sábado, julho 14, 2007

IMPERIUM

Para aqueles que se interessam pelos assuntos do pensamento político e que, agora, já vão encontrando tempo de férias, eis um descomprometedor enlace literário, com uma das figuras mais marcantes da história clássica, com todas as referências de civilidade que daí podem (e, quanto a mim, devem) ser retiradas.
Por que são sobejamente elucidativos o contexto literário e os traços da obra que é Imperium, apresentados pela Editora (indicada nos links) inibo-me a fazer-lhe, por agora nesta página, quaisquer outros comentários:

Robert Harris abre trilogia sobre Cícero



Data de publicação:
5-12-2006

Nº de Páginas: 320

"Sinopse: Primeiro volume de uma trilogia que nos transporta até aos últimos quarenta anos da Roma republicana, Imperium segue as carreiras e as vidas dos homens que lutaram por a governar, sobretudo de Cícero. Através dos olhos de Tirão, seu secretário pessoal, materializa-se diante de nós um retrato vivo e repleto de suspense do mundo violento, traiçoeiro, corrupto e labiríntico da cena política romana, e em especial deste prometedor advogado e orador brilhante. Cícero é apenas um jovem senador quando o encontramos no início destas páginas. Porém, assistimos à sua ascensão determinada, implacável e feroz até obter imperium – o sumo poder estatal. Imperium é o primeiro volume de uma trilogia que foi já adquirida por cerca de 23 territórios e desde Setembro já vendeu mais de 200 000 exemplares nos EUA e no Reino Unido. A Presença publicará os dois volumes subsequentes."

Os estados emergem e caem. O poder nunca muda.

Retirado da Presença

Num tempo de invasão dos escaparates das novas edições por verdadeiras enxurradas de romance histórico de cordel, a diferença é sempre de assinalar. E não espanta que, uma vez mais, surja sob assinatura de Robert Harris. A sua obra de ficção (integralmente traduzida entre nós, os primeiros quatro títulos pela Bertrand, o novo pela Presença) começou a tactear o passado recente, da Segunda Guerra Mundial em Enigma (1995) à Rússia estalinista em Archaengel (1999), experimentando um soberbo argumento de história alternativa em Pátria (1992). Mais tarde, em Pompeii (2003) ensaiou um recuo maior no tempo, construindo um romance com subtexto de evidente tempero thriller na Pompeia do ano 69, nos dias que antecederam a histórica erupção do Vesúvio que soterrou a cidade. Em todos eles, contudo, uma série de características comuns, do gosto pelo detalhe historicamente correcto à opção pela definição de tramas em volta de heróis improváveis, que triunfam não pela força, mas pela correcta utilização da massa cinzenta. Imperium é diferente. Mais austero na forma, mais rigoroso nas citações, mais próximo de um registo biográfico que dos terrenos de ficção em que os seus quatro primeiros romances afloraram.

Primeira parte de uma já confirmada trilogia (segundo volume a editar em Inglaterra ainda este ano), sobre Cícero, talvez o mais célebre orador e um dos mais prolíficos autores da Roma republicana, Imperium não resvala nos tradicionais lugares comuns da ficção em sede romana (os gladiadores, as orgias), procurando antes nos jogos de poder, nas teias de corrupção e nos sucessivos enredos jurídicos a força que agarra o leitor página a página, com a mesma sede com que acompanhámos em Pátria a demanda de um funcionário público berlinense em busca de pistas sobre os secretos campos de concentração na Polónia nos dias da guerra ou, em Archaengel, a corrida às pistas que revelam uma escondida e perigosa herança de Estaline.

(…)

Imperium é apresentado como uma sucessão de memórias na voz de Tirão, um escravo que o jovem Cícero pediu emprestado ao pai quando partiu para a Grécia para estudar retórica e que, "como acontece com tantos livros úteis", acabou por nunca ser devolvido. Tirão serviu Cícero durante 36 anos, a História tendo guardado o seu nome como o criador da estenografia. Aqui relata-nos apenas os momentos mais movimentados e acidentados – porque "poucas leituras provocam mais tédio que aquelas que falam de felicidade" – da vida do seu amo entre 79 e 64 a.C., ou seja, um intervalo que no passado mais remoto nos recorda a transformação do jovem advogado de sucesso e de discursos apaixonados e implacáveis em senador, sob oposição da aristocracia e, mais tarde, a escalada na hierarquia do poder republicano até à sua eleição como cônsul e consequente obtenção do "imperium", o supremo poder estatal. A escrita ritmada e pouco adornada de Robert Harris toma os desafios nos tribunais e intrigas políticas como motores da acção na qual tomam lugar, como personagens de vulto, outras figuras do seu tempo como Pompeu, Crasso e também um ambicioso Júlio César, a preparar terreno para conquistas posteriores.

A história que Tirão nos relata cruza a vida pessoal de Cícero (que mostra como homem que casa por interesse pelo dinheiro da mulher e faz questão de beijar publicamente os filhos a toda a hora como rosto de uma imagem de homem de família de bons costumes) com factos concretos, uns protagonizados pelo seu amo (o julgamento do corrupto governador siciliano Gaio Verres ou, mais tarde, a conspiração de Catilina), outros apenas episódios fundamentais do seu tempo (a resposta de força à revolta de Espártaco ou as conquistas de Pompeu na Hispânia). Entre figuras e acções, a vida política, jurídica e mundana da Roma de há dois mil anos é-nos oferecida com um realismo não pitoresco, reduzida à condição de espaço que aceita a acção, nunca criando quadros de contemplação descritiva desnecessária.

