quinta-feira, dezembro 28, 2006

Já não há mais Lisboa?

Cada vez que volto, quero ver-te, Lisboa!!!
Já não tenho a pachorra de me atormentar com aquilo que cada vez menos vejo, cada vez que volto a esta minha querida Lisboa. Que tenho, cada vez mais, de dizer de outros tempos, tal é o estado a que estes tempos deste Estado chegou! Valha-nos Deus, que o demónio é ateu, e os sacerdotes andam todos de barriga cheia!
Mas, naquele tipo de atitude que sempre marcou os que sempre perceberam, desde tenra idade, o valor da nossa armilaridade (e, no meu caso, não tem obrigatoriamente que ver com o D. Afonso da minha Vimara terra natal), ainda podemos dizer, ao jeito do meu "La Pensée du Jour", que:
Enquanto houver Céu, Sol e Estrelas a abraçar-nos o horizonte, haverá este nosso lar que é Portugal!

domingo, dezembro 24, 2006

Hino à Galáxia Lusa

Revejo-me a contemplar a velocidade do TGV a 'correr' atrás do Hino à 7ª Galáxia, do Chick Corea e os Return to Forever, mas o que aqui reproduzo é o meu deslumbramento pela capacidade do nosso "Zezito" (designativo bastante afectuoso que alguém, escrevendo-o numa revista portuguesa semanal, se lembrou de rebuscar nas suas origens societais), ou melhor do nosso PM , correr à frente da vaga neo-lib, com todas as seduções, repulsas e contradições que têm norteado a semi-consciente "política de cose-casacas" para a pobretança.
Por isso, lembrei-me de um excelente senhor compositor neo-melancólico, com uma riqueza de sonoridades instrumentais que, tenho a certeza, se o nosso Zez... PM a ouvir, ficará mais descansado quanto à sacralidade da sua moral, que é como quem diz, em paz consigo mesmo, já que a tarefa é árdua ... lá isso é! E, de um modo geral, tenho de lhe 'tirar o chapéu', já que tem tido coragens que merecem alguma admiração. Mas ... aqui fica este trecho "Inocente", para apaziguamento das almas ... . Neste época natalícia, sobretudo, não fica mal a ninguém!!!
Keith Jarrett with Jan Garbarek (Innocence - Personal Mountains)

A pobre Educação dos pobres!

Busco mais umas notícias. E que vejo, em relação ao sítio onde há novas do mundo da Educação? Mais um episódio que, a meu ver, tem mais de sócio-educacional do que público-financeiro: que me interessa se se pagam mais ou menos umas horas de trabalho, ou se cada hora extra tem de ser mais ou menos emunerada, se em tudo isto há um denominador comum - o Regulador não presta, que é como quem diz que o Estado, hoje, não é uma entidade tipo ideal weberiano, norteada por kantianas definições de dever e obediência, mas tão só e apenas por hobbesianas ambições geridas por interesses de grupos pseudoelitistas. Se não, nada do que se observa teria lugar para acontecer! Valha-nos ainda as pontas de um braço da Justiça, ela própria enebriada com tanta influência do vício ...!!!

