terça-feira, dezembro 30, 2008

Será que foi mais uma "Sã Paiada"?!!!?

Como na política há muitas montanhas a parir ratos!


Desta vez, ouvi. Acamado com esta gripe que anda por aí, virado para a côrte porque nesta minha janela de Lisboa o mar se estende à minha frente, lá ao longe, depois do Padrão dos Descobrimentos, de um lado, e da Trafaria, do outro, desta vez ouvi uma mensagem de um orgão político, em directo pela TV. Como já há uns anos o não fazia. Tenho tido razão para o não fazer, confirmou-o a estupefacção com que me colheu, em conclusão, a decisão tomada pelo nosso PR!

A julgar pelo tom com que o Prof. nosso PR começou a proferir toda a sua argumentação com que explicava aos portugueses a inaceitabilidade do texto legal aprovado em AR, e os perigos justificados de tal precedente (in)constitucional (plausivelmente a seu favor), eu já falava para dentro de casa: "Não me digas que, com isto tudo, não dissolve a AR"!!! 

Se o anterior PR dissolveu a anterior AR, com aquilo a que eu chamei de "um autêntico golpe constitucional", em que não podiam encontrar-se fundamentos constitucionais para a decisão que tomou, sendo um acto essencialmente político, como pode, agora, assistir-se a um atentado destes à CRP, aos princípios mais basilares da estabilidade de qualquer democracia constitucional moderna, e o PR (ainda por cima o elemento mais visado neste atentado) não dissolver aquele órgão?!!!?

Ou há aqui algo que me escapa, ou a montanha pariu ... um "absurdo"!

terça-feira, dezembro 23, 2008

Ai!!!, ...se a Srª minha Ministra me lesse, ...!!!(?)

E se os assessores (leia-se, pedagógicos) da Srª Ministra da Educação fossem todos professores (não precisava serem titulares)?!!! ...


Isto tudo não começou na era socratina! Nem na era guterrista, ou na cavaquistanista! Isto tudo começa todos os dias em que nos levantamos para viver mais um dia, uns à custa de outros, uns mais que outros! Mas em que ninguém assume as culpas, cada um a sua enésima parte de culpa, pelo estado a que chegamos! Uns por acção, outros muitos por omissão! Todos por cobardia!

Ora aqui está um adjectivo que pode chegar para começarmos a compreender uma das faces da fonte da nossa miséria social: falta de espinha dorsal, quer dizer de verticalidade, isto é, falta de coragem para assumirmos, todos, que todos nós sabemos do que se trata: todos sabemos que, mais ou menos, anteontem, ontem ou hoje, nos corrompemos ou deixamos corromper, anuímos ou fomos coniventes, mas certamente todos negligentes, face ao comodismo e ao oportunismo que as facilidades, os compadrios, os favores, prebendas e outras merendas, nos satisfizeram a todos, novamente a uns mais que a outros, quando tratamos de resolver as questões que a nós, a cada um de nós pelo seu mérito, deveria ficar entregue. E que cada um de nós sempre adiou, falseou, escondeu ou disso fugiu ou desertou!

E que tem isto a haver com a Srª Ministra da Educação? Tudo!!! Porque é disso que se trata: para atender a um fim que se justifica plenamente, seguiu e tem prosseguido por meios que, já em si, negam os fins a que se destinam! Ou seja, pede aos professores:

1º - que fiquem parados (a congelar) na carreira que os seduziu profissionalmente! Resultado organizacional: torna-se persona non grata (o titular do cargo, não a pessoa, entenda-se), e o inimigo nº 1 a abater;

2º - que se diferenciem entre si, tendo como consequência (mais uma inconstitucionalidade?) a discriminação e a injustiça funcional de alguns mais incompetentes (mas mais sistemizados) virem a assumir funções pedagogicamente fulcrais para a definição, acompanhamento e avaliação dos processos de ensino-aprendizagem !!!(...);

3º - que se avaliem, através dos tais que, para serem avaliadores, deveriam há muitos ser os primeiros a ser, especialmente, avaliados, primeiro para se atestar da sua competência para ensinar, e depois para avaliar o que os outros ensinam (e, admito-o, muitos não ensinam nada!!! Quanto a isso estou disposto, totalmente disponível, para ser avaliado e classificado, e daí assumir todas as consequências!!!);

4º - finalmente, que admitam que, para serem avaliados, têm que dizer, de sua própria justiça, o que acham que andam aqui a fazer! E o que pretendem fazer!? E quanto acham que por tanto deveriam ganhar (quanto a isso já tenho consultado ofertas de emprego no Reino Unido e na Noruega: a inferir pelos salários ali propostos, NÓS GANHAMOS MAIS QUE ESSES, QUE SÃO PROFESSORES EM PAÍSES MUITO MAIS RICOS QUE O NOSSO, com muito maiores taxas de sucesso escolar que o nosso)!!!

Então, V. Exª, Srª Ministra, não sabe que se entra para uma reun
ião (seja de que cariz for), dentro de uma escola (pelo menos pública) portuguesa, e a primeira coisa que se faz é assinar a respectiva Acta? E que acontece a um professor que, por acaso (?), até nem concorde com o seu conteúdo? A Srª Ministra acha que se vai chamar novamente uma dúzia de boas almas ensinantes e preencher, mais uma vez, aqueles papéis maçudos? Não!!! Processa-se o inssurecto, que é para ele aprender que, no ensino deste país muito finamente democratizado, quem não aprende não come!!! (?!!! Está a ver a essência da questão, não está?).

Então, a Srª Ministra, V. Exª não sabe que há órgãos de gestão, designados electivamente, que se perpetuam há mais de uma década nas mesmas cadeiras, e que gerem as coisas da feição já aqui insinuada? Mesmo que normativamente, a questão já em si, de si e só por si perniciosa, dos presidentes dos órgãos executivos acumularem a presidência pedagógica das respectivas escolas, ao mesmo tempo que presidem aos respectivos conselhos fiscais, torna as oportunidades de insucesso por acumulação de incompetência uma grande certeza! Ou seja, nas escolas públicas portuguesas, quem tem competências para fiscalizar é quem é fiscalizado! Ou vice-versa, que é o mesmo que dizer que aqueles cuja administração deve ser legalmente supervisionada são os próprios fiscalizadores!!! (Assim vai bem que não deve a quem! Percebeu?)

