fernando Pessoa inicia a instrução primária na escola da West Street, e em três anos alcançaria a equivalência de 5 anos.
1898 Nasce, em Outubro, a 2ª filha do casal Miguel Rosa, Madalena Henriqueta.
1899 Em Abril, Fernando Pessoa matricula-se na High Scholl, Form II-B. Em Junho passa para a Form II-A. Em Dezembro ganha o Form Prize na Form II-A. Neste ano cria o heterónimo Alexandre Search, em nome do qual, escreve cartas para si mesmo.
1900 Em Janeiro, nasce o 3ª filho do casal, Luís Miguel. Em Junho, Fernando Pessoa passa para a Form III e é premiado em Francês
1901 Fernando Pessoa faz, em Junho, o exame da Cape Scholl High Examination. Falece Madalena Henriqueta.
Em Agosto, Fernando Pessoa vem de visita, com a família, a Portugal.
1902 Nascimento do 4º filho do casal Miguel Rosa, João Rosa. Regresso da família a Durban, em Setembro. Fernando Pessoa matricula-se na Commercial School, em Durban.
1903 Faz exame de admissão à Universidade do Cabo da Boa Esperança. Lê Shakespeare, Milton, Byron, Poe, Keats, Shelley, Tennyson. Escreve poemas em inglês assinados por Alexandre Search.
Surgem os heterónimos Charles Robert Anon e H.M.F. Lecher.
1904 Regressa novamente à High Scholl, e entra na Form IV. Ganha o Prémio Rainha Vitória, concedido ao seu ensaio de inglês, prova de exame de admissão à Universidade do Cabo. Nascimento de outra filha do casal, Maria Clara. Em Dezembro, faz a Intermediate Examination em Artes, da Universidade do Cabo. Terminam os seus estudos na África do Sul.
1905 Parte sozinho para Lisboa e vai viver com a avó Dionísia e as duas tias, na Rua da Bela Vista,17.
1906 Matricula-se no Curso Superior de Letras de Lisboa. A família volta, de férias a Lisboa. Morre, durante esta estadia, a irmã Maria Clara.
1907 Abandona o curso, sem concluir o primeiro ano. Monta, com o dinheiro herdado da avó Dionísia, uma Tipografia a que dá o nome de Empresa Ibis - Tipografia Editora - Oficinas a Vapor, que mal chega a funcionar.
1908 Entra no comércio como «correspondente estrangeiro», profissão que desempenhará ao longo de toda a vida
1910 Funda-se no Porto a revista A Águia, 1ªfase.
1911 Pessoa é encarregado de traduzir para português uma Antologia de Autores Universais, dirigida por um editor americano.
1912 Funda-se, em janeiro, a Renascença Portuguesa, no Porto. A Águia, dirigida por Teixeira de Pascoaes, torna-se o órgão desse movimento. Em Abril, publica em A Águia, órgão da Renascença Portuguesa, o seu primeiro artigo, A nova Poesia Portuguesa Sociologicamente Considerada, onde profetiza o surgimento de um «Supra-Camões». Inicia a sua correspondência com Mário de Sá-Carneiro o qual, de Paris, o põe ao corrente das novas correntes como o cubismo e o Futurismo. Nasce na mente do poeta Ricardo Reis. Após viver algum tempo num rés-do-chão da Rua da Glória, muda-se para a Rua do Carmo, 18-1º, e depois vai morar com a sua tia, D.Ana Luísa Nogueira de Freitas, na Rua Passos Manuel, 24-3ºEsq.
1913 Escreve a poesia Pauis, que iria dar origem ao paúlismo. Contacta com Almada Negreiros e Mário de Sá-Carneiro. Escreve O marinheiro, drama estático.
Colabora no semanário teatro e prossegue a sua colaboração com A Águia. Escreve Epithalamium e Hora Absurda.
1914 Surge Alberto Caeiro e o texto O Guardador de Rebanhos. Escreve a Ode Triunfal e Opiário, atribuídas a Álvaro de Campos. Escreve Chuva Oblíqua, texto-chave do Interseccionismo. Muda-se para a Rua Pascoal de Melo, para casa da tia Anica Em Junho, escreve a 1ª poesia de Ricardo Reis. Em carta a Sá-Carneiro, datada de Julho, declara ter atingido o período completo da sua maturidade literária. Rompimento com os poetas de A Águia.
1915 Vive algum tempo na Leitaria Alentejana, devido à partida da tia Anica para a Suiça. Sai, em Abril, o primeiro número do Orpheu. Sai, em Julho, o segundo número do Orpheu. Mário de Sá-Carneiro parte para Paris. Período de intensa produção literária de Fernando Pessoa e dos heterónimos. Data possível da morte de Alberto Caeiro.
