Observatório da nossa Polis à luz das memórias contínuas do pensamento filosófico português. Inspirado nos «Modernos Publicistas», segue o mesmo espírito crítico e de indignação:«De feito. Ardeu-me de todo o topete». Porque nunca calaremos no descampado onde reina a verdade que nos traz glória, repetiremos sempre a vontade de mestre Herculano: "é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las" ...!
terça-feira, dezembro 30, 2008
Será que foi mais uma "Sã Paiada"?!!!?
terça-feira, dezembro 23, 2008
Ai!!!, ...se a Srª minha Ministra me lesse, ...!!!(?)
quarta-feira, dezembro 17, 2008
Ajuda ... só aquele cantinho do Céu lisboeta onde me tornei Homem!
Se a coisa, congeminada no Ministério das Finanças, for avante, depois do Forte de Peniche transformado em pousada, veremos um dia destes uma loja Ikea na Torre de Belém e um hotel de charme no Mosteiro de Alcobaça (e porque não no da Batalha?); Rui Rio poderá, finalmente, vender a Torre dos Clérigos em "time-sharing"; e António Costa, em Lisboa, fazer dos Jerónimos um centro comercial. Governados por mercadores sem memória e sem outra cultura que não a do dinheiro, faltava-nos ver a nossa própria História à venda. Em breve, nem Cristo (quanto mais nós) terá poderes para expulsar os vendilhões do Templo porque eles já terão comprado o Templo e já lhe terão dado ordem de expulsão a Ele."
Haja Deus! Sempre! Amen!
quinta-feira, dezembro 11, 2008
Da Declaração UDH às democracias "de estimação", professor titular ...NÃO!
segunda-feira, dezembro 08, 2008
Das minhas "Lamentações" eu rezo a história!
quarta-feira, dezembro 03, 2008
Meditações do fundo da alma, para um futuro longínquo, deste Portugal sem Pátria!
terça-feira, dezembro 02, 2008
Sobre a "comunidade natural dos homens" e dos atentados que a ela a História já vai esquecendo ...(!?)
sábado, novembro 29, 2008
Deixem o "Zé" trabalhar, pá ...!!!
O "Zé", aquele que tanta falta fazia a Lisboa, já não é "provedor do cidadão", lamenta, amargamente, o Bloco de Esquerda. É capaz de ter razão: José Sá Fernandes parece outro. Está mais institucional e menos disponível para desembainhar a espada. Devem ser efeitos da "real politik", um vírus que lhe corrói a alma desde que começou a andar de braço dado com António Costa. Suspeita-se que passou de provedor a "provador". Tomou o gosto ao poder, esse supremo afrodisíaco que perde por completo a eficácia se tiver de conviver com a contestação.
No entanto, como se diz no futebolês quando o jogador falha o remate decisivo, o Bloco só pode queixar-se de si próprio. Adquiriu peso eleitoral às cavalitas do "Zé" e ganhou poiso no governo de Lisboa graças a um acordo com o PS, que subscreveu de livre vontade. Se concluiu que o seu representante no Executivo não cumpre o programa político, tem todo o direito de romper com ele. Tem é de pagar as favas, porque sendo independente não o pode substituir. É este o ponto que interessa discutir. Mais do que a guerrilha em ano pré-eleitoral.
Em Portugal, onde um dos temas predilectos do anedotário são "os políticos"- labéu atirado à ventoinha, indiscriminadamente, que em conversas de café significa pessoas pouco recomendáveis, potencialmente desonestas - fica sempre bem imputar aos partidos todos os males do Mundo. Por contraposição, ser independente cai no goto. Foi por isso - e pela combatividade demonstrada enquanto cidadão civicamente empenhado, concorde-se ou não com as causas defendidas - que o Bloco "recrutou" Sá Fernandes. A estratégia pouco teve de original. Muitos outros partidos acolhem independentes no regaço, por causa do seu valor no mercado eleitoral.
Desde que a lei permite candidaturas independentes, apenas até ao nível municipal, uma tendência tem vindo a manifestar-se: poucos são "genuínos". Abundam casos de ex-militantes de partidos que, de um momento para o outro, se viram contra a "casa-mãe". Alguns até têm assento na sala de reuniões do Executivo lisboeta. Com frequência, esses independentes apresentam-se como "puros", regeneradores do sistema, cheios de boas intenções. Prontos a denunciar as malévolas maquinações dos partidos de que na véspera faziam parte.
