sexta-feira, março 14, 2008

Um Bom discurso sobre a actual crise na Educação!

Ainda entre a "marcha" dos incorrectos e o "comício" dos ali(nh)ados!,
Encontro algum discurso em tom mais realista e aproximado à inevitabilidade da actual orientação da política educativa. Por outras palavras, haja bom senso, e assumamos todos, de uma vez para sempre, que temos que seguir a velha romana do "a Deus o que é de Deus, a César o que é de César".
Ou seja, isto de fazer reformas tem muito que se lhe diga, e não é de forma a pretender "agradar a gregos e troianos" que os resultados podem aparecer:
- há várias inconstitucionalidades nas actuações governativas (este governo foi, supervenien-temente, fruto de um golpe constitucional do anterior Presidente da República; o congelamento de carreiras fere alguns dos princípios constitucionais ...);
- há várias ilegalidades praticadas pela Administração governante (veja-se, por exemplo, esta última);
- os principais agentes da entropia existentes nos quadros do sistema educativo vigente são os principais actores do modelo de avaliação dos professores, proposto pelo ME; ... etc.
Por isso, chamo a atenção para este artigo recebido da FERSAP:
"É impossível ficar indiferente à manifestação de professores que decorreu em Lisboa. Pouco importa se seriam 100 000 ou 80 000. Por certo, muitos seriam acompanhantes ou, mesmo, simples curiosos. Mas, 50 000 que fossem já seria um número impressionante, tendo em conta a dimensão da classe e o número de adesões que normalmente se verifica a este tipo de iniciativas. Mas o mais dramático de toda a situação é que ninguém pode estar em desacordo com a urgência da introdução de sistemas de avaliação do desempenho de docentes ou de gestão das Escolas, afirma António Mendonça.Mas o mais dramático de toda a situação é que ninguém, minimamente atento aos problemas que afectam o sistema de ensino básico e secundário, em Portugal, pode estar em desacordo com a urgência da introdução de sistemas de avaliação do desempenho de docentes ou de gestão das Escolas - o que o governo pretende levar a cabo, precisamente, com o conjunto de medidas que foram objecto da contestação. É por demais sabido que o que falta às escolas portuguesas não são inovações curriculares ou pedagógicas – que, aliás, se sucederam a um ritmo frenético nas últimas duas ou três décadas, sem evidentes resultados – mas, sim, acções que se orientem para o reforço da organização, da eficiência da gestão, da disciplina e do prestígio e autoridade dos docentes. Tudo aquilo que, aparentemente, está no centro das preocupações das reformas encetadas pela actual equipa do Ministério da Educação. O que está mal, afinal, em tudo isto? Porque é que sendo praticamente unânime a opinião de que o sistema de ensino em Portugal está a necessitar de reformas profundas, se levanta este coro imenso de protestos por parte daqueles que vivendo os problemas no quotidiano e tendo, por isso, plena consciência da situação, deveriam ser os primeiros a apoiar as políticas reformistas do governo? A resposta simplista a esta questão será considerar os professores responsáveis por todos os malefícios e dizer que a contestação resulta de uma defesa corporativa de privilégios adquiridos que estão muito para além da eficiência e qualidade que introduzem no sistema. Em parte esta tese encontra suporte na realidade, sendo um facto que existem largos sectores do corpo docente que beneficiam ou beneficiaram de situações de excepção e que contribuiram com a sua influência política e sindical para a entropia do sistema. Mas será um erro estratégico confundir estes sectores, por maiores que sejam a sua dimensão e influência, com a totalidade do corpo docente do ensino básico e secundário. Aliás, o erro parece não estar confinado ao campo da educação e manifesta-se em outros sectores da sociedade, objecto das chamadas reformas estruturais, contribuindo para a perda de eficácia das medidas tomadas e para o sacrifício inglório dos seus principais protagonistas, com os resultados que se conhecem em termos de degradação do clima político e de custos adicionais para o país. A dimensão da contestação dos professores à política governamental para a educação, veio tornar evidente aquilo que já se pressentia há algum tempo: que o aprofundamento do processo de reformas estruturais - que o país exige para se libertar dos constrangimentos que impedem o seu desenvolvimento económico e social - não está suportado numa estratégia coerente e integrada de intervenção, antes obedecendo a uma lógica voluntarista que corre sérios riscos de vacilar ou de se deixar descaracterizar mal encontra pela frente uma resistência forte e politicamente influente. Existe hoje, na sociedade portuguesa, um largo consenso relativamente à necessidade de atacar os problemas estruturais com clareza de objectivos e firmeza de propósitos. Mas é importante não perder de vista que as reformas encontram, no seu desenvolvimento, resistências que devem ser integradas no planeamento das acções e na forma como as políticas são justificadas, na sua necessidade e substância. E é aqui, precisamente, que mais se manifesta a debilidade estratégica a que antes fizemos referência. A este propósito, destacaríamos, três aspectos que consideramos mais negativos e que importa corrigir atempadamente, sob pena de se continuar a comprometer o sucesso das iniciativas reformistas. O primeiro, tem a ver com a dificuldade em convencer a opinião pública de que as reformas em curso se justificam pela racionalidade própria e pela eficiência que pretendem introduzir e não apenas pelas restrições financeiras que o pais atravessa. O segundo, prende-se com a excessiva abordagem das reformas em termos de combate a privilégios e a interesses corporativos, quando o que está em causa, verdadeiramente é a introdução de dinâmicas positivas de racionalização de meios e aumento de qualidade do serviço prestado. Por fim, o terceiro tem a ver com a tendência, por parte dos responsáveis políticos, para assumirem uma postura de excessiva auto-suficiência, negligenciando a importância de garantirem o apoio, no terreno, dos sectores mais dinâmicos e que querem que as reformas se concretizem.
António Mendonça,
docente do iseg-utl
Jornal de Negócios, 13 de Março 2008

O Emídio Rangel não serve para este papel!