1916 Em Abril, suicida-se, em Paris no Hotel de Nice, Mário de Sá-Carneiro. Almada Negreiros publica o Manifesto Anti-Dantas. Em Setembro, anuncia-se a saída do 3º número do Orpheu, que não chega a aparecer. Colabora em revistas como Centauro e Exílio.
1917 Sai o primeiro e único número de Portugal Futurista, revista publicada por Almada Negreiros e Santa-Rita Pintor onde Álvaro de Campos colabora com a insercção de Ultimatum. Reside na Rua Bernardim Ribeiro, 11, 1º.
1918 Morrem Santa-Rita Pintor e Amadeo de Sousa Cardoso. Pessoa publica os seus poemas ingleses Antinous e 35 Sonnets.
1919 Apesar de o ter dado como morto, escreve nesta data, uma série de poemas (Poemas Inconjuntos) em nome de Alberto Caeiro. Ricardo Reis exila-se no Brasil. Morre, em Pretória, o comandante João Miguel Rosa, padrasto do poeta.
1920 Escreve a 1ª carta de amor e inicia-se o namoro com Ophélia Queirós. Muda-se para a Rua Coelho da rocha, onde vai habitar com a mãe e os irmãos.
1921 Publica os seus English Poems (I, II e II) por uma casa de edições criada pelo próprio (Olisipo).
1922 Colabora com assiduidade na revista Comtemporânea.
1924 Início do surrealismo em França. Sai em Outubro o primeiro número da revista Athena, que Fernando Pessoa dirige com o pintor Ruy Vaz.
1925 Morte da mãe do poeta. Athena cessa a sua publicação.
1926 Pessoa dirige com o cunhado, coronel Caetano Dias, a Revista de Comércio de contabilidade, cujo primeiro número sai em Janeiro desse ano, e na qual publica artigos sobre temas sócio-económicos.
1927 Publica-se em Coimbra o primeiro número da «folha de arte e crítica» - Presença.
1929 Recomeça o namoro com Ophélia Queirós. Empreende com António Botto, a publicação de uma antologia de Poetas Portugueses Modernos.
1930 Entra em correspondência com o do mago inglês Aleister Crowley e recebe a sua visita em Setembro. O mago desaparece, nesse mês, misteriosamente na Boca do Inferno, em Cascais, desaparecimento no qual Fernando Pessoa participa. Período fecundo de criação poética heterónima e ortónima.
Prossegue a sua colaboração com a Presença.
1931 Publica na Presença a tradução do Hino a Pã, de Aleister Crowley.
1932 Candidata-se, sem sucesso, a um lugar de conservador de um Museu bibliográfico, em Cascais. Colabora com a Presença, onde publica Iniciação bem como fragmentos do Livro do Desassossego.
1933 Atravessa uma grave crise de neurastenia.
1934 Aparece, em Dezembro, a Mensagem. É-lhe atribuída, nesse mesmo mês, pela publicação da Mensagem, a segunda categoria do prémio Antero de Quental, do Secretariado de Propaganda Nacional.
1935 É internado, em 28 de Novembro, com uma cólica hepática, no Hospital de S.Luís, em Lisboa, onde morre a 30 de Novembro..
Quadro cronológico resultante da adaptação e do resumo da cronologia da vida e obra do poeta apresentada por João Gaspar Simões (in Fernando Pessoa - breve história da sua vida e da sua obra, Lisboa, Difel, 1983), por José Augusto Seabra (in Fernando Pessoa ou o Poetodrama, Imprensa Nacional da Casa da Moeda) e por Maria José de Lencastre (in Fernando Pessoa uma fotobiografia, Lisboa, Quetzal Editores, 1996)."
(Retirado do Google.pt)

- de 1935. É criada a FNAT - Federação Nacional para a Alegria no Trabalho, que imita a organização nazi Força pela Alegria e a fascista Doppo Lavoro.
(retirado do Portal da História)

“Através do Decreto-Lei nº 25 495, o governo de Salazar cria a Federação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT).
À semelhança das actividades de Doppo Lavoro desenvolvidas pelo regfime fascista italiano, a FNAT procurará, em colaboração com o SPN, enquadrar os tempos livres dos trabalhadores de forma a promover e a reforçar uma imagem positiva do Estado Novo.
Concretiza, quer actividades de «mera diversão», quer iniciativas de cariz político-ideológico explícito.” [1]
[1] História de Portugal em Datas, Círculo de Leitores, pág. 327.