Robert Harris ganha ao tomar Cícero como um homem cuja astúcia política admira mas do qual não esconde vulnerabilidades, contradições e defeitos (sobretudo a vaidade). E peca apenas quando tenta dissimular um discurso de evidente oposição à actual guerra contra o terrorismo num episódio de ataque pirata a Roma e consequente atribuição, por voto legal, de poderes especiais a Pompeu para derrotar um inimigo especial com uma resposta também especial. E com ares de "quem não está connosco está contra nós", estilo Bush, a sublinhar evidente espelho do presente num passado que não padece destas analogias forçadas para revelar como, na essência, certos jogos de corrupção, compra de favores e manobras de bastidores, afinal, não desapareceram da vida política.”

Retirado da Presença

sexta-feira, julho 13, 2007

Só Agora! (5)

Iniciação

2º Acto

Primeiro Sentir

Logo uma brisa
natureza
que nos desperta
o mundo que temos!

Óh, reflexo em mim
decide
que há-de ser
para te seguir!

Todo o corpo
agora
reage em onda
pela vida fora!

Ainda sem ver
quem sou!
apenas quero, isso
que é de mim!

SA (Ini 2, Ab.)

JRC

quinta-feira, julho 05, 2007

Nesta 'viagem' presidencial europeia ... "alegre eu vou, eu vou" ...!?

Agora que também já sei com que tipo de carácter algumas das personagens de que alguém aqui mui referido me tem falado, dentro da Instituição de Ensino Superior que tanto aprendi a amar ainda antes do 25 de Abril (1) (onde alguns me ensinaram a ir buscar umas resmas de papel para a dita causa de então), essas ditas “santíssimas” sumidades académicas cozem os ‘pratos’ gastronómicos com que alimentam as suas existenciais fantasias, tão puras e plenas de sanidade mental se revelam ao mundo que elas próprias criam, no seu imaginário de ficções/realidades, para aplauso dos que, apenas, se servem delas nessa vénia que prestam os fracos e os hipócritas, ao descobrirem-se envenenados com tão gulosas aparências.

Por mim, neste contínuo atestado médico de interregno passado a uma saúde que teve de se prostrar, quando somos “inconvenientes”, perante as evidências do Estado Espectáculo” a que chegámos, com proliferação de ‘papa-figos’ e respectivos ‘lambe-botas”, ainda prefiro manter aquele vai-vém de tarefas de leitura que o Estado que me paga não me encomendou, nem precisa para que tal eu continue praticando, no dia-a-dia, acções dignas da minha profissão e condignas para os destinatários que com tudo isso se identificam (há-os sempre, esses seres curiosos que ainda sabem ser designados de Estudantes).

Assim, dei novamente de caras com mais este livro aqui anunciado no “Politilendo”, mas cuja oportunidade se contextualiza, neste momento, da forma pedagogicamente mais pertinente, quer pelo interesse académico que, de per si, o seu conteúdo revela, quer pela anunciada discussão que, inevitavelmente, a pluralidade de opiniões sobre o tema sempre provoca:

Os Estados Nacionais e a Economia Global
Vítor Bento


CONTEÚDO

“Baseado numa dissertação de Mestrado em Filosofia da Acção (variante Filosofia Política), defendida na Universidade Católica, o presente livro procura equacionar em que medida é que a ordem internacional baseada na convivência de estados nacionais é afectada pela globalização económica. Partindo da natureza ontologicamente social da existência humana, o livro procura analisar as características que conduzem e enformam a agregação política, o processo que conduziu à formação e à afirmação dos estados nacionais e a interacção da ordem resultante com a globalização económica.Reconhecendo as crescentes limitações que o processo da globalização económica impõe à soberania dos estados nacionais, o livro aponta para a necessidade de cooperação e associação entre estados como a única forma de preservar a margem de afirmação das escolhas e da acção políticas. Pode assim contribuir para a discussão em curso sobre o processo de integração europeia.”

Índice
Nota Introdutória
I. O Homem, Animal Político
II. Emergência e Consolidação dos Estados Nacionais
III. A Economia na Ordem Contemporânea
IV. A Globalização Económica
V. Os Estados Nacionais numa ordem em Mudança

Bibliografia Citada

Retirado do site da Livraria Almedina
(1) Pode ver-se algo sobre as actividades do MAEESL, que com muito orgulho, com muita alegria e com uma grande serenidade interior, integrei em fins de 1971. Daí ter conhecido o ISCSPU, entre outros, quase todos, os estabelecimentos de Ensino Superior de Lisboa.
Veja-se, sobre isto, algo de muito esclarecedor, no “Jornal da Praceta” e no artigo que ‘postei’ no blogue que pagava à "Weblog".

Só Agora! (4)

Iniciação

1º Acto

Nasce o ser


É por todo o céu
sem ver
que mora a luz
que há-de chegar!

Por quem, dizes tu
onde
nós não chegamos
para saber, o quê?!

Que nos resta ter
senão
afastar do nada
o que a Vida dá!

Certo, e estará aqui
contigo
comigo, e sempre
como foi e será!

(SA, Ini 1, Ab.)

JRC