segunda-feira, maio 28, 2007

Neste andar de saudade cansado!

Vejo-me, neste dia que começou a terminar mal com a derrota do meu "Os Belenenses", em pleno C. C. Colombo. Parei, um pouco ao de leve entre vistas curtas (que a depresão é medonha, parece que nos lança o diabo atás da alma), e dei de caras com uma imagem que, neste colombano cair de tarde, me fez recordar viagens que a mente nunca cansa, para reposição das energias que, com tudo o que nos envolve, as "mãos invisíveis" nos vão filhando!



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Por isso, nada melhor que recordar, uma vez mais, esse ecos do mais além pessoano, que neste caso rimou, bem colombano, numa imagem que reti. E que aqui partilho, com evocação daquele poema:


Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma nao é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


Os Colombos

Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.


Fernando Pessoa, in Mensagem

quinta-feira, maio 24, 2007

Insulto ou delação

Que há gravidade, lá isso há. Mas por parte de quem? Eis um caso em que muito dificilmente se poderá colocar a tese da ambivalência, pois onde reside uma das hipóteses não há espaço de coexistência com a outra. Daí que ... ou insulto, ou delação! O que, em qualquer uma das hipóteses, será sempre grave!
E que, daqui, possa resultar alguma pedagogia do comportamento institucional, em ambos os sentidos fluentes na verticalidade da pirâmide hierárquica do poder administrativo: fiscalizem-se os excessos de uns, mas através dos mecanismos de controle institucional de todos.
Pois, o que acontece quando as críticas recaem sobre aqueles que têm o dever de zelar pela disciplina institucional? Até onde nos está garantido o direito de isenção dos titulares de cargos com essas competências, quando eles próprios são o objecto de crítica?
Ou, do outro lado da 'medalha', até onde se estende o horizonte de liberdade de expressão crítica (e atenção à subtiliza da figura da crítica pessoal, a fortriori relativa a pessoas que exercem funções de alto relêvo institucional), de modo a podermos tolerar, com suficiente segurança, que se trata apenas do exercício de um direito, e não de um abuso de expressão (com eventuais dolos traduzidos nas ofensas pessoais)?
Eis mais um dilema social e politicamente interessante, não por mero exercício de reflexão, mas por uma imperiosa necessidade de definição clara dos horizontes de exercício de cidadania. Com especial relêvo, e destaco-o do artigo que daqui transcrevo, para o penúltimo parágrafo.
Mais, ... não posso e ... não quero dizer! Estousujeito ao esmo regime de direito e ... deveres públicos! A República paga-me para isso!
"Provedor de Justiça pede esclarecimentos
O processo disciplinar instaurado a um funcionário da Direcção Regional de Educação do Norte por este ter feito um comentário sobre a licenciatura do primeiro-ministro levou o Provedor de Justiça a solicitar esclarecimentos.
"Na sequência de um processo disciplinar que, de acordo com notícias veiculadas pela comunicação social, foi instaurado a um funcionário da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), o Provedor de Justiça solicitou à Directora Regional de Educação do Norte que lhe sejam remetidos os comentários que esta queira fazer para boa elucidação do caso", informa um comunicado da Provedoria da Justiça.
A mesma nota adianta que foi também solicitada "a cópia da proposta e despacho que terão determinado a suspensão preventiva do mesmo funcionário".
O professor de Inglês Fernando Charrua, que trabalhava há quase 20 anos na DREN, foi suspenso de funções depois de ter feito um comentário ao caso da licenciatura de José Sócrates na Universidade Independente, durante uma conversa com um colega, dentro do seu gabinete.
Em declarações ao jornal Público no sábado, a directora regional classificou o comentário de "insulto" e justificou a suspensão e a abertura do processo disciplinar alegando tratar-se de uma situação "extremamente grave e inaceitável".
"Uma coisa é um comentário ou uma anedota, outra coisa é um insulto. Não tomei a decisão de ânimo leve", afirmou Margarida Moreira, adiantando que "o inquérito será justo" e que o professor será ressarcido, caso se prove a sua inocência neste caso.
O docente em causa, que já foi deputado pelo PSD, interpôs uma providência cautelar para contestar a suspensão, mas o ME pôs fim à sua requisição de funções na Direcção Regional antes de ser conhecida a decisão judicial, pelo que o docente acabou por regressar à escola secundária do Porto, a que estava afecto.
Numa carta dirigida aos colegas, o professor Fernando Charrua critica duramente a decisão da DREN, considerando estar em causa o valor da democracia.
"Se a moda pega, instigada que está a delação, poderemos ter, a breve trecho, uns milhares de docentes presos políticos e outros tantos de boca calada e de consciência aprisionada, a tentar ensinar aos nossos alunos os valores da democracia, da tolerância, do pluralismo, dos direitos, liberdade e garantias e de outras coisas que, de tão remotas, já nem sabemos o real significado, perante a prática que nos rodeia", escreve.
Embora o CDS-PP e o PSD tenham exigido esclarecimentos ao Governo sobre este caso, através de dois requerimentos entregues no Parlamento, o secretário de Estado Adjunto da Educação, Jorge Pedreira, adiantou ontem que a tutela "não tem de esclarecer rigorosamente nada" sobre este o caso."

