domingo, abril 23, 2006

Tradição e Revolução

"Tradição e Revolução - Uma biografia do Portugal político do século XIX ao XXI" - Talvez a melhor referência crono-histórica da vida social e política de Portugal, desde o advento do liberalismo até à formação do Governo de José Sócrates.

Estes meus artigos de análise crítica a obras politológicas ou de interesse sociológico, que pode ser despoletado pelo impacto que essas obras tenham ou venham a ter, previsivelmente, na sociedade em que vamos vivendo, começam agora, pela mão do Pedro Miguel Cunha, a ser editados no jornal alegadamente mais antigo desta urbe feudo-condalense que é Barcelos. Prometo, palavra de Coelho.

Pois, para começar, talvez nada melhor seja do que fazer a referência ao meu já muito referenciado mestre Professor Doutor José Adelino Maltez, por duas razões: primeiro, porque também ele, nestas andanças blogueiras, é estilo de palavra e voz de referência na crítica sócio-política, principalmente no seu “Sobre o Tempo Que Passa”, e no qual também fui buscar alguma inspiração; segundo, porque é dele a referência literária deste número do Politilendo, esta magnífica obra histórico-política que é TRADIÇÃO E REVOLUÇÃO.

Apresentação

1. Sobre o autor dispenso qualquer apresentação, pois poderá ler-se, entre outras fontes possíveis, as notas biográficas das contra-capas das suas publicações. Nesta também.
Lisboa,
Tribuna da História
Colecção
«Filosofia e Ciências»
2005
vol. I
608 páginas
ISBN 972-28799-23-3
vol. II
759 páginas
ISBN 972-28799-29-2
2. Obra editada pela Tribuna da História, em dois volumes (vol I, de 1820-1910; vol II, de 1910-2005), pode ser sintetizada pela sinopse que dela faz o autor, quando escreve, na capa:
"Um império que já não há, uma língua que é futuro, dois regicídios, outros tantos magnicídios, três guerras civis, campanhas de ocupação e guerras coloniais em África, uma permanente guerra civil ideológica,três bandeiras, uma guerra mundial, seis constituições escritas, sete presidentes eleitos pelo povo, oito monarcas, a separação de nove Estados independentes e, muito domesticamente, quinze regimes, com duas monarquias e três repúblicas, sem que voltasse D. Sebastião, apesar dos heróis do mar e do nobre povo. Mais: oitenta eleições gerais, cento e vinte e tal governos, 13.233 dias de salazarquia, duzentas turbulências golpistas, cinco revoluções, outras tantas contra-revoluções, de restaurações a reviralhos, quatro centenas de partidos e facções, um todo, com mais de cinco mil factos políticos seleccionados. E sempre a frustrada modernização de um Portugal Velho que quis ser reino unido e armilar, entre antigos regimes e jovens democracias.
Graças à balança da Europa: desde El-rei Junot ao estado a que chegámos, que continua sem rei nem lei e até sem sinais de nevoeiro."(1)

Características da obra:
3. Conteúdo
"Obra enciclopédica, os 2 volumes apresentam cronologicamente a história política de Portugal de 1820 até 2005, abordando os sucessivos governos, os partidos, os principais dirigentes do país e as teorias políticas dominantes em cada época, referindo os acontecimentos fundamentais até ao dia 12 de Março de 2005, informando por isso também do resultado das eleições de 20 de Fevereiro e da formação do governo de José Sócrates." (2)
4. Arquitectura
Também esta obra tem uma estruturação dos diversos conteúdos sem enquadramento tipológico. Notam-se, contudo, em cada um dos dois volumes, duas partes distintas: uma em que se pretende transportar o leitor para um leque variadíssimo de títulos, ao jeito blogueiro dos títulos dos ‘posts’ de que o mestre também é autor, em cada um dos capítulos que antecedem a segunda parte, esta composta unicamente pelos anos (cada um indexado à respectiva página) correspondentes a cada um dos dois volumes. Assim, temos:

Vol. I
- PELA SANTA LIBERDADE! Ou a necessária indisciplina do bom senso pág. 11
- DOS FANTASMAS DE DIEITA AOS COMPLEXOS DE ESQUERDA - Entre bonzos, endireitas e canhotos pág.123
- 1820, pág. 164
até
- 1910, pág. 560
- TÁBUA DE REFERÊNCIAS, pág. 565

