terça-feira, junho 06, 2006

Fiat Lux (Do Observatório Social)

E, para complementar a visão que tem sido apresentada sobre esta artificial mas tão crucial polémica, aqui vai mais esta do Portal da Fersap:

Opinião dos pais será consequente
Enviado por Domingo, Junho 04 @ 12:55:26 WEST por Amaral
Hoje Público escreveu: "A apresentação da proposta ministerial para a revisão do estatuto da carreira docente valeu à ministra da Educação uma das semanas em que mais críticas recebeu. A 14 de Junho, Maria de Lurdes Rodrigues enfrentará mais uma greve de professores, convocada pela Fenprof [Federação Nacional dos Professores]. Lamenta que o debate esteja a ser tão extremado e "com grande exagero na argumentação" e apela aos críticos para que façam propostas mais construtivas.Entrevista em Leia Mais...(Entrevista à ministra da Educação pelo PÚBLICO e Rádio Renascença)Que nota dá aos professores portugueses?Não se podem dar notas aos professores portugueses em abstracto. Cada um deverá ser avaliado, poderá ter direito à sua nota, mas não será dada por mim. Será dada pelos seus pares, pela escola onde exerce funções e eu defendo que é também indispensável uma componente de avaliação externa. A proposta do Governo agora em discussão é que sejam os pais a participar nessa avaliação. Penso que, entre os diversos agentes com intervenção exterior à escola, os que têm melhores condições para perceber o desempenho dos professores, sobretudo nas matérias relativas à capacidade de relação e comunicação, são os pais.Que peso terá essa classificação na avaliação global do professor?Essa é uma matéria que está em discussão. As questões da avaliação são muito difíceis e não há modelos perfeitos. Mas isso não nos deve impedir de os ter. Todos os sistemas sujeitos a avaliação melhoram com ela. É isso que pretendemos com o sistema de ensino. Espero ainda que possamos avançar para a avaliação das escolas em paralelo com a dos professores. Porque eu não vejo o trabalho dos professores de forma isolada do contexto em que ele se exerce. Há escolas em que o trabalho é mais exigente e mais difícil. A avaliação dos docentes tem de ter em consideração a dificuldade do contexto em que se insere.Voltando à questão da participação dos pais. Acha exequível que numa família com três ou quatro filhos um dos pais esteja em condições de avaliar 18 ou 20 professores?Esse é um exemplo muito concreto. Os pais são muito diferentes, como diferentes são os alunos, os professores, as escolas. A desigualdade económica e social é uma das características do nosso sistema. De novo, isso não pode ser um obstáculo, mas uma variável que temos de considerar, estudar e ultrapassar. Há pais que participam, pais que não participam, que estão envolvidos na escola com diferentes motivações. De uma coisa ninguém tem dúvida: quanto mais qualificada e empenhada a intervenção dos pais, melhor as condições de aprendizagem das crianças. Então temos de criar condições para que esta participação seja possível, de qualidade e consequente.Por mais diferentes que os pais sejam, têm em comum o facto de ter uma visão muito subjectiva e, eventualmente, faltar-lhes a capacidade técnica para fazer uma avaliação rigorosa do professor.Não está em causa avaliar a capacidade técnica do professor. A avaliação de desempenho tem muitas dimensões: científica, pedagógica, relacional, de participação na organização. Tudo isto deve ser segmentado e devem ser chamados a participar na avaliação diferentes actores.Essa participação traduzir-se-á numa percentagem?Uma percentagem que pode ser mínima. A nossa proposta é uma proposta minimalista. Eu não aceito críticas como os pais não têm condições, os pais são analfabetos. Alguns serão, mas mesmo assim terão muita competência.A ideia é tentar levar os pais à escola, pelo menos?Melhorar a qualidade da participação dos pais nas escolas é um dos objectivos que se podem conseguir. Neste momento é difícil porque as escolas têm tendência para se fechar aos pais. E em muitos casos os pais sentem que não têm uma participação efectiva e consequente. O seu testemunho pode ajudar a despistar casos extremos de desempenho deficiente, porque os pais são os primeiros a perceber as dificuldades de alguns professores no acompanhamento das crianças.A participação pode ser minimalista mas tem de ser consequente. E os riscos podem ser minimizados. Não precisa de ser uma avaliação directa, a nossa proposta é que seja filtrada pelo conselho executivo. Podemos exigir que, para haver avaliação, os pais participem em todas as reuniões, que façam um acompanhamento regular dos seus filhos na escola. Desta forma podemos dar passos significativos na melhoria das escolas e na participação dos pais.Outros dos factores que serão tidos em conta são as notas dos alunos. Não poderá haver uma subversão do sistema, com os docentes a darem boas notas aos alunos que não merecem?O que está apontado na proposta é que serão considerados os resultados. Podem ser as provas de aferição, os exames, ou seja, elementos que não resultam da avaliação interna da escola. O risco que vejo é que seja posta uma ênfase excessiva na orientação dos professores para esses resultados. Como disse no início, não há modelos perfeitos de avaliação. A proposta requer uma participação efectiva dos sindicatos e está aberta à discussão pública. O que tenho percebido é que o debate tem sido muito extremado, com grande exagero na argumentação. Perante uma proposta é preciso ter uma opinião mais construtiva. Tem-se discutido muito, por exemplo, a lista de funções para a profissão docente, mas faltam sugestões concretas sobre o que falta ou o que está a mais.04.06.2006