terça-feira, maio 22, 2007

Que concerto desconcertante!

Bolonha sem vergonha! Se não se vence, tem-se! E se não amolece, a gente padece!
1. Vem ao caso a (im)pertinência de toda esta (des)necessária uniformização de critérios, de procedimentos, de programas e conteúdos na educação. Já vimos que a (des)construção (anti)democrática, 'de cima para baixo', a tratadizar uma constituição para a uni(ficaç)ão europeia, teve repulsas de países insuspeitos nesta missiva histórica. Porquê? Certamente estarão em causa, para além de questões como a da soberania dos estados, a respectiva identidade e as imanentes diferenças sócio-culturais.
2. A comunidade científica mundial, de que a europeia é iquestionável quadro de referência, tem uma inigualável maturidade e consequente autonomia q. b. para, muito pedagogicamente, se pronunciar e definir os termos em que as necessárias harmonizações "bolonhesas" poderão realizar-se, sem imperarem os preocupantes burocratismos em que se traduzem as politizadíssimas interferências administrativas, que lhes decretam os termos!
3. Porque, na presente (des)conjuntura (inter)nacional, já não vingam aqueles que "servem", mas os que (se) servem e (se) prestam ao alinhamento 'schmidtiano' dos bastidores amiguistas, cabalistas e situacionistas! Que resulta daqui? A enebriante cumplicidade a que a fraqueza de uns obriga, que arrasta, por sua vez, as inevitáveis subserviências de outros, dando chão de firmeza à persistente resistência dos poucos que sempre saberão ser e servir PORTUGAL! Como muito bem mostra mais esta bicada de meu mui citado mestre JAM!
Anotações, em tarde enublada, de um Professor angustiado!

sábado, maio 19, 2007

O My Lord of Beauty

Nestes dias de mais um conturbado período de notícias, com as consequentes reflexões da laboratorial cidadania que os programas de engenharia social já prevêem, em cenários de um futuro institucional decadente, interiorizo-me em mais um dos pensamentos a que ascende a luz deste meu espírito assim atribulado:


"You are beautiful, more beautiful, most beautiful,
Beauty unparalleled in the garden of Eden.
Day and night may Thy image abide
In the very depth of my heart.
Without You my eyes have no vision,
Everything is an illusion, everything is barren.
All around me, within and without,
The melody of tenebrous pangs I hear.
My world is filled with excruciating pangs.
O Lord, O my beautiful Lord,
O my Lord of beauty, in this lifetime
Even for a fleeting second,
May I be blessed with the boon
To see Thy Face."