Só mais uma, Exª Srª Ministra: por favor, diga ao país: "eu não sabia que os professores afirmam fazer ou realizar "coisas" que (quase) ninguém faz! E todos concordam que se fez! Mesmo quem os dirige! Por isso esses também devem ser avaliados (fiscalizados e responsabilizados)! Sei que, por exemplo, muitíssimos dos alegadamente concebidos, participados e realizados (por professores e alunos) Projectos de Área-Escola, que se ratificam em Conselhos de Turma, nunca chegam a ser minimamente implementados (nalguns casos verifica-se, mesmo, que, durante todo um ano lectivo, ninguém sobre isso escreve uma única letra!!!?)! E que muitos professores que não se mostram coniventes com este estado de coisas chegam, em alguns (muitos?) casos, a ser processados, pelos mais variados e kafkianizados meios burocraticamente disponíveis!!!"

Por favor, Srª Ministra: diga-o, ou então diga ao país que eu sou um grande mentiroso (V. Exª está de acordo, não está?!!!)

Obrigado

Um Professor português, 
de uma escola de Portugal,
com votos de uma feliz e saudável quadra natalícia, para TODOS!

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Ajuda ... só aquele cantinho do Céu lisboeta onde me tornei Homem!

De novo nas origens, em dia de vários regressos e lembranças!

Dou comigo, novamente, nesta Guimarães bercinho da grande promessa civilizacional que este meu País já foi! Ainda mais: o destino leva-me a encontrar alguém que me disse a palavra "ajuda", bem conjugada na primeira pessoa de um futuro presente incondicional! 

Depois de rever a minha querida escolinha primária, sempre bem presente na minha memória (assim como o meu professor primário, que Deus já tem há muito tempo), sempre com aquelas escadinhas, o fontanário e toda a estrutura em pedra que por este Minho abunda, 

















e vista daquela estreita rua (Stª Luzia) que eu todos os dias subia e descia (não fossem os carros estacionados seria a mesma de há 45 anos)




foi um pequeno prémio para quem luta por um rasgo que seja de justiça e de paz! Por todos nós, pois esta coisa de "educação pública" já todos sabem, tem muito que se lhe diga!

E, ao abrir este portátil, dou de caras com o alerta do aniversário de minha tia materna ...! Ora, indubitavelmente, hoje a minha querida Guimarães disse-me, mais uma vez, presente, como sempre! (Bendita sejas, "oh Guimarães, oh minha terra querida ...")!!! (?) Mas não só: chegado a este feudo condal-barcelense, de gente sempre boa mas muito distante ... (?), entro no café do meu quotidiano e dou de caras com mais esta "Oh pinadela" (nem de propósito. Sempre há Deus. Mas, ao que parece, até Ele que se cuide ...!!!):

"Vendilhões do Templo

Com os encargos de todas as obras públicas anunciadas, boa parte do nosso futuro está hipotecada; pelo presente já ninguém dá nada; resta o passado. Não se estranhará, pois, que o Governo prepare um novo regime para o património histórico e cultural que abre portas à venda mais ou menos indiscriminada de monumentos históricos. "O mote é alienar", denunciam, alarmadas, as associações de defesa do património.

Se a coisa, congeminada no Ministério das Finanças, for avante, depois do Forte de Peniche transformado em pousada, veremos um dia destes uma loja Ikea na Torre de Belém e um hotel de charme no Mosteiro de Alcobaça (e porque não no da Batalha?); Rui Rio poderá, finalmente, vender a Torre dos Clérigos em "time-sharing"; e António Costa, em Lisboa, fazer dos Jerónimos um centro comercial. Governados por mercadores sem memória e sem outra cultura que não a do dinheiro, faltava-nos ver a nossa própria História à venda. Em breve, nem Cristo (quanto mais nós) terá poderes para expulsar os vendilhões do Templo porque eles já terão comprado o Templo e já lhe terão dado ordem de expulsão a Ele."

Haja Deus! Sempre! Amen!

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Da Declaração UDH às democracias "de estimação", professor titular ...NÃO!

A quanto não teremos, ainda, de resistir e de "declarar", e ... de esperar!!???

Projecto-me, em sonhos misturados com a realidade, nesta convalescença provocada pelos ditos arautos supremos da democracia "de trazer por casa", nas últimas das novelas sócio-políticas, nesta polis cada vez mais "degradante" e degradada, como já o 'profetizavam' alguns de que, também hoje, nos aponta mais este post de mestre JA Maltez, lá da terra do crocodilo do sol nascente ...!

Apenas gostaria de lembrar, ao respeitoso Prof. Mário Nogueira, que dentro da sua organização pontificam muitos desses jacobinos amantes das democracias de estimação (para lembrar a fábula do piolho, o tal "Jimmy" de unhas pintadas, o animal de estimação de uma dessas personagens, psicopata pseudo-delinquente e lunática assumida), tanto que, agora que o prezado colega (e muito bem) vem defender mais uma vez a abolição da figura do "professor titular", deveria contar QUANTOS DESSES SEUS AFILIADOS NÃO SÃO JÁ PROFESSORES TITULARES? E se o são (desde o primeiro minuto em que se deu a abertura para tal concurso), será que o vão deixar de ser (ou já deixaram?)?!!!?

Fico-me pela remissão, a tão digníssima gente, para os artºs 1º, 5º, 6º, 9º, 12º, 19º, 23º (sobretudo nº 2) e 30º, da Declaração Universal dos Direitos do Homem, ainda e em muito por cumprir!!!

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Das minhas "Lamentações" eu rezo a história!

Sobre essa distância mal percorrida, daqui vou vendo, mestre, teus lamentos!

Mais um post dedicado a mestre JA Maltez, lá na terra onde tsunami é apenas um grito de Deus, ou um seu castigo, ou a expressão divina da raiva do Homem ...! Mas sempre a Natureza, por nós interpretada e vivida, encarnada no sentimento de pertença à sua Sorte ...!

Faço questão de dizer:
em mim outros não são!
Continuo,
persisto vivendo,
pensando no que vier
sem saber porquê
entendo!
Sempre como então,
olhando,
o que Deus quer!





