terça-feira, dezembro 23, 2008

Ai!!!, ...se a Srª minha Ministra me lesse, ...!!!(?)

E se os assessores (leia-se, pedagógicos) da Srª Ministra da Educação fossem todos professores (não precisava serem titulares)?!!! ...


Isto tudo não começou na era socratina! Nem na era guterrista, ou na cavaquistanista! Isto tudo começa todos os dias em que nos levantamos para viver mais um dia, uns à custa de outros, uns mais que outros! Mas em que ninguém assume as culpas, cada um a sua enésima parte de culpa, pelo estado a que chegamos! Uns por acção, outros muitos por omissão! Todos por cobardia!

Ora aqui está um adjectivo que pode chegar para começarmos a compreender uma das faces da fonte da nossa miséria social: falta de espinha dorsal, quer dizer de verticalidade, isto é, falta de coragem para assumirmos, todos, que todos nós sabemos do que se trata: todos sabemos que, mais ou menos, anteontem, ontem ou hoje, nos corrompemos ou deixamos corromper, anuímos ou fomos coniventes, mas certamente todos negligentes, face ao comodismo e ao oportunismo que as facilidades, os compadrios, os favores, prebendas e outras merendas, nos satisfizeram a todos, novamente a uns mais que a outros, quando tratamos de resolver as questões que a nós, a cada um de nós pelo seu mérito, deveria ficar entregue. E que cada um de nós sempre adiou, falseou, escondeu ou disso fugiu ou desertou!

E que tem isto a haver com a Srª Ministra da Educação? Tudo!!! Porque é disso que se trata: para atender a um fim que se justifica plenamente, seguiu e tem prosseguido por meios que, já em si, negam os fins a que se destinam! Ou seja, pede aos professores:

1º - que fiquem parados (a congelar) na carreira que os seduziu profissionalmente! Resultado organizacional: torna-se persona non grata (o titular do cargo, não a pessoa, entenda-se), e o inimigo nº 1 a abater;

2º - que se diferenciem entre si, tendo como consequência (mais uma inconstitucionalidade?) a discriminação e a injustiça funcional de alguns mais incompetentes (mas mais sistemizados) virem a assumir funções pedagogicamente fulcrais para a definição, acompanhamento e avaliação dos processos de ensino-aprendizagem !!!(...);

3º - que se avaliem, através dos tais que, para serem avaliadores, deveriam há muitos ser os primeiros a ser, especialmente, avaliados, primeiro para se atestar da sua competência para ensinar, e depois para avaliar o que os outros ensinam (e, admito-o, muitos não ensinam nada!!! Quanto a isso estou disposto, totalmente disponível, para ser avaliado e classificado, e daí assumir todas as consequências!!!);

4º - finalmente, que admitam que, para serem avaliados, têm que dizer, de sua própria justiça, o que acham que andam aqui a fazer! E o que pretendem fazer!? E quanto acham que por tanto deveriam ganhar (quanto a isso já tenho consultado ofertas de emprego no Reino Unido e na Noruega: a inferir pelos salários ali propostos, NÓS GANHAMOS MAIS QUE ESSES, QUE SÃO PROFESSORES EM PAÍSES MUITO MAIS RICOS QUE O NOSSO, com muito maiores taxas de sucesso escolar que o nosso)!!!

Então, V. Exª, Srª Ministra, não sabe que se entra para uma reun
ião (seja de que cariz for), dentro de uma escola (pelo menos pública) portuguesa, e a primeira coisa que se faz é assinar a respectiva Acta? E que acontece a um professor que, por acaso (?), até nem concorde com o seu conteúdo? A Srª Ministra acha que se vai chamar novamente uma dúzia de boas almas ensinantes e preencher, mais uma vez, aqueles papéis maçudos? Não!!! Processa-se o inssurecto, que é para ele aprender que, no ensino deste país muito finamente democratizado, quem não aprende não come!!! (?!!! Está a ver a essência da questão, não está?).

Então, a Srª Ministra, V. Exª não sabe que há órgãos de gestão, designados electivamente, que se perpetuam há mais de uma década nas mesmas cadeiras, e que gerem as coisas da feição já aqui insinuada? Mesmo que normativamente, a questão já em si, de si e só por si perniciosa, dos presidentes dos órgãos executivos acumularem a presidência pedagógica das respectivas escolas, ao mesmo tempo que presidem aos respectivos conselhos fiscais, torna as oportunidades de insucesso por acumulação de incompetência uma grande certeza! Ou seja, nas escolas públicas portuguesas, quem tem competências para fiscalizar é quem é fiscalizado! Ou vice-versa, que é o mesmo que dizer que aqueles cuja administração deve ser legalmente supervisionada são os próprios fiscalizadores!!! (Assim vai bem que não deve a quem! Percebeu?)

Só mais uma, Exª Srª Ministra: por favor, diga ao país: "eu não sabia que os professores afirmam fazer ou realizar "coisas" que (quase) ninguém faz! E todos concordam que se fez! Mesmo quem os dirige! Por isso esses também devem ser avaliados (fiscalizados e responsabilizados)! Sei que, por exemplo, muitíssimos dos alegadamente concebidos, participados e realizados (por professores e alunos) Projectos de Área-Escola, que se ratificam em Conselhos de Turma, nunca chegam a ser minimamente implementados (nalguns casos verifica-se, mesmo, que, durante todo um ano lectivo, ninguém sobre isso escreve uma única letra!!!?)! E que muitos professores que não se mostram coniventes com este estado de coisas chegam, em alguns (muitos?) casos, a ser processados, pelos mais variados e kafkianizados meios burocraticamente disponíveis!!!"

Por favor, Srª Ministra: diga-o, ou então diga ao país que eu sou um grande mentiroso (V. Exª está de acordo, não está?!!!)

Obrigado

Um Professor português, 
de uma escola de Portugal,
com votos de uma feliz e saudável quadra natalícia, para TODOS!