Fiat Lux (Do Observatório Social)

Agora sim! Para que conste: já tive processos disciplinares por dizer muito menos (por apontar culpas à liderança da minha Escola, entre outas acusações cabalísticas promovidas pelos visados, já sofri um mês de suspensão com perda de vencimento)! E agora, vão processar a Srª Ministra?

Ministra da Educação culpa docentes pelo insucesso escolarEnviado por Terça, Maio 30 @ 14:40:40 WEST por Amaral
Um Pai escreveu: "A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, responsabilizou os professores pelo insucesso escolar e a falta de qualificação dos alunos e criticou o funcionamento dos estabelecimentos de ensino, noticia hoje a imprensa. Leia Mais e ComenteNa abertura de uma série de seminários, promovidos pelo Conselho Nacional de Educação, no Fórum da Maia, Maria de Lurdes Rodrigues disse que o trabalho dos professores «não se encontra aos serviço dos resultados e das aprendizagens».Maria de Lurdes Rodrigues lamentou também que a escola não esteja a combater as desigualdades sociais.A título de exemplo, refere o Jornal de Notícias, a ministra referiu-se à organização dos horários escolares que, segundo sublinhou, privilegia os alunos melhores, assim como os filhos de funcionários das escolas.«No conjunto de regras de funcionamento da escola tem de se lhe inscrever a preocupação com os resultados dos alunos, medidos quer nas provas de aferição, quer pela qualidade dos diplomas e das competências adquiridas pelos alunos», realçou.Os professores não ficaram incólumes no discurso da ministra da Educação, que considerou ser uma classe com uma cultura profissional (que comparou com os médicos) que não têm como objectivo o sucesso educativo dos alunos, escreve o Diário de Notícias na sua edição de hoje.«[Os docentes] Não são orientados para os casos mais difíceis. Os melhores professores ficam com os melhores alunos e os docentes com pior estatuto na casa levam com as turmas difíceis», afirmou a ministra, garantindo ainda não haver trabalho em equipa nas escolas.Alguns docentes presentes no evento não gostaram das palavras da ministra e protestaram, exortando a governante a adoptar um discurso que respeite a sua dignidade profissional.A governante já apontou várias vezes a falta de mobilização da escola para os resultados dos alunos.No início do mês, em Oliveira de Azeméis, Maria de Lurdes Rodrigues disse que o Ensino Secundário não pode continuar «a preparar alunos apenas para o acesso à universidade».O cenário traçado segunda-feira pela ministra da Educação veio agravar o descontentamento dos professores, gerado pela apresentação das propostas de alteração ao Estatuto da Carreira de Docente, no fim-de-semana passado.Para os sindicatos do sector, as declarações de Maria de Lurdes Rodrigues são «lamentáveis» e «perigosas».Paulo Sucena, da Federação Nacional de Professores (Fenprof), assegurou ao DN que as acusações da ministra - dizendo que as escolas e os docentes não estão orientados para os resultados - «não correspondem à verdade pois, se assim fosse, «não haveria professores a leccionar no interior ou nas áreas urbanas mais marcadas pela indisciplina dos alunos».Já João Dias da Silva, da Federação Nacional de Educação (FNE), disse ao DN que «as generalizações são sempre perigosas e dão mau resultado».Apesar de admitir que possa haver falhas em certos serviços, o responsável lembra todas as escolas que se preocupam com os resultados e até vão mudando a sua actuação em função deles, escreve o DN.Diário Digital / Lusa 30-05-2006 "
Recebido de webmaster@fersap.pt

Fiat Lux (Do Observatório Social)

A célebre ''avaliação'' e o que diz a proposta
Enviado por Domingo, Junho 04 @ 13:46:16 WEST por Amaral


Eu até já tinha avisado que isto ia dar que falar ... "Tomem lá, que é democrático"!

Artigos de opinião antonioamaral escreveu: "Diz o ditado que não se nasce ensinado, pois se pode desculpar a a ignorância. Mas o que dizer de tantos comentadores que opinam sobre tudo e mais alguma coisa, do "ouvi dizer", do "li a notícia", mas não se dão ao trabalho de irem às fontes, de lerem os documentos?

Se esses "iluminados", geralmente pagos para debitarem o seu discurso, em vez de dizerem "eu sobre isso não sei, mas acho que...", fizessem o que lhes compete, ou seja, de se documentarem, prestavam um serviço útil, em vez de alimentarem a confusão e a ignorância.