Vol. II
- Para uma caracterização do Portugal contemporâneo, pág. 9
- Erros sem tragédia na constituição a que chegámos, pág. 61
- O revolucionarismo permanecente, pág. 81
- A guerra civil fria, pág. 87
- Compadrismo e corrupção, pág. 93
- 1910. pág. 161
até
- 2005, pág. 765
- TÁBUAS, pág. 767
5. Impacto na sociedade
Pelo seu estilo algo sui generis, em que o autor dirige os conteúdos sempre pertinentes, para o momento histórico em si mesmo e, também, numa correlação sócio-histórica cujo diacronismo pretende fazer ver a actualidade de fenómenos que não têm tempo, o contributo desta obra ultrapassará os meios académicos na justa medida em que, para qualquer um de nós que quer viver a sua cidadania de forma mais esclarecida, por certo chegará a fazer proclamar o déficit civilizacional a que as nossas consciências já não aludem, sem escolha de estrato ou categoria social à qual vai conseguindo fazer-se chegar!
Nessa tentativa da procura da verdade cada vez ‘mais verdadeira’, que marca, indubitavelmente, o contributo lusíada para um humanismo universalista que a armilar confirmou, esta obra constituirá, por certo, mais um marco a perfilar no elenco dos pensadores portugueses que souberam, para lá das matrizes ideológicas e, ainda mais, das partidárias, traduzir os factos sócio-históricos numa linguagem rica em ensinamentos, como é timbre deste professor de Ciência Política, fazendo da pedagogia a arma que os demagogos não possuem. Para mais, a pluralidade dos horizontes gnoseológicos em que parecem construir-se as verdades procuradas revelam essa faceta da heterodoxia de muitos dos escritores que caracterizaram o pensamento filosófico português, para o qual contribuirá, certamente, esta obra!
Bem haja, Mestre, por este contributo!
(1) Sinopse da capa dos dois volumes.
(2) Retirado de "O Portal da História".

Hoje ... de Outros Tempos

Terra é sempre, todos os dias! Não só naquele em que também nasceram figuras célebres, os portugueses descobriram o Brasil e os liberais acabaram com o mais cobarde sistema de repressão que a Humanidade conheceu!

22 DE ABRIL (Retirado do Portal da História)
1. Dia Mundial da Terra.
2. 1500 - Pedro Álvares Cabral descobre as Terras de Vera Cruz, que mais tarde passarão a ser designadas pelo nome de Brasil.
3. 1724 - Nasce o filósofo germânico Immanuel Kant, em Konigsberg, na Prússia.
4. 1732 - Nasce George Washington, em Bridge's Creek, Virgínia, EUA.
5. 1821 - É abolida a Inquisição em Portugal.
6. 1870 - Nasce Vladimir Ilich Ulianov (Lenine) em Simbirsk na Rússia.

Ainda vou a tempo de editar esta rubrica, mesmo já no adiantar do calendário. Assim:

(1) Não subscrevo a comemoração neste dia dedicada à
Terra, porque, necessariamente, é uma das dimensões da nossa existência que, por um lado, prescinde dessa efeméride para ser o que é, quer dizer, a Terra ou sistema Mundo; por outro lado, por ser a realidade que é, e na perspectiva de que o é sempre sob a influência da acção humana, então merece que lhe dediquemos todos os dias das nossas vidas, seja quanto ou como for.

(2) Merece algum destaque, pelo impacto que tiveram nas nossas vidas, seja de que formas for, figuras como
Immanuel Kant, George Washington e Lenine.

(3) Por que razões as
terras de Vera Cruz se tornaram tão importantes para Portugal? Para compreendermos as razões da altura, que o diga a lógica da leitura da História de Portugal, sob o prisma das relações diplomáticas que então se desenrolavam entre a coroa portuguesa, a espanhola e a papista “católica-romano-poucoapostólica”.

(4) Especial destaque a este dia pela abolição da Inquisição, ou Tribunal do Santo Ofício, expressão que apenas deveria ter valido pelo ofício de que se ocuparam as maiores bestas humanas da Idade Média, salvo o devido respeito por aqueles que, nele, achavam o que de santo poderia dalí operar-se, concomitantemente com os que nele encontraram eco para eventuais juízos tribunícios. Mas cristão, lá isso é que não o foi, pois Cristo não sofreu às mãos dos seus carrascos o que, historicamente, conhecemos que muitos passaram nas garras daqueles inquisidores.

Por isso, bem haja o dia em que, neste Abril de tantas aberturas lusitanas, se dá a “extinção do Tribunal do Santo Ofício. O espírito tolerante e laico do liberalismo, que assimilou os valores do iluminismo, entendeu desde logo extinguir este órgão católico repressivo, ao mesmo tempo que pugna pela secularização da sociedade, da cultura e das instituições e por uma não interferência da Igreja nos poderes do Estado.”
[1]

[1] História de Portugal em Datas, Círculo de Leitores, pág. 202.