Aulas de substituição pagas como horas extras
Marta Rangel 2006-12-21
Os tribunais administrativos e fiscais de Castelo Branco e de Leiria deram razão a dois professores que exigiram o pagamento das aulas de substituição como trabalho extraordinário.
Segundo noticia a edição de hoje do jornal Público, as duas sentenças contrariam o entendimento do Ministério da Educação (ME) sobre as aulas de substituição. Segundo a tutela, a substituição dos professores que faltam não tem de ser remunerada de forma extraordinária.
A controvérsia começou em 2005, quando o ME aprovou um despacho que obrigava as escolas a organizar os horários dos docentes para que, em caso de falta, imediatamente outros professores assegurassem a ocupação dos alunos. Para isso, as instituições deviam ter em cada hora uma espécie de bolsa de docentes disponíveis.
A questão é que as aulas de substituição previstas no Estatuto da Carreira Docente (ECD), em vigor, são consideradas "serviço docente extraordinário". No entanto, o ME só considera que as substituições sejam pagas como horas extraordinárias quando são asseguradas por docentes da mesma disciplina do colega que falta e desde que sigam o mesmo plano de aulas.
O Público adianta que, por todo o País, vários docentes exigiram o pagamento destas horas e, alguns destes processos estão em tribunal, contaram com o apoio dos sindicatos afectos à FENPROF. No entanto, segundo Mário Nogueira, dirigente do Sindicato dos Professores da Região Centro, estas são as duas primeiras sentenças que se conhecem, uma das quais "já transitou em julgado, pelo que é definitiva". O jornal acrescenta ainda que, de acordo com o Código de Processo nos Tribunais Administrativos, se houver mais três decisões no mesmo sentido sobre casos "perfeitamente idênticos", todos os professores que tiverem feito substituições poderão requerer a extensão da sentença, ou seja, exigir ao ME o pagamento de horas extraordinárias.
Segundo o Público, os dois docentes em causa apresentaram a primeira reclamação, junto dos conselhos executivos das escolas, no início do passado ano lectivo e interpuseram recurso hierárquico para o ME. Perante o indeferimento, num dos casos, do secretário de Estado Válter Lemos e a ausência de resposta noutro, ambos recorreram aos tribunais, invocando o que está escrito no Estatuto da Carreira Docente.
O Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria foi ao encontro do que está definido no ECD: "A substituição de docentes pela ausência de curta duração é expressamente prevista como "serviço docente extraordinário". "E serviço docente" não se resume e confina ao conceito de leccionar", lê-se em parte sentença citada pelo jornal.
O Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria rebate ainda outro argumento da tutela, que considerou que o trabalho só pode ser considerado extraordinário e pago como tal, se for um "serviço ocasional e praticado de forma esporádica".
Segundo o ME, se o cumprimento das aulas de substituição está integrado na componente não lectiva e faz parte das 35 horas de trabalho semanais a que todos os professores estão obrigados, sendo comunicado no início do ano lectivo, então não pode ser pago como serviço extraordinário. Mas, de acordo com o Tribunal de Leiria, a substituição só acontece quando falta um professor, pelo que é "sempre ocasional e esporádica". E que não é o facto de estar inscrita no horário dos professores que muda o que determina o Estatuto da Carreira Docente.
As sentenças obrigam o Ministério a pagar 87 euros num caso (relativo a duas substituições) e 67 euros noutro (por quatro substituições).

terça-feira, dezembro 12, 2006

Escolas públicas ... espelhos sociais!?

"Sistema de ensino português discrimina alunos
Marta Rangel 2006-12-11

O sistema de ensino português agrava a desigualdade social, discriminando os alunos por escolas, turmas e vias de ensino. A conclusão é de vários estudos apresentados pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.

No âmbito do Fórum de Pesquisa CIES 2006 (Centro de Investigação e Estudos de Sociologia), este ano dedicado às temáticas da "Sociedade do Conhecimento, Jovens e Educação", investigadores do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) apresentaram os resultados mais relevantes da investigação feita nesta área nos últimos anos.
Nas suas pesquisas, os investigadores identificaram aspectos que consideram contribuir para o aumento da "guetização" social como a divisão dos alunos por turmas segundo o desempenho escolar e a origem social, assim como a selecção dos alunos para uma determinada escola com base nestes mesmos critérios.
No estudo "Políticas de Educação Básica, Desigualdades Sociais e Trajectórias Escolares", realizado durante o ano passado, foram analisadas quatro escolas públicas que apresentavam grandes diferenças a nível da origem social e desempenho escolar dos alunos e da qualidade dos equipamentos, apesar de estarem situadas a pouca distância umas das outras (na zona norte de Lisboa, entre o Lumiar, Carnide e Telheiras).
Numa das escolas do 2.º e 3.º ciclos analisadas, os estudantes pertencem, sobretudo, a classes sociais elevadas, apresentam um bom desempenho escolar e usufruem de equipamentos novos. Em contrapartida, na outra escola, quase todos os alunos são oriundos de classes sociais desfavorecidas, têm altas taxas de reprovação e dispõem de equipamentos escolares em mau estado.
Na primeira escola, apenas 7% dos alunos chumbaram mais do que uma vez, enquanto na segunda, 49% dos estudantes já tinham repetido o ano várias vezes. Quanto aos que nunca chumbaram, na primeira escola chegam aos 82%, enquanto na segunda são, apenas, 33%.
"Sendo todas públicas e situadas na mesma zona, há escolas de elite e outras de crianças quase marginalizadas. Toda a gente quer pôr os filhos nas escolas com melhores alunos e essas acabam por ter mais candidatos do que vagas, o que lhes permite seleccionar os estudantes e excluir os repetentes ou os provenientes de um bairro social, por exemplo", esclareceu Pedro Abrantes, um dos investigadores responsáveis do painel "Diversidade e Desigualdade nas Escolas", em declarações à agência Lusa.
Outra pesquisa realizada em 2001 analisou a constituição de turmas na mesma escola, situada num bairro desfavorecido no concelho da Amadora, e identificou os mesmos factores de desigualdade. Alunos provenientes da classe média com bons percursos escolares eram todos agrupados nas mesmas turmas, enquanto as outras turmas eram constituídas por estudantes oriundos de um bairro social e com um fraco desempenho escolar.
"Até aos anos 70/80 a maioria dos jovens não frequentava a escola a partir do 1.º ciclo, à excepção dos pertencentes a classes sociais elevadas. Hoje a escola pública acolhe todos, mas de forma muito diferenciada", frisou o investigador, referindo que "os estudos apontam claramente para uma evolução da ‘exclusão da escola' para a ‘exclusão na escola'".
Segundo as pesquisas, as diferenças na origem social dos alunos deixam de ser significativas no que toca à violência escolar, uma vez que "o fenómeno não ocorre em mais quantidade nas escolas onde existe mais insucesso escolar ou com mais diversidade cultural e étnica".
"Os estudos relativos a essa matéria ainda não estão terminados, mas permitem já concluir que há factores como a qualidade dos equipamentos e a estabilidade do corpo docente e do conselho executivo que são mais determinantes a nível da violência", concluiu o responsável do CIES."
Retirado do Portal da Educação, em 11.12.2006