Espelho de mim,
a ver,
outra vez o que serão
amanhãs que vão
sendo,
outros dias,
quem não quer
ter em si, vão tendo?
Apenas vêm, terão
o que Deus lhes der!
Não é fácil,
dizer: utopias o que são?!
O que vier, sendo!

(Lamentações, 6)

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Meditações do fundo da alma, para um futuro longínquo, deste Portugal sem Pátria!

Estatísticas democráticas, notícias democratizantes e meditação transdemocrática! 

Eis como se passou mais um dia, mais um espaço de tempo em que o folquelore do costume, desde as caricaturas radiofónicas do Bruno Nogueira (TSF) sobre o Congresso do PCP, a entremearem as notícias dos 60,1 % (versão W Lemos) contra os 94 % (versão da P sindical) com que sintetizam a greve dos profs; as "Oh, pinadelas" do Manel do JN sobre o socialismo de trazer na gaveta e as biscspicadas do Jó-Jó quanto aos limites da estatístico-democratura em Angola, apenas me deixa na saudade as notas soltas de desabafo deste amigo lá longe, bem longe, tão longe que, de tanto espreitar, fixo os olhos naqueles horizontes para além de todo este pseudo-neuro-democratismo, quando leio mais uma dessas notas em que também embarco, com que me solto e solidarizo, mas lamento, porque também navegar preciso ...!!!

"Quando descer sobre a luz que me faz falta, num ir além do poente, noite dentro, até sempre


(...) Confesso que não vim aqui procurar a pátria que já não há, a revolução que sempre foi perdida, quando apenas devia ter sido evitada, o falso homem do leme ou uma qualquer nau de fantasia que, envolta no mistério do exótico, seja capaz de me dar porto seguro ou refúgio face a ameaça dos piratas. Por mim, porque navegar é preciso, continuo sem contabilizar o ir não sei para onde, dos que apenas se submetem para o sobreviver e se esquecem que importa lutar, para que continuemos a viver. 

Parece que não conseguirei um conveniente heterónimo me dê refúgio e talvez  chegue mesmo à conclusão que tenho definitivamente de mudar para outra ilha qualquer, onde saiba mesmo que não haverá lugar, tanto do onde como do porquê.  Mas sempre era capaz de dizer que quando descer sobre a luz que me faz falta, quando estiver no regressar, poderei, talvez, continuar a viver assim, sem agenda, para poder ter sempre um intervalo que me dê tempo e me dê sítio. De um estar que seja ser e de um ser que não dependa do ter. Num aqui e agora,  que seja sempre acaso procurado, sem horários, sem relatórios, sem reuniões, avaliações, manual de procedimentos, num ir além do poente, até sempre, ao nascer de novo, de um dia mais dia que me  dê força, para que o amanhã seja o que Deus quer e o que homem sonha, para que volte a dizer pedra e a dizer praia, a praia de partida que o sonho todos os dias desenha no mapa da procura de quem continua a procurar."

terça-feira, dezembro 02, 2008

Sobre a "comunidade natural dos homens" e dos atentados que a ela a História já vai esquecendo ...(!?)

Revejo, agora em formato DVD (com as vantagens de se possuir um "making of" fantástico, valendo inequivocamene a pena observá-lo com toda a atenção e estudo dedicado), "A Missão", um filme que, depois de fazer aquele estudo de tudo quanto possa estar contido nas suas múltiplas mensagens sócio-humanas (numa vertente mais antropológica), históricas e políticas (aqui se extendendo a acepção do político ao jurídico), só pode ser considerado um dos marcos do cinema, e por tudo isso (e não só), em minha opinião, um dos maiores filmes da história cinematográfica.

Por isso, e depois de ler mais uma das mensagens que, talvez ainda implicitamente, se lêem no relato das 'viagens' de mestre JA Maltez pelas "terras do crocodilo":

"(...) ainda acredito que, no mundo afro-asiático, o direito pode ser expressão directa da consciência jurídica popular, uma produção instintiva e quase inconsciente, onde há um espírito particular, e o mesmo é gerador da poesia, dos costumes, da língua e de outros segregados da história. (...)
 
(neste post), posso prometer-lhe que gostaria, com toda a humildade, que passasse este filme, legendado em português, aos seus alunos e a todos os eventuais interessados na comunidade onde cumpre 'missão', e que, se assim o quiser, lho enviarei, para passar a fazer parte do espólio documental dessa Escola.




Vale a pena!!!

PS: esta é apenas uma das pequenas peças que encontrei para poderem transmitir apenas uma pequena ideia do que esta obra contém, no You Tube.

sábado, novembro 29, 2008

Deixem o "Zé" trabalhar, pá ...!!!

Mais uma fogueira que aquece a pena de muitos opinadores; e uma metafórica "alegoria da caverna" da escola actual ...

Volto a ler o meu ex-colega iscspiano "Jó-Jó". E, já o disse, lá que ele tem talento, também me parece verdade. Mas nem sempre se acerta! Porquê?:

- errare humanum est, diriam alguns jus pensadores ...;
- são pedradas fora do alvo ...;
- o tipo não gosta do outro ...;
- os jornalistas têm sempre algo que dizer, seja do que for ...;
- está a defender a sua causa (?) ...!!!

Bom, o que interessa é o que este ex-colega jornalista alega para criticar as justificações apresentadas por aquele designado e (parece) desafortunado representante dos lisboetas (José Sá Fernandes), quanto às suas desavenças com o bloco partidário (há por aí mais blocos do que se pense ...) que escolheu para esse efeito. 

Numa palavra, depois de tantas que o autor do artigo que se segue empregou para concluir por tão pouco, qualquer eleito, seja para que instituição democrática for, deve representar (é o instituto da res presentatione)  o que aqueles que o designaram esperam que faça (para isso lhe conferem um poder mandatário, não para outra coisa, como, por exemplo, servir interesses partidários, mesmo que estes sejam legítimos, democráticos e programáticos).

Mas, como diz o ditado popular, "não há fumo sem fogo". E lá que o "Zé" tem de se explicar bem, sobretudo depois da conotação que lhe está a ser rotulada de apêgo ao poder, lá isso tem. Para defesa, não só da sua alegada honorabilidade, mas dos tais interesses primeiros (mesmo que não os maiores) que são os dos representados que o elegeram.