No caso, bastava lerem a proposta de alteração ao Estatuto da Carreira Docente. Assim, nos Itens de classificação, Artigo 46.º, na alínea h) do ponto 2, lê-se: "Apreciação realizada pelos pais e encarregados dos alunos que integram a turma leccionada, em relação à actividade lectiva dos docentes".
E, no ponto 3 do mesmo Artigo: "A apreciação dos pais e encarregados de educação é promovida no final de cada ano escolar, pelo director de turma, e traduz-se no preenchimento de uma ficha de modelo a aprovar nos termos do n.º 5 do artigo 44.º". E, este Art. 44.º "Intervenientes no processo de avaliação", p. 5, diz: "Junto de cada escola ou agrupamento de escolas funciona a comissão de coordenação da avaliação que integra três membros do conselho pedagógico, um dos quais o seu presidente, que coordenará, bem como os vice-presidentes ou adjuntos da direcção executiva da escola". E, uma das competências desta comissão é "Garantir o rigor do sistema de avaliação, através da validação ou confirmação dos dados constantes das fichas de avaliação".

Afinal de contas, o DL 115-A/98, não consagra a escola como inserida numa "Comunidade Educativa" representada por docentes, pais e encarregados de educação, alunos e pessoal não docente?

Para quê, tanto barulho!?"


Recebido de webmaster@fersap.pt

Hoje ... de Outros Tempos

Dia D, ou o começo da concretização da invasão americana da Europa, ainda sem MacDonald's!

6 de Junho

- de 1714. Nasce D. José, filho de D. João V e de D. Maria Ana de Áustria, futuro rei de Portugal.

- de 1755. Lei que restitui aos Índios do estado do Grão-Pará e Maranhão a liberdade das suas pessoas e bens.

- de 1784. Bocage, oficial de marinha, é considerado desertor.

- de 1861. Cavour, ministro do rei da Sardenha, artífice da unidade italiana em torno da casa real de Sáboia, morre.

- de 1926. Gomes da Costa entra triunfalmente em Lisboa, afirmando a vitória militar da «Revolução Nacional».

“Uma vez concluída a concentração de tropas em Santarém, afirmando a vitória militar da «Revolução Nacional» ─ bem como a sua própria supremacia política ─, Gomes da Costa entra triunfalmente em Lisboa à frente de cerca de 15 000 homens provenientes de unidades militares do Norte, Centro e Centro-Sul do país.” [1]

- de 1944. Dia D. Desembarque das tropas aliadas na Normandia.


“Na alvorada de mais um dia 6 de Junho, o Dia D é relembrado na Normandia. Hoje, como então, a maré está baixa. Hoje, como então, a areia endurece debaixo dos pés. Toco com a mão numa viga ferrugenta enterrada na areia, um vestígio das barreiras que revestiam esta praia em 1944. Esta manhã, o céu está carregado. Hoje, como então, vai ser um dia cinzento.


Este é um excerto da reportagem que pode encontrar na edição impressa da NGM – Portugal.

Todos os anos, em Junho, chegam a esta praia grupos de homens silenciosos, que por aqui passeiam, acompanhados pelos familiares e pelas recordações. Um deles é Joseph Vaghi, um enérgico e caloroso oficial veterano da Marinha, responsável pela orientação das manobras de desembarque durante o Dia D num sector sangrento da praia de "Omaha" baptizado com o código de "Easy Red". "Era uma espécie de polícia de trânsito", recorda. Encontro-me com ele no alto das falésias ventosas que se debruçam sobre aquelas areias cinzentas, hoje tão vazias e serenas.
Ali perto fica o cemitério americano, com 9.387 sepulturas, 23 das quais pertencentes a membros da unidade de Joe, o Sexto Batalhão Naval das Praias. Cabia-lhes desactivar minas, marcar corredores no mar para os navios de desembarque, tratar dos feridos atingidos a tiro na posição adiantada da praia e carregá-los para os navios de evacuação através do mar ensanguentado. No dia em que nos encontramos, Vaghi participa na inauguração de um monumento tardio à memória dos camaradas caídos em combate. Segundo afirma, rindo-se, a unidade militar a que pertenciam era tão discreta que as forças armadas dos EUA - e até a própria Marinha - se esqueceram deles durante quase 60 anos. Foi para conhecer homens como Joe Vaghi e ouvir as suas histórias que viajei até à Normandia no Verão passado. Queria descobrir os pedaços fascinantes de história e de heroísmo que, durante décadas, ficaram em grande parte por contar. Muitas destas histórias perderam-se porque o mar se fechou sobre elas, selando bocas para sempre.

(Texto de Thomas B. Allen)
Leia a história completa nas páginas da National Geographic Magazine.”
____________________
[1] História de Portugal em Datas, Círculo de Leitores, pág. 308.