· By: Sri Chinmoy
· From: My Flute

· Photo by Kedar Sri Chinomy Centre Galleries

Retirado de Poet Seers

segunda-feira, maio 14, 2007

O Poder dos Sonhos

Hoje, num dia em que, mais uma vez, fui confrontado com a potencial frustração que é o facto de me ter afastado desta Lisboa onde, no meu ISCSP, poderia ter chegado ao mais além onde me encontraria com o meu país, deparo com um dos livrinhos que, entretanto, vou comprando (sem subsídios estatais ou outros) para me entreter e manter viva a vigília em que a minha consciência me mergulha, a expensas da minha própria condição de radical cidadão, de umas horas de descanso que todos precisamos, e de alguns sacrifícios do convívio com os filhos pequenos, que todos os dias esperam pelo braço auxiliador deste pai atribulado!

Mas, com a ajuda de alguns amigos e dos mesmos conselhos com que sempre souberam orientar alguma da minha indefinição em horas de tornar alguns sonhos realidade, ainda consigo discernir a pertinência académica e sócio-politológica com que sugiro a leitura deste pequeno retrato de Luis Sepúlveda, O Poder dos Sonhos, da Edições ASA (ver link no quadro Politilendo, da barra lateral).



Porque, apesar de neste autor identificar uma linguagem crítica que provém daqueles capitais de queixa angariados nos passivos das respectivas sortes sociais, reconheço facilmente o interesse que pode suscitar a leitura dos seus relatos (com os quais 'pinta' as suas vivências e as do Mundo a que assiste) em todos quantos, como eu, aprendem sempre algo com aquilo a que as ditas ciências sociais chamam "histórias de vida". Como se fosse mais uma de muitas testemunhas de acusação, neste grande processo que é o julgamento da nossa Sociedade actual, com os vícios a que todos dificilmente lhe podemos escapar e, em tudo isso, que nomes devemos realmente chamar a todos esses défices da verdade! Sem hipocrisias de linguagem! Muitos dos nossos sonhos podem, de facto ... tornar-se na realidade que sempre desejamos que fosse, quer pelo empenho que lhes devotamos em realizá-los, quer pela simples beleza da paixão com que nos deixamos seduzir, sobretudo quando se trata daqueles jovens sonhos que, sabemos, nunca conseguiremos esquecer, porque farão sempre parte do nosso ADN social!
“Por todo o lado encontrei magníficos sonhadores, homens e mulheres que porfiadamente acreditam nos seus sonhos. Mantêm-nos, cultivam-nos, multiplicam-nos. Eu, humildemente, à minha maneira, também fiz o mesmo”“Sonhamos que é possível outro mundo e tornaremos realidade esse outro mundo possível”, afirma Luis Sepúlveda, e esta não é apenas uma declaração de intenções. Como é seu hábito, o escritor chileno usa o seu talento de narrador para denunciar o estado de inquietação do país que ama e que o viu nascer, do país onde escolheu viver e do mundo inteiro em geral. O empenho cívico que o incita a acusar a veiculação de informação corrompida, a condenar “o indigno atoleiro que hoje é o Iraque”, a criticar a guerra e a mostrar a sua indignação pelas vítimas da tortura ou do “friendly fire” possui a mesma profunda raiz humana com que recorda as companheiras e companheiros dos afortunados anos de Salvador Allende e com que homenageia os amigos de sempre. É portanto um forte sentimento de humanidade o que une as histórias e reflexões aqui reunidas, sempre pontuadas por uma convicta e apaixonada participação no destino dos marginalizados, dos esquecidos e das vítimas.
Vejamos, assim, os 25 relatos com que o autor nos conta algo do que fez e ainda faz parte das observações existenciais. Muitas serão também, certamente, as (ou como as) nossas!