"O Bloco largou o "Zé"

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O "Zé", aquele que tanta falta fazia a Lisboa, já não é "provedor do cidadão", lamenta, amargamente, o Bloco de Esquerda. É capaz de ter razão: José Sá Fernandes parece outro. Está mais institucional e menos disponível para desembainhar a espada. Devem ser efeitos da "real politik", um vírus que lhe corrói a alma desde que começou a andar de braço dado com António Costa. Suspeita-se que passou de provedor a "provador". Tomou o gosto ao poder, esse supremo afrodisíaco que perde por completo a eficácia se tiver de conviver com a contestação.

No entanto, como se diz no futebolês quando o jogador falha o remate decisivo, o Bloco só pode queixar-se de si próprio. Adquiriu peso eleitoral às cavalitas do "Zé" e ganhou poiso no governo de Lisboa graças a um acordo com o PS, que subscreveu de livre vontade. Se concluiu que o seu representante no Executivo não cumpre o programa político, tem todo o direito de romper com ele. Tem é de pagar as favas, porque sendo independente não o pode substituir. É este o ponto que interessa discutir. Mais do que a guerrilha em ano pré-eleitoral.

Em Portugal, onde um dos temas predilectos do anedotário são "os políticos"- labéu atirado à ventoinha, indiscriminadamente, que em conversas de café significa pessoas pouco recomendáveis, potencialmente desonestas - fica sempre bem imputar aos partidos todos os males do Mundo. Por contraposição, ser independente cai no goto. Foi por isso - e pela combatividade demonstrada enquanto cidadão civicamente empenhado, concorde-se ou não com as causas defendidas - que o Bloco "recrutou" Sá Fernandes. A estratégia pouco teve de original. Muitos outros partidos acolhem independentes no regaço, por causa do seu valor no mercado eleitoral.

Desde que a lei permite candidaturas independentes, apenas até ao nível municipal, uma tendência tem vindo a manifestar-se: poucos são "genuínos". Abundam casos de ex-militantes de partidos que, de um momento para o outro, se viram contra a "casa-mãe". Alguns até têm assento na sala de reuniões do Executivo lisboeta. Com frequência, esses independentes apresentam-se como "puros", regeneradores do sistema, cheios de boas intenções. Prontos a denunciar as malévolas maquinações dos partidos de que na véspera faziam parte.

Sá Fernandes não encaixa neste perfil de ressabiado, é certo, porque que se saiba nunca teve cartão partidário. Mas não resistiu a lançar a "boca": o Bloco move-se, afirmou, por "interesses partidários" (o tom negativo fica nas entrelinhas). Só duas perguntas muito simples. Por quais haveria de mover- -se? É ilegítimo que os partidos tenham "interesses" ou só os individuais são admissíveis?"

Por isso, recomendo ao meu antigo colega de Escola que consulte, por exemplo, um amigo comum (como o M. Meirinho), numa pausa como aquelas de almoço no refeitório de Escola, e que lhe pode dar uns conselhos mais especificados nesta área da coisa política ...! 

OK, Paulo?!
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Recomendo, como em projecção do que se deve depreender ou "ler" para além das palavras, uma observação atenta à mensagem desta conhecida autora:

"No liceu há 50 anos

Nestes tempos escolarmente muito conturbados, lembro-me muitas vezes dela. Não me lembro do nome, mas nunca hei-de esquecer a sua voz mansa, o cabelo todo branco (embora ainda fosse nova), o casaco comprido castanho, e a malinha enfiada no braço.

Tinha vindo de outra escola, e também não aqueceu ali o lugar: eram tempos complicados, e pensar pela própria cabeça (e - pior do que isso - pôr os alunos a pensar pela deles) pagava-se caro.

Nunca soubemos o que lhe aconteceu. Como na cantiga, "às duas por três chegou/ às duas por três partiu".

A primeira vez que entrou na nossa sala de aula, olhou para todas como se não soubesse o que havia de nos dizer. Depois abriu a malinha. Da malinha tirou um livro.

Um livro muito pequeno, de uma colecção chamada "Miniatura". Voltou a olhar para nós, abriu o livro e começou a ler. Era uma história estranha, que se passava numa terra que nem sabíamos onde ficava, uma história onde não havia mulheres a apaixonarem-se por homens que não lhes ligavam nenhuma, ou exactamente o contrário, como nos romances da "Biblioteca das Raparigas", que habitualmente líamos.

Era a história de uma terra aparentemente normal onde, de repente, começavam a aparecer ratos mortos, muitos ratos mortos. E, depois dos ratos mortos, começaram a morrer pessoas, muitas pessoas, até que alguém ordenou que a cidade fosse fechada.

Foi assim que nós, meninas de 15 anos, num liceu lisboeta no Portugal salazarento de finais dos anos 50, nos apaixonámos todas pela "Peste", de Camus.

A seguir à primeira leitura, ela explicou-nos quem era o autor, que terra estranha era aquela Oran onde tudo se passava, e disse-nos que estivéssemos sempre com muita atenção, porque às vezes as histórias tinham de ser entendidas para além das palavras.

Nos outros dias, tudo se processava da mesma maneira: entrava, abria a malinha, tirava o livro, "ora vamos lá ver onde ficámos da outra vez" - e lia.Sem floreados, sem "powerpoints", sem "Magalhães": a sua voz e mais nada. 50 minutos depois, a campainha tocava, ela fechava o livro, metia-o na malinha e saía.

E nós saímos da sala meio atordoadas, com a sensação de sermos muito mais adultas. E, no recreio a seguir, nunca tínhamos vontade de falar.

Não, evidentemente que "A peste" não fazia parte do programa! E as aulas que ela nos dava não eram de Português, ou de Francês, ou de outra disciplina curricular.

Acontecia apenas que tínhamos duas professoras que faltavam muito. E ela vinha, pura e simplesmente, dar-nos aulas de substituição."

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PS: Há alguma reserva de direito de imagem para as fotos dos autores dos artigos de jornal? Ou tenho de pagar direitos de autor? Será algum crime de exposição pública ou de apropriação de direitos alheios?
Vá lá, deixem estar as fotografias dos autores citados, já que se indica a respectiva fonte (ver links). OK?