sábado, dezembro 09, 2006

Questões de Pedagogia

Ouvindo outras vozes que, mesmo de outros sítios, soam sempre com aquele toque a ... Portugalidade!
Por vezes é bom ouvirmos a música das palavras. Outras, porém, dispensam a música, tal é a melodia da sua própria sonoridade ou significância, quer dizer do seu eco na subjectividade de quem as entende.
Por isso me lembro, sem precisar de evocar as sábias recomendações agostinianas sobre pedagogia, que nas minhas ditas férias de verão (em que mergulhei mais na procura dos materiais de base com que construirei as minhas lições de Ciência Política para os alunos do Ensino Secundário do que nas ondas da Costa da Caparica), ao passar os olhos no catálogo da Gulbenkian (que jardins frescos, como sempre, sabem tão bem nos dias em que as calendas pegam fogo a Portugal ...) não pude deixar de reparar num dos volumes da Obra Completa de Joaquim de Carvalho (Vol. VI - História das Instituições e Pensamento Político) onde, entre outras coisas, nos faz um "Esboço de Uma História da Educação", nele se podendo ler muito sobre o que, como no artigo abaixo reproduzido, falta a muitos desses novos construtores do futuro, mais preocupados com a paranóia das tentativas de neo-colonização escolar por parte dos extremos dextros (talvez revelador de um como que ciúme dos cultivadores do neo-jacobinismo super-esquerdista insatalado em todo o sistema educativo português) do que com a pertinência do discurso a que qualquer professor deve atender, quando se assume como um autêntico educador!

"Questões de Pedagogia - I
por Albano Estrela
O Poder da Palavra
Não sei com precisão quando comecei a interessar-me pelas coisas da Educação, mas creio que foi na minha adolescência, ao ouvir duas pregações em igreja do Porto. Autor das pregações: o Padre Américo. A força das suas palavras alertou-me para dois problemas: a obrigação que todos temos de participar na educação do nosso semelhante e as enormes potencialidades que existem em cada criança, em cada jovem, potencialidades que cumpre ao educador fazer emergir.

O fulgor do discurso do Padre Américo foi uma centelha de luz que não voltou a brilhar ao longo do tempo que frequentei o ensino secundário. Foi só na universidade, na Universidade de Coimbra, que encontrei dois professores de Filosofia, cuja palavra nos prendia do primeiro ao último momento da aula: Joaquim de Carvalho e Miranda Barbosa. Joaquim de Carvalho, o patriarca da História da Filosofia, quando nos falava de Descartes, era Descartes, quando nos iniciava na vida e na obra de Espinosa, era Espinosa. E que Espinosa, Deus meu! A sua capacidade de tornar vivos e actuais os grandes pensadores da Filosofia moderna era algo de notável - e raro.

Diferente, totalmente diferente, era o discurso de Miranda Barbosa, mas não menos notável. Com uma locução extremamente baixa, em tom de voz em que agudos e graves mal se distinguiam, o seu discurso (discurso frequentemente entrecortado pelo estribilho "não é?"), o seu discurso, dizia eu, era de uma lógica, de uma claridade, de um rigor, que nos levava - sempre - a concluir que a filosofia era algo de belo... e acessível a quem quisesse utilizar o mais poderoso instrumento que foi dado ao Homem: a inteligência. Miranda Barbosa, que morreu relativamente novo, ensinou algumas gerações de jovens académicos a pensar, a amar a Filosofia. A análise que nos fazia da "Crítica da Razão Pura", de Kant, era um modelo de interpretação textual e constituía um autêntico método de abordagem do que é essencial em Filosofia.