sexta-feira, maio 11, 2007

Proclamação de liberdade

Quem nos tira a inteligência, retira-nos a possibilidade de sermos livres! De sermos os súbditos da própria razão que nos governa! De construirmos a nossa própria cidade, de acedermos à polis dos nossos interesses! De nos protegermos das ameaças do alheio! De podermos existir, de facto, à luz da nossa moral, sede dos imperativos que comandam os nossos desejos!
«"Não é enquanto a pessoa está submetida à lei moral que tem em si sublimidade, mas na medida em que, no tocante a essa mesma lei, ela é ao mesmo tempo legisladora e só nessa qualidade lhe está submetida". Eis, pois, o que significa 'submetido' no caso da razão prática: os mesmos seres são súbditos e legisladores, de tal modo que o legislador faz aqui parte da natureza sobre a qual ele legisla. Pertencemos a uma natureza supra-sensível, mas na qualidade de membros legisladores.»!!! (1)
Viva Kant! "Que os repúblicos sejam homens livres, mas com âncora!"



E que esta lição do meu mui citado mestre chegue, atrevo-me mesmo a dizê-lo, como água fresca ao espíritos sequiosos de justiça, como um forte brado de coragem para, apesar de tudo, ainda resistirmos à tirania pseudo-democrática que nos oprime e reprime!
(1) DELEUZE, Gilles, A Filosofia Crítica de Kant, Edições 70, 1983, pp. 36 e ss.
E, dentro deste espírito revitalizador do exercício de uma efectiva liberdade de ser, exorto mais uma vez todos os portugueses à indignação por este estado a que chegámos, reeditando este artigo que (creio não me enganar) nunca foi publicado na íntegra:
Mais uma irresistível “Bicada” pós-socrática (3)

Com tradições potestativas


1. Tenho lido nos jornais algo que me despertou uma como que necessidade de criação de um novo conceito na Ciência Política: o de governo potestativo, a sistematizar nas tipologias dos regimes políticos (formas de governo, strictu sensu).
Ainda tendo presente o genuíno desabafo de LMC (um “biqueiro” local), em Jornal de Barcelos de 08 de Junho deste ano, tenho de admitir que, ao jeito das verificações possíveis em JAM, também eu confesso que “as mais das iguarias com que vos convido são alheias, mas o guisamento delas é de minha casa
[1]. É que isto de escrever o que se sente, que é o que se vive conforme o que se pensa, também tem as suas raízes num mais além sócio-histórico. Aristóteles continuará, com a espécie humana, a ter razão. Condição sine qua non, ninguém realizará essa específica existência vivendo sozinho. E eu sempre gostei muito de aprender, sobretudo quando, com os outros, confirmo aquilo que, isolado em mim, acho não ser possível resolver. E, acima de tudo, nestes casos não crio invejas ou ciúmes existenciais. Recrio-me nas mais variadas formas de reconhecimentos. Estes meus escritos, como tendes visto, são uma fiel expressão desses meus sentimentos de agraciamento: a montante, pelos largos contributos de todos aqueles com quem aprendo; a jusante, com o interesse que muitos já me têm manifestado pela leitura dos meus escritos publicados. O que comprova a máxima cientificista de que, em ciência, o conhecimento também obedece a essa qualidade participativa e sistémica: tudo, ou todos, concorremos para o mais geral, o mais além, o mais nós, que é nosso, o mais ser. Para se ser mais, para o bem ser melhor, para a VERDADE poder ser mais. Numa palavra, para alcançarmos o poder ser da verdade.
Também por tudo isso gosto de partilhar o que sinto e penso, e vivo-o, neste caso, escrevendo-o! Já o disse! Para que o poder da verdade seja possível com a partilha do esforço de todos para todos, que assim construímos essa procura vivendo o que pensamos.