Cmprimentos e um abraço

domingo, novembro 23, 2008

Estou longe de Mim, Cidade!


Pat Metheny & Charlie Haden: "Message to a friend"

Cidade que não me lembra não cabe na memória viva dos dias que vou lamentando! Porque na vida e na memória de cada pessoa há uma "civitatem"! Mas refiro-me a essa cidade que sabe como formar a força de carácter nos indivíduos que a vivem e, assim, nela sabem laborar e desenvolver!
E, porque nela se formam e nela aprendem a amar e a ser, só esses melhor a sabem estimar e defender - eis a base em que se pode fundamentar toda a antítese aos que gostariam de tornar realidade a fantasia de que qualquer indivíduo a quem seja reconhecida cidadania está apto, só por esse facto, a assumir o papel e a desempenhar quaisquer funções de serviço público. Pode, até, haver cidadãos com vocação e competência para algumas das funções públicas, mas se lhes faltar o carácter que só a civilidade pode proporcionar aos indivíduos que nela se formaram e que, por isso, a vivem, essa vocação e essa competência estará sempre incompleta, inacabada, será praticamente inoportuna!

Portanto, cidade que não "alimente" os seus cidadãos com o carácter que é preciso para nela aprenderem a cultivar a comunhão no "Nós" é uma entidade que não merece esse estatuto. Nem os seus habitantes o terão, só por si, a não ser por vias extrínsecas à sua origem. Não foi esse o caminho das civilizações, nem é essa a natureza da polis! Porque é naquele pedaço de força de vontade humana que se reconhece em si mesmo que reside a liberdade de se sentir senhor e servo, servidor e servido, pedaço de um todo a que se pertence e, nessa consciência, se ama - quem não se ama assim não se revê em nada que não seja ele próprio (eis o princípio do egoismo social)!

Ora, de onde agora estou nada há em mim! Nada de mim! Para mim apenas o que consigo de mim, comigo e com pouco(s) mais! Praticamente tudo me é alheio (no que é socialmente relevante), e em muito do que aqui vivo reina a adversidade! Desta forma, mesmo na urbe (exactamente ao contrário do que muitos e muitos pensam) os ramos desviados definham, as vias de civilidade entopem e os fluxos de vida congestionam!

Então, os rostos humanos coram com os protestos e o desespero das almas!
Estou longe de Mim, Cidade!!!

(Cogitadelas, 12)

sábado, novembro 22, 2008

Memórias do passado que já era futuro!

Com um grande abraço cheio de afecto, "Do Minho a Timor"

Vejo, no relance em que chego a Guimarães, que já ninguém se vê nas vias públicas, aconchegados ao calor interior das casas. Mas no Centro Cultural Vila Flor está a acontecer o Guimarães Jazz 2008, com um cartaz (ver aqui) de nomes que ainda não conheço na sua maiora. 

No entanto, ressaltam-me dois nomes: 
- quinta-feira - Billy Harper (um sax tenor que já tinha conhecido no Dramático de Cascais, em 1980 ou 81, se a memória for precisa ... Billy all black Harper ...); 
- e, na sexta-feira, umas pitadinhas de Trio já algures ouvidas deste pianista Kenny Barron, a fazer-me lembrar um Trio (Buster Williams Trio) muito semelhante, de que ele fez parte, com o Buster Williams (contra-baixo)

Já que não posso dedicar a Dili "Someday my prince will come" - Tokudo (do Buster Williams Trio), eis aqui um trecho musical muito próximo do que aqui, em Guimarães, foi exibido,



com nova formação:

- novo baterista, Jonathan Blake:

- e o companheiro de há já uns anos de Kenny, e não menos espectacular contra-baixista, Kiyoshi Kitagawa (a nova formação Kenny Barron Trio)


Chegado a casa em terras do Cávado, dou de caras com umas mensagens evocativas desse novo movimento de pretensões armilares de que tantos comigo falam, lembrando outras tantas evocações que encontramos, por exemplo, no Tempo Que Passa. E então vejo porque quis relembrar em foto, também, este pedacinho de muralha, que evoca o lugarzinho de onde tudo isso nasceu:


Então voltei.
E lembrei as pedras de calçada com que ainda está pavimentado o jardim do centro do Largo do Toural, tal como as pisava desde menino que ia para a escola primária (porque será que lá está escrito o nome Lisboa ?), olhando a torre da Igreja (de S. Pedro) com o mesmo relógio de sempre, que assinalava aos urbanos desta terra as partes do dia com que avançavam os nossos quotidianos, e ainda a fachada da loja que teima em manter (mesmo que de lado) o nome de meus avós maternos ...!



Por tudo isto deixo aqui esta foto para memória do Kenny Barron Trio



E esta de agradecimento por toda a atenção que me dispensou (com acreditação de imprensa para realizar esta pequena sucessão fotográfica ao concerto) a Drª Marta Ferreira e todo o seu grupo de trabalho (é um exemplo de profissionalismo incrível, que me deixa orgulhoso de ser vimaranense ...!) do Centro Cultural Vila Flor!


Bem hajam! Obrigado Guimarães, minha terra querida (ainda me lembro do hino da minha terra natal)!!!

O Prof. José Rodrigo Coelho

quinta-feira, novembro 20, 2008

Finalmente, teremos a categoria "Um minuto pela sua saúde"?

Tenho já algumas vezes falado com médicos que, quer na sua especialidade quer na medicina generalista, mostraram interesse e gostariam de participar aqui, no "Publicista", com artigos atinentes aos respectivos horizontes profissionais. Mas, ... ainda não obtive deles uma resposta definitiva.

A não ser, agora, que este Dr. Nivaldo Leão, com quem falei ainda hoje, realmente "encaixe" na questão. Por mim e não só para mim (certamente que, também, para muitos outros), teria muita honra e seria uma grande satisfação ver aqui expostas as suas observações médicas, que eu tenho certeza de que irão agradar muito a quem as ler (e, como lhe transmiti, também serão motivo de sua auto-satisfação).

Por isso lhe deixo, desde já, uma sugestão para o nome da etiqueta (categoria) que colocará nos seus posts: um minuto pela sua saúde. Ela já consta como a categoria deste post.

