Hoje … já foi um grande dia, … noutros tempos. Por isso, a rubrica com que hoje evoco este dia não é tanto a efeméride, mas o que ela, hoje, ainda pode representar, ficando-me apenas, no pensamento, a razão que só o sentimento consegue recordar.
De outra forma não será possível conceber este “La Pensée du Jour”: só aqueles para quem o significado do que se esperava, em 25 de Abril de 1974, se foi perdendo (depois de algo que, realmente, se foi conquistando a partir dessa data) saberão viver este pensamento, que se manifesta, desde logo, pela recordação daquilo que não chegou a acontecer, a não ser nos corações dos que ainda acreditam na mudança.
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Eu não tenho ilusões: a frustração pelo que não deveríamos ter perdido ou deixado acontecer é muito maior que os ganhos obtidos, todos eles somados, ou então dizer que há deficit democrático não passará de mais um cliché dos que gostam de fazer ver a verdade através da demagogia. E nós sabemos que, infelizmente, o deficit resultante do enorme passivo da nossa contabilidade social é enorme. Mas nunca será demais recordá-lo!
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Muitos dos que hoje gritam sempre nunca foram além do que a sua cor política lhes permotiu encobrir, escondendo nela a verdadeira potência de uma vaidosa cobardia!
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E, por isso, volto a publicar este poema que, como muitos, lamenta, … apenas lamenta: que alguns continuem a pensar que Abril é comunismo, ou radical-demmocratismo, ou esquerdismo, ou qualquer ouro radicalismo residente apenas nas organizações partidárias que julgam deter a propriedade da revolução, da democracia, da verdade! Não: isso nunca mais!
Abril! … Quando?
Deixa-te abrir, de novo
Abril, de ti possam trazer
Tudo o que de ti não sabem,
Mas mereces: o teu povo
Deixa-t’ abrir, sem queixume
E sem remorso, nem temor,
Sem esses lamentos de dor
Que dão em coisa nenhuma
Deixa-te abrir, agora,
Tirar de ti a semente,
Que dará fruto na gente
À espera, a vida fora!
Deixa-t’ abrir, finalmente
Voltar a pensar, que em ti
É tão bom poder sorrir,
E abraçar o que se sente
Deixa-te abrir, é hora
P’ra de novo dizer que não
Aos vis rapinas da razão
Desse ser que em nós mora
Só então, Abril, verás! Quem
Em ti, sempre viveu e amou
Te quis, te bebeu e chamou
Para chegar ao mais além!
Quem!
Abril, de novo?!