2. “A expressão portuguesa poder tanto recobre um verbo equivalente a ser capaz, como um polissémico substantivo. Ambas as formas vêm do mesmo verbo, potere ... . Foi ... dessa raiz que ... surgiram as expressões potestas e potentia, ... A potestas, enquanto capacidade de produzir as coisas, tem a ver com o potencial, o poder-ser, o poder vir a exercer um concreto acto de poder. Por seu lado, a potentia quer dizer a força que produz as coisas em acto ... cada coisa teria em si uma potestas que apenas se concretizaria através de uma determinada potentia ... entendendo-se o potente como aquele que é capaz de exercer a potestas, como o poderoso, como aquele que pode possuir, como o possante, o que é capaz de possança (...) A primeira pode ter-se, a segunda apenas pode exercer-se.”
[2]
É assim que eu vejo este actual governo como potestativo, e não potente; com potencial, mas não possante nos actos. Apenas exerce o que não pode, mesmo que lhe tenham confiado a republicana potestas, a 20 de Fevereiro. É um governo tradicionalmente potestativo.

3. Não é por acaso que devemos falar em contradições (com tradição), já históricas na imagem do Poder em Portugal (e não só). A imagem que nos projectam de uma modernidade cheia de antiguidades, mas bolorentas. Nem boas imitações são, tão maus têm sido os discípulos que querem, apenas, poder imitar os mestres que, de facto, não toleram.
Exemplos de genuína democraticidade têmo-los mais que incontáveis. Com as seculares manifestas preocupações de defesa dessa inatingível aspiração social. Bem cravadas no ADN lusíada. Veja-se a referência à carta do Padre Casimiro José Vieira, escrita a D. Maria II (1846)
[3], que, depois de a ter lido ao povo para saber se o que nela se dizia era a vontade de todos, “considera o novo governo como uma farsa e combinação das seitas para tudo ficar como até ali, com a mudança apenas de pessoas.
Fala d’opressões injustas que têm feito ao povo, tratando-o até agora como se fossem negros e escravos. Pede à Rainha que nomeie para toda a parte homens da maior integridade e desinteresse (...) homens escolhidos à vontade do povo; que se baixem os impostos; nomeadamente a abolição das portagens; que as magistraturas locais possam ser exercidas gratuitamente; que aos deputados se lhes façam os gastos da comida e transportes à custa do povo, mas que não embolsem dinheiro nenhum, para que depois não haja nas eleições tanto suborno, e o povo atine com a boa escolha. (...)”. E, não deixando de defender a instituição do sufrágio universal, com “eleições para toda a espécie de justiça e autoridade”, apenas admite a excepção dos que “não lêem, nem escrevem, para evitar enganos e despertar a instrução, porque só assim se pode exprimir a vontade geral dos povos, que é a verdadeira lei
[4]

4. E por que dizemos com tradições? Veja-se a tradicional contradição do caso de um médico de província tipicamente português (sim, porque esta figura sócio-histórica não foi invenção estrangeira), ainda há dias passado num jornal noticioso das 13:00, na televisão em Portugal (talvez em evocação desta linda data que é o 10/06). Com 84 anos, ainda trabalha, dando muitas consultas gratuitamente, o que fez durante toda a sua vida. António Calapatez Garcia, de seu nome, o “João Semana” do Alentejo. Já foi deputado à Assembleia Nacional, mas “a política só (o) fascina quando cura os males da sociedade”. Promoveu o cooperativismo e o associativismo (ainda não se perguntaram, como eu o fiz, ainda há dias, em Lisboa, com alguns amigos da adolescência, na sede da ‘nossa’ Sociedade Filarmónica Recordação d’Apolo, por que razões estes dois institutos sobreviveram ao salazarismo e pereceram perante o pseudo democratismo neo-liberal?).
O que pode ser revelador de que o futuro nem sempre é melhor. Contra a nossa vontade. Se também acontecer sem a nossa consciência, transforma o devir sócio-humano numa aventura sem rumo, sem sentido, sem ser. E, como disse, queremos o ser! Para poder ser o poder de fazer!
Governos potestativos, nunca mais! Queremos governos possantes! Venha a IV República, Já!!! Amén!

