Vejo-me entorpecido neste deambular, de atestado médico na mão, entre serviços de saúde, processos disciplinares, a Escola onde exerço e o aconchego de minha casa, para descanso das maleitas que fazem felizes alguns do tal ditirambo ...! Mas como não caí em concreta paranóia, valha-me Deus e me livre de tal diabólica sina, vou trabalhando, mesmo nas condições presentes, nessa promessa de transmitir o resultado de alguns elementos de avaliação aos meus alunos , que são o grande móbil de tão vasto empreendimento, como é o caso desta ministerial missão que é EDUCAR!
E também me vejo nas palavras proferidas sobre estes Horizontes da Academia, e subscrevo, finalmente, o que diz este nosso ex-PM acerca da situação docente, neste sistema de micros anti-sistemas educacioneses:
"Há que continuar a avaliar escolas e professores
Rui Machete
Rui Machete
Advogado
Têm-se tornado cada vez mais frequentes os alertas e os apelos para a necessidade de mudança e de mudança rápida em múltiplos sectores da vida portuguesa, se pretendermos não ficar para trás nesta concorrência cada vez maior que a economia e a sociedade globais nos impõem. A médio prazo, o que está em jogo é o bem-estar dos portugueses, mas, ainda mais importante, a sua autonomia cultural e política como povo com uma História longa e rica e uma identidade bem vincada.
Têm-se tornado cada vez mais frequentes os alertas e os apelos para a necessidade de mudança e de mudança rápida em múltiplos sectores da vida portuguesa, se pretendermos não ficar para trás nesta concorrência cada vez maior que a economia e a sociedade globais nos impõem. A médio prazo, o que está em jogo é o bem-estar dos portugueses, mas, ainda mais importante, a sua autonomia cultural e política como povo com uma História longa e rica e uma identidade bem vincada.
Estes desafios exigem capacidade de entender colectivamente as dificuldades e uma vontade firme de as vencer. Implicam também o reconhecer que faz uma enorme diferença querer tomar o destino nas mãos e lutar por objectivos ambiciosos, embora realistas, ou assumir a resignação agridoce da pretensa inevitabilidade do fado.
O voluntarismo animado por uma forte determinação remove montanhas, a apatia do conformismo, do argumento "de que sempre foi assim", gera a incapacidade para progredir.
A educação é, porventura, em Portugal um dos domínios onde melhor se pode observar o contraste entre as duas atitudes: a predominantemente conservadora e a voluntarista, desejosa de modificar estruturas e hábitos anquilosados, e interesses instalados que procuram perpetuar-se a todo o custo.
Mudar é penoso, envolve sacrifícios. É sempre mais cómodo continuar como se tem feito desde há muito, gozar as benesses que o longo tempo e a habituação fazem sentir como naturais e direitos intangíveis.
Para conseguir reformas, mudar, é imprescindível conhecer bem a situação, as deficiências, porque é que as coisas vão mal.
A avaliação das instituições, das suas capacidades de se atingir os objectivos, é, assim, fundamental. A medição dos resultados constitui um ponto essencial dessa avaliação. O ex-governador Jeff Bush, de visita entre nós, em recente conferência sobre a reforma educativa na sua Florida, dizia enfaticamente: "Quem não mede não se preocupa com as coisas." A comparação de resultados entre instituições congéneres representa outro passo essencial nesse processo.
Todos nos recordamos de quão difícil foi, já nos anos 90 do século passado, convencer o Ministério da Educação, temeroso dos sindicatos, a medir a actividade do ensino das escolas, primeiro, a dar a conhecer esses resultados ao público, depois. Foi necessária uma injunção judicial para o conseguir!
Vencida essa primeira etapa, há que ir mais longe: alargar e aprofundar essas medidas e avaliações e, sobretudo, retirar daí resultados em termos de carreira dos professores e das remunerações, e também de oportunidades oferecidas às escolas mais eficientes. E fazê-lo a todos os níveis de ensino: primário, secundário e superior, mesmo que sejam da regedoria de diversos ministros.
O aumento do nível de exigência é sempre tarefa delicada. Algumas injustiças inevitavelmente se cometerão. É preciso, também, ajudar os mais fracos, mas de boa vontade, ou que enfrentem condições económicas adversas. Mas não pode deixar de se prosseguir nas avaliações e daí retirar consequências, sob pena de permanecermos nas inevitáveis mediocridade e ineficiência. Isto, digam o que disserem os beneficiários do statu quo e os sindicatos que os representam.
A actual ministra da Educação criou uma grande esperança. Precisa, é certo, de corrigir alguns erros de comunicação, logo sublinhados com gáudio por quem pretende que tudo fique na mesma. Mas espero que prossiga o caminho que encetou, de bom senso, coragem e seriedade e que não nos desiluda. Deu já algumas provas importantes de que existe razão para confiar."
(o negrito é da responsabilidade do Publicista)
Entretanto, dou de caras com esta relíquia (de 1970!) que vou ouvindo, enquanto trabalho, nas presentes condições, de atestado médico na mão, entre processos disciplinares, a Escola onde trabalho, serviços de saúde e o aconchego de minha casa, tentando cumprir a promessa que fiz ... aos meus alunos!!!
Beijinhos à minha IRIS, neste 'seu' bonito Domingo de Março!