Ainda sobre a "Marcha da Indignação" dos Professores.

Chegam-me novas críticas sobre a já muito falada marcha! Muitas serão aceitáveis, porque compreensivas, justificadas, mais ou menos explicativas, ... mas todas pertinentes! O que se revelou muito impertinente foi a impreparação manifesta pela falta de conhecimeto da realidade escolar revelada na crítica pessoalizada (sobre os professores), muito mal-educada (por diversas razões), emitida por esta figura da Comunicação Social que foi (talvez ainda o seja ...) o entristecido Emídio Rangel (e, por isso, bastante responsável, pelo menos publicamente, por afirmações com a gravidade das suas)!!! O que podemos e devemos adjectivar de péssima defesa de uma causa que, em si mesma, parece nobre (pela coragem e inovação de uma efectiva política educativa há já muito necessária no nosso país - os PROFESSORES, melhor que ninguém, sabem-no).
Assim, cada um tire as suas conclusões sobre o enquadramento das afirmações como estas que, aqui, também eu vos deixo, através do sítio de onde as recebi:
"Tenho vergonha destes pseudo-professores que trabalham pouco, ensinam menos, não aceitam avaliações.
Eles aí estão ‘em estágio’. Faz-me lembrar os hooligans quando há uma disputa futebolística em causa. Chegaram pela manhã em autocarros vindos de todo o País, alugados pelo Partido Comunista. Vestem de preto e gritam desalmadamente. Como diz um tal Mário Sequeira, em tom de locutor de circo, “à maior, à mais completa, à mais ruidosa manifestação de sempre que o País viu”.
Eu nunca tinha apreciado professores travestidos de operários da Lisnave, como aqueles que cercaram a Assembleia da República, nos anos idos de 1975, com os cabelos desalinhados, as senhoras a fazerem tristes figuras, em nome de nada que seja razoável considerar. Lembro-me bem dos meus professores. Não tinham nada que ver com esta gente. Eram referências para os seus alunos. A maior parte escolheu aquela profissão porque gostava de ensinar. Talvez por isso eram todos licenciados e com um curso (dois anos) de pedagógicas. Aprendi muito com eles e quando dei aulas, no liceu e na universidade, utilizei muitas vezes os seus métodos.
Estou-lhes grato para a vida inteira. Hoje as coisas são bem diferentes, embora seja óbvio que estes manifestantes são só uma parte dos professores. Felizmente ainda há milhares de professores (talvez a maioria) que exercem com toda a dignidade a sua profissão. A manifestação é contra uma professora que agora é ministra. Uma ministra sábia, tranquila, dialogante, que fala com uma clareza tal que só os inúmeros boatos, a manipulação e a leitura distorcida do que propõe podem beliscar o que de boa-fé pretende para Portugal. Se reduzirmos à expressão mais simples as suas pretensões tudo se pode resumir assim:
– Portugal não pode continuar a pôr cá fora jovens analfabetos, incultos e impreparados, como acontecia até aqui.
– Os professores colaboraram com um sistema iníquo que permitia faltas sem limites, baixas prolongadas sem justificação e incumprimento dos programas escolares.
– Os professores não são todos iguais. Quero referir-me àqueles que sem nenhuma vocação (com ou sem curso Superior) instalaram um culto madraceirão que ninguém punha em causa nem responsabilizava, mas que estava a matar o ensino.
Confesso que tenho vergonha destes pseudoprofessores que trabalham pouco, ensinam menos, não aceitam avaliações e transformaram-se em soldados do Partido Comunista, para todo o serviço. Maria de Lurdes Rodrigues é uma ministra determinada. Bem haja pela sua coragem. Por ter introduzido um sistema de avaliação dos professores, por ter chamado os pais a intervir, por ter fechado escolas sem alunos, por ter prolongado os horários e criado as aulas de substituição, por ter resolvido o problema da colocação dos professores, por ter introduzido o Inglês, por levar a informática aos lugares mais recônditos do País. Estas entre outras medidas já deram frutos. Diminuiu o abandono escolar, os métodos escolares estão a criar alunos mais preparados, os graus de exigência aumentaram. O PCP pode usar a tropa de choque que agora arranjou para enfraquecer o Governo e utilizar as suas artes de manipulação e demagogia até a exaustão. Mas creio que a reforma tem de se fazer, a bem do País. É absolutamente nítido que os professores não têm razão. E os estúpidos do PSD que se aliaram ao PCP perderam o tino de vez, porque Portugal não pode parar mais. Espero ver Luís Filipe Menezes à cabeça da manifestação contra os interesses do País.

Emídio Rangel"

Eu nunca gostaria de ter este senhor como meu Professor!

Viva a Pedagogia. Por um Portugal melhor! Obrigado!