[1] MALTEZ, JA, Princípios de Ciência Política, CEPP, ISCSP – U. T. L., 1996, evocação introdutória de uma exortação de Frei Amador Arrais, pág. 6.
[2] Idem, (... Questões terminológicas), pp. 117-118.
[3] PADRE CASIMIRO JOSÉ VIEIRA, Apontamentos Para a História da Revolução do Minho ou da Maria da Fonte, Braga, Typhographia Lusitana, 1883, p. 84, in MALTEZ, JA, ob. cit. pp.278-279.
[4] Idem, (... As sementes consensualistas), pág. 279.

quarta-feira, maio 09, 2007

Invitation

Depois de ter lido no Corta-Fitas algo sobre a criação de clubes ou movimentos representativos da diversidade de sensibilidades (algo muito british style) no CDS-PP, proposta pela reaparecida liderança PP, veio-me à ideia a interessante mas efémera inovação partidária em Portugal que foi (preterizo porque não sei, actualmente, em que medida ainda é) a constituição estatutária de círculos políticos pelo PND, de Manuel Monteiro (muito hiper liberal, diga-se de passagem).

Percebendo o quanto estas esferas oriundas da democracia cristã se afastaram da matriz anti-liberalista que lhes serviu de substracto (veja-se o carácter marcadamente anti-liberal da Doutrina Social da Igreja, a única linha de orientação sócio-política, se se puder assim designar, dos estatutos do CDS anteriores à era monteirsta PP), prefiro ficar-me pelo "convite" a mais uma meditação, para elevação do espírito, com mais um Poem of the Day:



Invitation

With wind and the weather beating round me
Up to the hill and the moorland I go.
Who will come with me? Who will climb with me?
Wade through the brook and tramp through the snow?

Not in the petty circle of cities
Cramped by your doors and your walls I dwell;
Over me God is blue in the welkin,
Against me the wind and the storm rebel.

I sport with solitude here in my regions,
Of misadventure have made me a friend.
Who would live largely? Who would live freely?
Here to the wind-swept uplands ascend.

I am the Lord of tempest and mountain,
I am the Spirit of freedom and pride.
Stark must he be and a kinsman to danger
Who shares my kingdom and walks at my side.

By: Sri Aurobindo
Photo by: Natabara Sri Chinomy Centre Galleries

domingo, maio 06, 2007

Pelo 1º centenário do Dia da Mãe

Mais uma comemoração "Dia Mundial de ...", neste caso do que qualquer ser humano, psico-afectivamente saudável, não precisando ser muito civilizado, deve ter acima de tudo na vida: a imagem da própria Mãe.

Ser entrar em lirismos balofos ou em poéticas hipocrisias, resta-me apenas evocar, porque faz este ano o 1º centenário da efeméride, a história deste dia (veja aqui), que também dedico à minha querida e santa mãe, lembrando de um quadro que lhe ofereci (com os secretos escudos que eu, então com dez anos, recebi de minha já falecida avó):

Minha Mãe é uma Santa

Que Jamais esquecerei

Porque amor igual ao Seu

Nunca mais encontrarei!

Por muitos anos que passem, nunca esquecerei este poema! Porque é para a MÃE!

Leisure

Continuo a não ter qualquer perícia ou dom específico para a poesia. Mas serei sempre um amante da natureza, da paz e harmonia, interior e com as outras coisas, materiais e imateriais, e por isso evoco constantemente tudo o que possa sublimar essa pertensão!


Assim, continuo a visitar este sítio que aconselho a quem gosta de se encontrar com tudo o que traga felicidade (?), contribuindo com isso para uma melhor qualidade de vida:


WHAT is this life if, full of care,
We have no time to stand and stare?—

No time to stand beneath the boughs,
And stare as long as sheep and cows:

No time to see, when woods we pass,
Where squirrels hide their nuts in grass:

No time to see, in broad daylight,
Streams full of stars, like skies at night:

No time to turn at Beauty's glance,
And watch her feet, how they can dance:

No time to wait till her mouth can
Enrich that smile her eyes began?

A poor life this if, full of care,
We have no time to stand and stare.