Se dez anos mediaram entre o Padre Américo e os meus professores de Coimbra, perto de vinte tive eu de esperar para ouvir uma outra palavra, que não me marcou menos. Estou a referir-me ao professor Gaston Mialaret, da Universidade de Caen, lá no extremo norte da Normandia, onde ele exercia um dos magistérios mais importantes para a criação das Ciências da Educação, tanto em França como em outros países da Europa e da América. Mialaret aliava a uma inteligência superior um verbo fluente e brilhante, que transformava a mais árida das experiências científicas numa aventura apaixonante. A ele fiquei eu a dever o gosto pela experimentação, pelo controlo rigoroso dos fenómenos empíricos.

Este meu texto de hoje pretende ser, tão-só, uma pequena apologia da palavra na sua expressão mais lídima: a expressão oral. Mas terá o discurso do mestre, do professor, razão de ser no contexto pedagógico dos nossos dias? Estou convicto que sim, embora a sua eficácia dependa de vários factores: de quem o faz, de como o faz, da situação em que for feito.Reconheço, no entanto, que este é um assunto controverso e, por isso, muito gostaria de saber a sua opinião, leitor benevolente, que me tem acompanhado ao longo destas crónicas. E se a sua opinião decorrer da sua experiência, então, melhor seria..."

sábado, dezembro 02, 2006

Talvez sempre é melhor do que nim!

E por que sim? E por que não? Talvez sempre é melhor do que nim!!!

Vejo, "porque hoje é sábado", que meu mui citado mestre JAM insiste na sua costelite monárquica, e que a sua revolta anti-situacionista o leva a dizer sim à IVG!
Para quem já percorreu muitas das linhas escritas pelo Professor, ou ainda, já tenha gasto milhas a ler o quanto obriga o seu entendimento (e, acreditem, tem de se ler muito), fácil será dizer, assim, que não deve ter chegado àquelas resoluções 'de ânimo leve', pois se há característica na sua personalidade (pelo menos a academicamente conhecida) é a do seu idiossincrasismo, ou a eclética postura de quem nunca se deixa levar pelos racional-reducionismos do facilitismo balofo, tipo complexo intelectualoidismo de esquerdas ou direitas.
Isto é, porque hoje é sábado, se quisermos assumir o armilar desígnio da portugalidade, livremente escolheremos a forma de Estado que mais convém ao povo, essencialmente traduzida nos poderes confluentes da sua organicidade histórica, nessa visão agostiniana da federalicidade intuída por cada "homem, mais o seu cão e o seu chão", qua assim forma aquela que é a primeira república, tendo apenas como soberano de quem é súbdito o seu Deus ...!
E, porque amanhã é Domingo, apenas tenho a dizer, numa postura nada misógina, que cada mulher deve saber, melhor do que ninguém, o que lhe vai dentro do ventre! Mas, acima de tudo, que essa como as muitas outras questões que se levantam quando quer matar o que, seja por que motivos forem, traz gerado dentro de si, sejam respondidas, monárquica ou republicanamente, depois de esgotadas todas as possíveis resoluções das ditas: acima de tudo, pela dignidade da mulher, que a IVG seja realizada em condições física e psicologicamente condizentes com a realidade do que se trata, que é a de praticar uma assistência moral, clínica, e socialmente eficaz, quando a responsabilidade de quem pratica o acto (a activa do agente interventor e daquela em quem o acto é praticado por sua vontade, e a passiva, em quem o acto é praticado, quando, por razões de força maior, alheias à sua vontade, tenha de o fazer) esteja salvaguardada! Ou seja, quando se torne admissível tal acto, que seja praticado nas condições condignas da consciência social a que as espectativas do cidadão do século XXI conduzem! Amen!!!
PS: Não sei se teria uma atitude equivalente, se tivesse realizado um Curso de Defesa Nacional. No entanto, porque já concretizei muitos cursos, posso avaliar que as minhas opiniões têm fundamentos sólidos, não apenas por que são de quem lê muito, mas porque vêm de experiências que também vivi, com ou sem as respectivas traduções teóricas, e enriqueceram o entendimento que tenho das minhas atitudes! Parafraseando mestre JAM, que também cita por quem alinha o pensamento, tento "viver como penso", embora esta como outras atitudes que nos demandam me obriguem, também, a pensar como e porque vivo! 
Quanto ao como, vou aprendendo, de dia para dia, de ano para ano! e há já muito que entendi porquê minha mãe me quis dar vida! Porque, podendo não querer ser mãe, quis! Porque, tendo razões para olhar para a sua vida, entendeu que já nela havia outra, à qual atendeu! Contra todas as adversidades! E que razões teria para o não ter feito?! Ou houve outras pelas quais entendeu dever fazê-lo? Claro, apenas porque preferiu ser mãe! Porque preferiu dar vida!
Eternamente obrigado, minha mãe, por seres fonte de vida!!!
Por isso, e nem que fosse só por isso, serás para mim o ser mais lindo do universo!