Sá Fernandes não encaixa neste perfil de ressabiado, é certo, porque que se saiba nunca teve cartão partidário. Mas não resistiu a lançar a "boca": o Bloco move-se, afirmou, por "interesses partidários" (o tom negativo fica nas entrelinhas). Só duas perguntas muito simples. Por quais haveria de mover- -se? É ilegítimo que os partidos tenham "interesses" ou só os individuais são admissíveis?"
Nestes tempos escolarmente muito conturbados, lembro-me muitas vezes dela. Não me lembro do nome, mas nunca hei-de esquecer a sua voz mansa, o cabelo todo branco (embora ainda fosse nova), o casaco comprido castanho, e a malinha enfiada no braço.
Tinha vindo de outra escola, e também não aqueceu ali o lugar: eram tempos complicados, e pensar pela própria cabeça (e - pior do que isso - pôr os alunos a pensar pela deles) pagava-se caro.
Nunca soubemos o que lhe aconteceu. Como na cantiga, "às duas por três chegou/ às duas por três partiu".
A primeira vez que entrou na nossa sala de aula, olhou para todas como se não soubesse o que havia de nos dizer. Depois abriu a malinha. Da malinha tirou um livro.
Um livro muito pequeno, de uma colecção chamada "Miniatura". Voltou a olhar para nós, abriu o livro e começou a ler. Era uma história estranha, que se passava numa terra que nem sabíamos onde ficava, uma história onde não havia mulheres a apaixonarem-se por homens que não lhes ligavam nenhuma, ou exactamente o contrário, como nos romances da "Biblioteca das Raparigas", que habitualmente líamos.
Era a história de uma terra aparentemente normal onde, de repente, começavam a aparecer ratos mortos, muitos ratos mortos. E, depois dos ratos mortos, começaram a morrer pessoas, muitas pessoas, até que alguém ordenou que a cidade fosse fechada.
Foi assim que nós, meninas de 15 anos, num liceu lisboeta no Portugal salazarento de finais dos anos 50, nos apaixonámos todas pela "Peste", de Camus.
A seguir à primeira leitura, ela explicou-nos quem era o autor, que terra estranha era aquela Oran onde tudo se passava, e disse-nos que estivéssemos sempre com muita atenção, porque às vezes as histórias tinham de ser entendidas para além das palavras.
Nos outros dias, tudo se processava da mesma maneira: entrava, abria a malinha, tirava o livro, "ora vamos lá ver onde ficámos da outra vez" - e lia.Sem floreados, sem "powerpoints", sem "Magalhães": a sua voz e mais nada. 50 minutos depois, a campainha tocava, ela fechava o livro, metia-o na malinha e saía.
E nós saímos da sala meio atordoadas, com a sensação de sermos muito mais adultas. E, no recreio a seguir, nunca tínhamos vontade de falar.
Não, evidentemente que "A peste" não fazia parte do programa! E as aulas que ela nos dava não eram de Português, ou de Francês, ou de outra disciplina curricular.
Acontecia apenas que tínhamos duas professoras que faltavam muito. E ela vinha, pura e simplesmente, dar-nos aulas de substituição."
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domingo, novembro 23, 2008
Estou longe de Mim, Cidade!
sábado, novembro 22, 2008
Memórias do passado que já era futuro!
quinta-feira, novembro 20, 2008
Finalmente, teremos a categoria "Um minuto pela sua saúde"?
quarta-feira, novembro 19, 2008
Será que temos uma "Democracia Virtual"?