By: W.H.Davies
Photo by Pranlobha:
Sri Chinmoy Centre Galleries

sexta-feira, maio 04, 2007

RAM - Os Senhores da Guerra

O filme de "Rei" Alberto João, A Defesa do Meu Jardim


Lembro-me de há já mais de 20 anos, no cinema do mini-centro comercial Apolo 70, ter visto "Run - Os senhores da Guerra", de que pelo menos muitos dos que o viram certamente se lembrarão do que tratava: após a senelidade declarada do pai, os filhos trataram de definir, dentro de jogos de guerras e alianças, quem assumiria a governação do território. Logo os irmãos descendentes do governante e os respectivos séquitos de samurais se acantonaram em estratégicas e maquiavélicas arquitecturações conspirativas, num processo sanguinário fraticida, violento e herdeiro de ambições desmesuradas pelo Poder. Tratava-se de irmãos, herdeiros naturais de um regime hereditário, fortemente hierarquizado pela rigidez da piramidal estratificação social.

Nada disso se pode comparar à esmagadora maioria dos países do Mundo de hoje, muito menos aos países alegadamente democráticos, e muito menos àqueles que, como Portugal, são Estados Unitários Regionais. Mas não foi isso o que se viu desta última reportagem sobre as eleições na RAM (Região Autónoma da Madeira): a aferir ainda alguma sanidade mental ao respectivo Presidente, estamos perante um caso de ofensa à integridade do Estado, tendo presente que os "insultos" ao Estado português constituem um autêntico golpe constitucional, por violação, sobretudo, do seu artº 225 (e em especial dos eu nº 3):

Artigo 225.º - (Regime político-administrativo dos Açores e da Madeira)
  • 1. O regime político-administrativo próprio dos arquipélagos dos Açores e da Madeira fundamenta-senas suas características geográficas, económicas, sociais e culturais e nas históricas aspiraçõesautonomistas das populações insulares.
  • 2. A autonomia das regiões visa a participação democrática dos cidadãos, o desenvolvimentoeconómico-social e a promoção e defesa dos interesses regionais, bem como o reforço da unidadenacional e dos laços de solidariedade entre todos os portugueses.
  • 3. A autonomia político-administrativa regional não afecta a integridade da soberania do Estado e exerce-se no quadro da Constituição.
Ora, Sr. Presidente da República, está à espera de quê? Intervenha, por amor de Deus e à Pátria, que V. Exª sabe tão bem e melhor do que muitos que não há "povo madeirense", mas somente povo português, esteja ele em que parte do Mundo estiver. Senão, amanhã o Algarve pede a autonomia, a favor de protectorado anglo-germânico, o Minho anexa-se à Galiza, e o resto do território que se amanhe.
O Sr. Presidente do Governo da RAM, de quem já tenho admirado alguma coragem para enfrentar alguns dos vícios político-administrativos da pretensa casta democraturista, perdeu o Norte, de modo que já não sabe virar-se para ... leste. Deve, por isso, revisitar alguns dos conhecimentos a readquirir sobre a História do país a que pertence. Senão fique-se pelos sítios que, hoje em dia, estão disponíveis a qualquer um para isso. Basta ver, por exemplo, aqui.

terça-feira, maio 01, 2007

Inquérito a 13 generais de Abril

Começo, realmente, a ficar preocupado com esta epidémica virose social causada pela propagação dos resultados daquele consurso televisivo que perguntou aos portugueses quem achavam que foi o maior português de todos os tempos.
Mas, já que estamos em Maio (esse mês de Adriano ...) e, ao que muito nos leva a crer, Abril já passou, achei mais esta, que não é piada, ao lado de uma outra notícia do público a fazer inveja à demagogia mediocrática dos 'senhores do Mundo':

Inquérito a 13 generais de Abril.
Por Adelino gomes

Veja-se, na íntegra, todo o inquérito, feito por um insuspeito (!) jornalista, com especial destaque para alguns dos pontos (1, 2, 3, 8 e 9 ).