Oxalá. E muito obrigado, Dr.Nivaldo, pela parte do autor deste Blogue!

quarta-feira, novembro 19, 2008

Será que temos uma "Democracia Virtual"?

Fóruns TSF, politiquices, governança, jornalistas, "crises" que a todos cuida da pança!

Vou lendo e tentando assimilar as notícias, desde a capitaleira Lisboa que já não é a mesma de outrora (ainda há dias explicava isso a um barcelense, agora de serviço na PSP por essas bandas, que lindo era viver e ser cidadão nessa capital então única no Mundo ...!), até às novas e menos más de Dili, pela pena de meu mui citado mestre JA Maltez.

Por isso lhe comunico, ainda, sinais de tudo na mesma. Continuo a ir ao café e fazer o meu Sudoku, antes de entrar nas últimas do já aqui referenciado Senhor Pina (este é dos meus "inconvenientes"). Por acaso, dou de caras com umas de "Opinião" do meu ex-colega do ISCSP Jó-Jó (Paulo Martins), ainda há uns meses atrás ali revisto ...! Não sei qual deles melhor, nisto de escrever artigos de opinião. Apenas revelo aos meus leitores que vale a pena lê-los: mestre JAM, Pina e Paulo Martins. Com todo o apreço pelos demais, aqui deixo essas referências e justificações:


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"Jurassik Park"

Ontem

Começa a ser fastidioso falar da ministra da Educação. Afinal de contas, como Brecht diria, o Sol nasce todos os dias sem querer saber dela, o trigo cresce nos campos, as estações sucedem-se. Mas que pode fazer o pobre cronista, se ela se tornou, se calhar contra a sua vontade, o lamentável protagonista do filme hoje mais visto em todas as salas do país? Desta vez, a crer na TSF, Lurdes Rodrigues "reconheceu segunda-feira a dificuldade das escolas na aplicação do processo de avaliação dos professores" e já "admite alterar o sistema".

Durante o fim-de-semana, o argumentista ter-lhe-á escrito novos diálogos, pois ainda no sábado ela garantia no "Expresso" que não se passava nada. A explicação da inesperada evolução tem, tudo o indica, 150 anos, que se comemorarão em 2009, ano de eleições. E, como Darwin mostra em "A origem das espécies", o processo evolutivo de selecção natural implica que só organismos (incluindo ministros e maiorias) capazes de adaptar-se ao ambiente (e, no caso, que ambiente!) tendem a sobreviver. Resta saber se se trata de adaptação ou só de aclimatação ao tempo que faz.

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Um simulacro de regulação

2008-11-13

Num assomo de sinceridade, que só lhe fica bem, o homem que entre Agosto de 1987 e Janeiro de 2006 presidiu à Reserva Federal norte-americana assumiu recentemente ter-se enganado acerca da eficácia da "mão invisível" do mercado. Estava firmemente convencido de que ela reconduziria o sistema à sua genuína vocação, sempre que descarrilasse, dispensando intervenção externa, mas a erupção da crise financeira abalou-lhe as convicções. A moral desta história salta à vista. A Alan Greenspan foi confiada durante 18 anos a farda de "polícia do mercado" e ele aceitou vesti-la. Mas, lá no íntimo, acreditava que o sector financeiro não precisava de vigilância, corrigia-se a si próprio. Viu-se no que deu a crença. Ele também viu.

Greenspan não é Vítor Constâncio. O norte-americano é um neo-liberal dos quatro costados, o português membro de um partido socialista. É natural que o governador do Banco de Portugal (BdP) seja adepto da regulação estatal do mercado. A questão, portanto, não reside em saber se um remexe mais do que o outro no complexo mundo financeiro ou, sequer, quem é que tem mais vontade de exercer a supervisão. A questão está em apurar a real eficácia dos mecanismos de controlo, numa época em que a intervenção do Estado é olhada de soslaio e muitos gostariam, como propalavam os neo-conservadores que Bush arregimentou no primeiro mandato, de ter um Estado tão pequeno que pudesse ser afogado na água do banho.

Ao contrário do que possa supor-se, um Estado regulador não é um Estado "mais barato" (o argumento financeiro é o mais usado, quando se fala nestas coisas). Para efectivamente fiscalizar, o Estado tem de recrutar peritos e especialistas, sob pena de ficar refém da instituição regulada. Ora o Departamento de Supervisão Bancária do BdP, como ontem revelou o jornal Público, dispõe de apenas 60 técnicos, que nem fazendo todos os dias horas extraordinárias poderiam inspeccionar as 320 instituições financeiras do país, 40 das quais bancos. A intervenção do BdP, como reconheceu o próprio Constâncio, assenta essencialmente na análise de reportes enviados. E é escassa a sua autonomia - não faltam casos de transferência de quadros de bancos para o BdP e vice-versa.

Se a supervisão funciona assim (sem meios e, por isso, com enormes deficiências, como confirma o "caso BPN"), a culpa não é de Vítor Constâncio. Ou não é exclusivamente dele, que pressurosamente se propõe agora instalar equipas de supervisão nos principais bancos. A culpa é do poder político. Por isso vale a pena perguntar: o poder político quer mesmo que as instituições reguladores sejam eficazes ou prefere manter um simulacro de regulação?"

Um abraço a ambos (um dia procurarei encontrar-me com aquele Manel, palavra)!!!

De novo "em baixa"

Não sei se são os efeitos da economia, se das afrontas que vêm dos lados das desditas de maus costumes (porque lá que as há, las hay), o certo é que estou melhorando destas maleitas que as tais me vão pregando, e os seus carrascos carbonários respectivamente vão arquivando ...!

Mas cá me vou arranjando, com a ajuda de Deus, da minha família (que são os meus) e dos santos a quem me dirijo em meditação! E não paro! Estou, nesses entretantos, a tentar construir o meu domínio (depois darei todos os links). A expensas do meu bolso (pelo menos directamente, sem subsídios estatais)!

Que hei-de fazer para poder continuar a trabalhar com tanquilidade, sem as afrontas dos jacobinos do costume? Mudar de estabelecimento de ensino, como me mandam, imperativamente, os receituários médicos? Se assim tem que ser, vamos a isso. Já não é sem tempo!