"
Começa a ser fastidioso falar da ministra da Educação. Afinal de contas, como Brecht diria, o Sol nasce todos os dias sem querer saber dela, o trigo cresce nos campos, as estações sucedem-se. Mas que pode fazer o pobre cronista, se ela se tornou, se calhar contra a sua vontade, o lamentável protagonista do filme hoje mais visto em todas as salas do país? Desta vez, a crer na TSF, Lurdes Rodrigues "reconheceu segunda-feira a dificuldade das escolas na aplicação do processo de avaliação dos professores" e já "admite alterar o sistema". Durante o fim-de-semana, o argumentista ter-lhe-á escrito novos diálogos, pois ainda no sábado ela garantia no "Expresso" que não se passava nada. A explicação da inesperada evolução tem, tudo o indica, 150 anos, que se comemorarão em 2009, ano de eleições. E, como Darwin mostra em "A origem das espécies", o processo evolutivo de selecção natural implica que só organismos (incluindo ministros e maiorias) capazes de adaptar-se ao ambiente (e, no caso, que ambiente!) tendem a sobreviver. Resta saber se se trata de adaptação ou só de aclimatação ao tempo que faz. Num assomo de sinceridade, que só lhe fica bem, o homem que entre Agosto de 1987 e Janeiro de 2006 presidiu à Reserva Federal norte-americana assumiu recentemente ter-se enganado acerca da eficácia da "mão invisível" do mercado. Estava firmemente convencido de que ela reconduziria o sistema à sua genuína vocação, sempre que descarrilasse, dispensando intervenção externa, mas a erupção da crise financeira abalou-lhe as convicções. A moral desta história salta à vista. A Alan Greenspan foi confiada durante 18 anos a farda de "polícia do mercado" e ele aceitou vesti-la. Mas, lá no íntimo, acreditava que o sector financeiro não precisava de vigilância, corrigia-se a si próprio. Viu-se no que deu a crença. Ele também viu. Greenspan não é Vítor Constâncio. O norte-americano é um neo-liberal dos quatro costados, o português membro de um partido socialista. É natural que o governador do Banco de Portugal (BdP) seja adepto da regulação estatal do mercado. A questão, portanto, não reside em saber se um remexe mais do que o outro no complexo mundo financeiro ou, sequer, quem é que tem mais vontade de exercer a supervisão. A questão está em apurar a real eficácia dos mecanismos de controlo, numa época em que a intervenção do Estado é olhada de soslaio e muitos gostariam, como propalavam os neo-conservadores que Bush arregimentou no primeiro mandato, de ter um Estado tão pequeno que pudesse ser afogado na água do banho. Ao contrário do que possa supor-se, um Estado regulador não é um Estado "mais barato" (o argumento financeiro é o mais usado, quando se fala nestas coisas). Para efectivamente fiscalizar, o Estado tem de recrutar peritos e especialistas, sob pena de ficar refém da instituição regulada. Ora o Departamento de Supervisão Bancária do BdP, como ontem revelou o jornal Público, dispõe de apenas 60 técnicos, que nem fazendo todos os dias horas extraordinárias poderiam inspeccionar as 320 instituições financeiras do país, 40 das quais bancos. A intervenção do BdP, como reconheceu o próprio Constâncio, assenta essencialmente na análise de reportes enviados. E é escassa a sua autonomia - não faltam casos de transferência de quadros de bancos para o BdP e vice-versa. Se a supervisão funciona assim (sem meios e, por isso, com enormes deficiências, como confirma o "caso BPN"), a culpa não é de Vítor Constâncio. Ou não é exclusivamente dele, que pressurosamente se propõe agora instalar equipas de supervisão nos principais bancos. A culpa é do poder político. Por isso vale a pena perguntar: o poder político quer mesmo que as instituições reguladores sejam eficazes ou prefere manter um simulacro de regulação?" Um abraço a ambos (um dia procurarei encontrar-me com aquele Manel, palavra)!!!"Jurassik Park"
Ontem
Um simulacro de regulação
2008-11-13
De novo "em baixa"
quarta-feira, novembro 05, 2008
5 de Novembro: o primeiro dia de uma nova era?
Então, eu diria que os Estados Unidos da América são um país, e mais ainda uma nação, feita por subscrição mundial. Essa é a grande, se não a maior, causa da sua força no mundo, e certamente a garantia que ao mundo pode dar quanto às expectativas que muitos cidadãos do Mundo nessa nação depositam.
Muito portuguesmente (na esteira da nossa simbólica esfera armilar, das nossas cinco quinas e dos nossos sete mares, e a nossa "Procura da República Maior"), não posso deixar de relembrar aquele momento discursivo, proferido perante uma das maiores concentrações populares que o Mundo já conheceu, exactamente com a mesma exortação que o candidato democrata Barak H. Obama dirigiu, afinal, não só ao povo americano, mas a todos os cidadãos do Mundo:
"I have a dream"
E que eu actualizaria, dizendo We had a dream, oh mighty God, that finally You may come true.
Se assim for essa a vontade de Deus, God bless you, Barak. Our heart and our minds will follow You!!!
Oxalá!!!
PS: Em apreço pela honrosa missão que mestre JA Maltez tenta cumprir em Dili (Timor Lorosae), aqui deixo uma nota de discurso (do já eleito Barak Obama) que gostaria que ele passasse aos seus alunos e, se possível, que este fosse mais um bom exemplo para a unificação dessa tão simpática nação!!! Com mais um abraço de sincera amizade!
