Revejo-me, continuamente, nas palavras, insinuações e constatações de meu mui citado mestre JAM, no seu post de hoje, ao jeito das sábias contemplações de António Vieira, de quem tenho revisto algumas notas literárias. Mas, não me insinuando por extremos (nem heróico nem estóico), também me apetece recordar, "muito platonicamente, a metafísica da luz, associada ao verdadeiro conhecimento: «Quem haverá que olhe o mundo com os olhos bem abertos, que veja como todo é nada, como todo é mentira, como todo é inconstância, como hoje não são os que ontem foram, como amanhã não hão-de ser os que hoje são, como tudo acabou e tudo acaba, como todos havemos de acabar, e todos imos acabando.»
(...) a oposição entre a irregularidade do mundo humano e a regularidade do mundo da natureza, conservado por Deus como numa criação continuada, é um dos tópicos marcantes da obra de António Vieira, que dele se serve em jogo de opostos." (1)
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(1) CALAFATE, Pedro (Dir.), História do Pensamento Filosófico Português, Vol. II - Renascimento e Contra-Reforma, Círculo de Leitores, Lisboa, 2002, pág. 705.