Oxalá, com a ajuda de todos quantos me quiserem e puderem ajudar, institucionalmente ou não!

quarta-feira, novembro 05, 2008

5 de Novembro: o primeiro dia de uma nova era?

"We shall overcome, one day"!
Se a recordação de meu mui citado mestre JA Maltez "Lisboa é uma capital feita por subscrição nacional" representa, ao nível interno de Portugal, uma observação realista incontornável, o facto histórico deste 4 de Novembro (também dia de aniversário do meu primogénito David) traz-me, de novo, a esperança por mim interiorizada na minha adolescência, de que os EUA são uma representação, à escala planetária, daquilo por que todo o mundo anseia.

Então, eu diria que os Estados Unidos da América são um país, e mais ainda uma nação, feita por subscrição mundial. Essa é a grande, se não a maior, causa da sua força no mundo, e certamente a garantia que ao mundo pode dar quanto às expectativas que muitos cidadãos do Mundo nessa nação depositam.

Muito portuguesmente (na esteira da nossa simbólica esfera armilar, das nossas cinco quinas e dos nossos sete mares, e a nossa "Procura da República Maior"), não posso deixar de relembrar aquele momento discursivo, proferido perante uma das maiores concentrações populares que o Mundo já conheceu, exactamente com a mesma exortação que o candidato democrata Barak H. Obama dirigiu, afinal, não só ao povo americano, mas a todos os cidadãos do Mundo:

"I have a dream"



E que eu actualizaria, dizendo We had a dream, oh mighty God, that finally You may come true.
Se assim for essa a vontade de Deus, God bless you, Barak. Our heart and our minds will follow You!!!
Por isso, aqui deixo o marco histórico da sua campanha eleitoral. A génese do seu discurso mais espiritual não pode ser desmentida. Eis a raíz da esperança em todo o seu discurso político:




Oxalá!!!

PS: Em apreço pela honrosa missão que mestre JA Maltez tenta cumprir em Dili (Timor Lorosae), aqui deixo uma nota de discurso (do já eleito Barak Obama) que gostaria que ele passasse aos seus alunos e, se possível, que este fosse mais um bom exemplo para a unificação dessa tão simpática nação!!! Com mais um abraço de sincera amizade!

O Professor José Rodrigo Coelho

quinta-feira, outubro 30, 2008

Revisões da história e das ideias, durante mais uma "baixa" médica

Sobre as "Contemplações", contemplando ... "e ai de quem não saiba levantar, frente à poesia que destrói, a poesia que promete! (…)"!

Estando eu a tentar traduzir Crane Brinton ("Anatomy of Revolution"), dou comigo a procurar na net o significado da expressão latina sine ira et studio, quando entro num sítio que me deixou bastante surpreendido com mais umas lições de história das ideias e das ideologias, de epistemologia, etc..

E logo me lembrou mais uma das minhas "Contemplações", que escrevi a pensar neste portugalório nortenho onde aquilo que hoje, em qualquer lado, é, quando por aqui passar, já foi, não é ...!!!

"A pretensa 'globalização' comprou a dignidade, o brio e toda a amplitude típicas do português, ao ponto das suas particularidades sócio-humanas regionais, em especial as mais originais, estalarem como o verniz com que tentaram manter as aparências do costume" (...)!

Parece que a vida aqui nos passa em diferido, tal é a apatia com que esta sociedade de corte se venera perante os senhores do dinheiro ...!

Pois é: sobre o capitalismo liberal, ou o liberalismo capitalista, ou o agora tão apregoado neo-liberalismo, todos deveríamos (sine ira et studio) atender à justeza e objectividade assertivas deste artigo (cujas conotações, partidárias ou outras nele expressas, me são completamente alheias):

Excertos do discurso de fundação da Falange Espanhola, pronunciado por José António Primo de Rivera no Teatro de la Comedia de Madrid, em 29 de Outubro de 1933. Por ocasião das evocações do nascimento de José António, a 24 de Abril de 1903.