O Professor José Rodrigo Coelho
quinta-feira, outubro 30, 2008
Revisões da história e das ideias, durante mais uma "baixa" médica
(…) Veio depois a perda da unidade espiritual dos povos, porque como o sistema funcionava sobre o logro das maiorias, todo aquele que aspirava a ganhar o sistema tinha que procurar a maioria dos sufrágios. E tinha que procurá-la roubando-a, se preciso, aos outros partidos, e para isso não tinha que hesitar em caluniá-los, em verter sobre eles as piores injúrias, em faltar deliberadamente à verdade, em não desperdiçar um só recurso de mentira e de aviltamento. E assim, sendo a fraternidade um dos postulados que o Estado liberal nos mostrava no seu frontispício, não houve nunca situação de vida colectiva na qual os homens, injuriados, inimigos uns dos outros, se sentiram menos irmãos do que na vida turbulenta e desagradável do Estado liberal.
E, por último, o Estado liberal veio a apresentar-nos a escravidão económica, porque aos trabalhadores, com trágico sarcasmo, dizia-se-lhes: «sois livres de trabalhar o que quereis, ninguém pode compelir-vos a aceitar umas ou outras condições; agora: como nós somos os ricos, oferecemo-vos as condições que entendemos; vós, cidadãos livres, se não quereis não estais obrigados a aceitá-las; mas vós, cidadãos pobres, se não aceitais as condições que nós vos impomos, morrereis de fome, rodeados da máxima dignidade liberal». E assim veríeis como nos países onde se chegou a ter parlamentos mais brilhantes e instituições democráticas mais finas, não tínheis mais que afastar-vos uns cem metros dos bairros luxuosos para deparar com tugúrios infectos onde viviam amontoados os trabalhadores e as suas famílias, num limite de decoro quase infra-humano. E encontraríeis trabalhadores dos campos que de sol a sol se dobravam sobre a terra, de costas abrasadas, e que ganhavam em todo o ano, graças ao livre jogo da economia liberal, setenta ou oitenta jornas de três pesetas.
Por isso teve que nascer, e foi justo o seu nascimento (nós não escondemos nenhuma verdade), o socialismo. Os trabalhadores tiveram que defender-se contra aquele sistema, que só lhes dava promessas de direitos, mas não se preocupava em dar-lhes uma vida justa.
Agora, o socialismo, que foi uma reacção legítima contra aquela escravatura liberal, veio a descarrilar, primeiro numa interpretação materialista da vida e da História, segundo num sentido de represália; terceiro na proclamação do dogma da luta de classes.
O socialismo, sobretudo o socialismo que construíram, impassíveis na frieza dos seus gabinetes, os apóstolos socialistas, em quem acreditavam os pobres trabalhadores, (…) o socialismo assim entendido, não vê na História senão um jogo de recursos económicos: o espiritual suprime-se, a religião é um ópio do povo, a pátria é um mito para explorar os desgraçados. Tudo isso diz o socialismo. Não há nada mais que produção, que organização económica. Assim resulta que os trabalhadores têm que espremer bem as suas almas para que não sobre dentro delas a menor gota de espiritualidade.
O socialismo não aspira a restabelecer uma justiça social rompida pelo mau funcionamento dos Estados liberais, mas aspira à represália, aspira a chegar na injustiça tão longe quanto chegaram em sentido contrário os sistemas liberais.
Por último, o socialismo proclama o dogma monstruoso da luta de classes, proclama o dogma de que as lutas entre as classes são indispensáveis, e produzem-se naturalmente na vida, porque não pode haver nunca nada que as aplaque. E o socialismo, que veio a ser uma crítica justa do liberalismo económico, trouxe-nos, por outro caminho, o mesmo que o liberalismo económico: a desagregação, o ódio, a separação, o esquecimento de todo o vínculo de irmandade e solidariedade entre os homens.(…)
O movimento de hoje, que não é de partido, mas é um movimento, quase poderíamos dizer um anti-partido, saiba-se desde já, não é de direitas ou de esquerdas. Porque, no fundo, a direita é a aspiração a manter uma organização económica, ainda que seja injusta, e a esquerda é, no fundo, o desejo de subverter uma organização económica, ainda que ao subvertê-la se destruam muitas coisas boas. Logo, isto decora-se nuns e noutros com uma série de considerações espirituais. Saibam todos os que nos escutam de boa-fé que estas considerações espirituais cabem todas no nosso movimento, mas que o nosso movimento jamais amarrará o seu destino ao interesse de um grupo ou ao interesse de classe que habita sob a divisão superficial de direitas e esquerdas.