(…) Veio depois a perda da unidade espiritual dos povos, porque como o sistema funcionava sobre o logro das maiorias, todo aquele que aspirava a ganhar o sistema tinha que procurar a maioria dos sufrágios. E tinha que procurá-la roubando-a, se preciso, aos outros partidos, e para isso não tinha que hesitar em caluniá-los, em verter sobre eles as piores injúrias, em faltar deliberadamente à verdade, em não desperdiçar um só recurso de mentira e de aviltamento. E assim, sendo a fraternidade um dos postulados que o Estado liberal nos mostrava no seu frontispício, não houve nunca situação de vida colectiva na qual os homens, injuriados, inimigos uns dos outros, se sentiram menos irmãos do que na vida turbulenta e desagradável do Estado liberal.
E, por último, o Estado liberal veio a apresentar-nos a escravidão económica, porque aos trabalhadores, com trágico sarcasmo, dizia-se-lhes: «sois livres de trabalhar o que quereis, ninguém pode compelir-vos a aceitar umas ou outras condições; agora: como nós somos os ricos, oferecemo-vos as condições que entendemos; vós, cidadãos livres, se não quereis não estais obrigados a aceitá-las; mas vós, cidadãos pobres, se não aceitais as condições que nós vos impomos, morrereis de fome, rodeados da máxima dignidade liberal». E assim veríeis como nos países onde se chegou a ter parlamentos mais brilhantes e instituições democráticas mais finas, não tínheis mais que afastar-vos uns cem metros dos bairros luxuosos para deparar com tugúrios infectos onde viviam amontoados os trabalhadores e as suas famílias, num limite de decoro quase infra-humano. E encontraríeis trabalhadores dos campos que de sol a sol se dobravam sobre a terra, de costas abrasadas, e que ganhavam em todo o ano, graças ao livre jogo da economia liberal, setenta ou oitenta jornas de três pesetas.
Por isso teve que nascer, e foi justo o seu nascimento (nós não escondemos nenhuma verdade), o socialismo. Os trabalhadores tiveram que defender-se contra aquele sistema, que só lhes dava promessas de direitos, mas não se preocupava em dar-lhes uma vida justa.
Agora, o socialismo, que foi uma reacção legítima contra aquela escravatura liberal, veio a descarrilar, primeiro numa interpretação materialista da vida e da História, segundo num sentido de represália; terceiro na proclamação do dogma da luta de classes.
O socialismo, sobretudo o socialismo que construíram, impassíveis na frieza dos seus gabinetes, os apóstolos socialistas, em quem acreditavam os pobres trabalhadores, (…) o socialismo assim entendido, não vê na História senão um jogo de recursos económicos: o espiritual suprime-se, a religião é um ópio do povo, a pátria é um mito para explorar os desgraçados. Tudo isso diz o socialismo. Não há nada mais que produção, que organização económica. Assim resulta que os trabalhadores têm que espremer bem as suas almas para que não sobre dentro delas a menor gota de espiritualidade.
O socialismo não aspira a restabelecer uma justiça social rompida pelo mau funcionamento dos Estados liberais, mas aspira à represália, aspira a chegar na injustiça tão longe quanto chegaram em sentido contrário os sistemas liberais.
Por último, o socialismo proclama o dogma monstruoso da luta de classes, proclama o dogma de que as lutas entre as classes são indispensáveis, e produzem-se naturalmente na vida, porque não pode haver nunca nada que as aplaque. E o socialismo, que veio a ser uma crítica justa do liberalismo económico, trouxe-nos, por outro caminho, o mesmo que o liberalismo económico: a desagregação, o ódio, a separação, o esquecimento de todo o vínculo de irmandade e solidariedade entre os homens.(…)
O movimento de hoje, que não é de partido, mas é um movimento, quase poderíamos dizer um anti-partido, saiba-se desde já, não é de direitas ou de esquerdas. Porque, no fundo, a direita é a aspiração a manter uma organização económica, ainda que seja injusta, e a esquerda é, no fundo, o desejo de subverter uma organização económica, ainda que ao subvertê-la se destruam muitas coisas boas. Logo, isto decora-se nuns e noutros com uma série de considerações espirituais. Saibam todos os que nos escutam de boa-fé que estas considerações espirituais cabem todas no nosso movimento, mas que o nosso movimento jamais amarrará o seu destino ao interesse de um grupo ou ao interesse de classe que habita sob a divisão superficial de direitas e esquerdas.
A Pátria é uma unidade total, em que se integram todos os indivíduos e todas as classes; a Pátria não pode estar nas mãos da classe mais forte nem do partido melhor organizado. A Pátria é uma síntese transcendente, uma síntese indivisível, com fins próprios que cumprir; e nós o que queremos é que o movimento deste dia, e o Estado que crie, seja o instrumento eficaz, autoritário, ao serviço de uma unidade indiscutível, dessa unidade permanente, dessa unidade irrevogável que se chama Pátria.
E com isso já temos todo o motor dos nossos actos futuros e da nossa conduta presente, porque seríamos apenas mais um partido se viéssemos anunciar um programa de soluções concretas. Tais programas têm a vantagem de que nunca se cumprem. Em troca, quando se tem um sentido permanente perante a História e perante a vida, esse mesmo sentido dá-nos as soluções perante o concreto, como o amor nos diz em que caso devemos discutir e em que caso nos devemos abraçar, sem que o verdadeiro amor tenha feito um mínimo programa de abraços e discussões.
Eis aqui o que exige o nosso sentido total da Pátria e do Estado que a há-de servir.
Que todos os povos de Espanha, por diversos que sejam, se sintam harmonizados numa irrevogável unidade de destino.
Que desapareçam os partidos políticos. Nunca ninguém nasceu membro de um partido político; em troca, todos nascemos membros de uma família, somos todos vizinhos num Município, esforçamo-nos todos no exercício de um trabalho. Pois se essas são as nossas unidades naturais, se a família e o Município e a corporação é no que verdadeiramente vivemos, para que necessitamos do instrumento intermédio e pernicioso dos partidos políticos que, para unir-nos em grupos artificiais, começam por desunir-nos nas nossa realidades autênticas?
Queremos menos palavreado liberal e mais respeito pela liberdade profunda do homem. Porque só se respeita a liberdade do homem quando se o considera, como nós o consideramos, portador de valores eternos, quando se o considera invólucro corporal de uma alma que é capaz de condenar-se ou de salvar-se. Só quando se considera o homem assim se pode dizer que se respeita verdadeiramente a sua liberdade, e mais se essa liberdade se conjuga, como nós pretendemos, num sistema de autoridade, de hierarquia e de ordem.
Queremos que todos se sintam membros de uma comunidade séria e completa, isto é, as funções a realizar são muitas, uns com o trabalho manual; outros com o trabalho do espírito; alguns com um magistério de costumes e refinamentos. Mas que numa comunidade tal como a que queremos, saiba-se desde já, não deve haver convidados nem deve haver zangões.
Queremos que não se cantem direitos individuais dos que nunca podem cumprir-se em casa dos famintos, mas que se dê a todo o homem, a todo o membro da comunidade política, pelo facto de sê-lo, a maneira de ganhar com o seu trabalho uma vida humana, justa e digna.
Queremos que o espírito religioso, chave dos melhores arcos da nossa História, seja respeitado e amparado como merece, sem que por isso o Estado se imiscua em funções que não lhe são próprias nem compartilhe como fazia, talvez por outros interesses que os da verdadeira religião, funções que lhe compete realizar por si mesmo. (…)
Mas o nosso movimento não seria de todo entendido se se cresse que é tão-somente uma maneira de pensar; não é uma maneira de pensar: é uma maneira de ser. Não devemos propor só a construção, a arquitectura política. Temos que adoptar, perante a vida inteira, em cada um dos nossos actos, uma atitude humana, profunda e completa. Esta atitude é o espírito de serviço e sacrifício, o sentido ascético e militar da vida. (…)
Creio que está alçada a bandeira. Agora vamos defendê-la alegremente, poeticamente. Porque há alguns que, frente à marcha da revolução, acreditam que para reunir vontades convém oferecer as soluções mais tíbias; crêem que se deve ocultar na propaganda tudo o que possa despertar uma emoção ou assinalar uma atitude enérgica e extrema. Que equívoco! Os povos nunca foram movidos por mais que os poetas, e ai de quem não saiba levantar, frente à poesia que destrói, a poesia que promete! (…)"