A Pátria é uma unidade total, em que se integram todos os indivíduos e todas as classes; a Pátria não pode estar nas mãos da classe mais forte nem do partido melhor organizado. A Pátria é uma síntese transcendente, uma síntese indivisível, com fins próprios que cumprir; e nós o que queremos é que o movimento deste dia, e o Estado que crie, seja o instrumento eficaz, autoritário, ao serviço de uma unidade indiscutível, dessa unidade permanente, dessa unidade irrevogável que se chama Pátria.
E com isso já temos todo o motor dos nossos actos futuros e da nossa conduta presente, porque seríamos apenas mais um partido se viéssemos anunciar um programa de soluções concretas. Tais programas têm a vantagem de que nunca se cumprem. Em troca, quando se tem um sentido permanente perante a História e perante a vida, esse mesmo sentido dá-nos as soluções perante o concreto, como o amor nos diz em que caso devemos discutir e em que caso nos devemos abraçar, sem que o verdadeiro amor tenha feito um mínimo programa de abraços e discussões.
Eis aqui o que exige o nosso sentido total da Pátria e do Estado que a há-de servir.
Que todos os povos de Espanha, por diversos que sejam, se sintam harmonizados numa irrevogável unidade de destino.
Que desapareçam os partidos políticos. Nunca ninguém nasceu membro de um partido político; em troca, todos nascemos membros de uma família, somos todos vizinhos num Município, esforçamo-nos todos no exercício de um trabalho. Pois se essas são as nossas unidades naturais, se a família e o Município e a corporação é no que verdadeiramente vivemos, para que necessitamos do instrumento intermédio e pernicioso dos partidos políticos que, para unir-nos em grupos artificiais, começam por desunir-nos nas nossa realidades autênticas?
Queremos menos palavreado liberal e mais respeito pela liberdade profunda do homem. Porque só se respeita a liberdade do homem quando se o considera, como nós o consideramos, portador de valores eternos, quando se o considera invólucro corporal de uma alma que é capaz de condenar-se ou de salvar-se. Só quando se considera o homem assim se pode dizer que se respeita verdadeiramente a sua liberdade, e mais se essa liberdade se conjuga, como nós pretendemos, num sistema de autoridade, de hierarquia e de ordem.
Queremos que todos se sintam membros de uma comunidade séria e completa, isto é, as funções a realizar são muitas, uns com o trabalho manual; outros com o trabalho do espírito; alguns com um magistério de costumes e refinamentos. Mas que numa comunidade tal como a que queremos, saiba-se desde já, não deve haver convidados nem deve haver zangões.
Queremos que não se cantem direitos individuais dos que nunca podem cumprir-se em casa dos famintos, mas que se dê a todo o homem, a todo o membro da comunidade política, pelo facto de sê-lo, a maneira de ganhar com o seu trabalho uma vida humana, justa e digna.
Queremos que o espírito religioso, chave dos melhores arcos da nossa História, seja respeitado e amparado como merece, sem que por isso o Estado se imiscua em funções que não lhe são próprias nem compartilhe como fazia, talvez por outros interesses que os da verdadeira religião, funções que lhe compete realizar por si mesmo. (…)
Mas o nosso movimento não seria de todo entendido se se cresse que é tão-somente uma maneira de pensar; não é uma maneira de pensar: é uma maneira de ser. Não devemos propor só a construção, a arquitectura política. Temos que adoptar, perante a vida inteira, em cada um dos nossos actos, uma atitude humana, profunda e completa. Esta atitude é o espírito de serviço e sacrifício, o sentido ascético e militar da vida. (…)
Creio que está alçada a bandeira. Agora vamos defendê-la alegremente, poeticamente. Porque há alguns que, frente à marcha da revolução, acreditam que para reunir vontades convém oferecer as soluções mais tíbias; crêem que se deve ocultar na propaganda tudo o que possa despertar uma emoção ou assinalar uma atitude enérgica e extrema. Que equívoco! Os povos nunca foram movidos por mais que os poetas, e ai de quem não saiba levantar, frente à poesia que destrói, a poesia que promete! (…)"