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Observatório da nossa Polis à luz das memórias contínuas do pensamento filosófico português. Inspirado nos «Modernos Publicistas», segue o mesmo espírito crítico e de indignação:«De feito. Ardeu-me de todo o topete». Porque nunca calaremos no descampado onde reina a verdade que nos traz glória, repetiremos sempre a vontade de mestre Herculano: "é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las" ...!
Parafraseando o meu mui citado mestre e amigo JAM (porque o meu pensamento o acompanha, sem qualquer seguidismo balofo), a respeito desta atitude existencial, torno mais pertinente a razão de ser deste trecho que agora apresento. Cedido por uma nova amizade, dessas que as novas redes multimédia permitem, nesta globalizada "aldeia" on line. A partir do outro país onde se fala mais a nossa língua. Lá, onde se sente morar o nosso coração português, do outro lado do Atlântico. Nesse lugar da Terra onde a língua adocicou o sentimento e a saudade. Aonde ficou mais Portugal. Com todo o Amor do Universo, bem expresso, também, no seu azul e nas suas estrelas:
Como sempre, vou acompanhando e lendo, com alguma atenção, as "bicadas" de meu mui citado mestre JAM.
Esta é mais uma, que poderia inscrever-se, também, nos artigos de opinião da "Escola de C. P.". Mas tem lugar aqui, dentro do espírito com que criámos este "Publicista".
Eu sei que o seu autor também por aqui "anda":
Os economistas mais escutados fazem prognóstico depois da crise e já reconhecem o óbvio da imposição externa e da falta de margem de manobra dos factores nacionais de poder. Nenhum sabe conjugar a palavra pátria e esta pode ser aprisionada pela música celestial de Pilatos e de outros que lavam as culpas com discursos.
Os discursos contra os especuladores são pássaros que voam na ilha da utopia. Preferia ter passarinhos na mão. O preço pode ser o máximo de sagrado na religião da economia. E não há mercado para quem não assume a liturgia da confiança no outro e na palavra do outro.
Foi o capitalismo especulador que nos permitiu a ascensão ao clube dos mais ricos do mundo, sem que a nossa sabedoria e a nossa produtividade efectivamente o merecessem. Foi uma escolha geopolítica que nos permitiu esse máximo de prazer com o mínimo de dor que foi a descolonização e a integração na CEE...
As vacas sagradas foram dois terços de remediados, entre papa-reformas e a protecção do bom e velho Estado, com um terço de excluídos que, apesar de tudo, votaram as maiorias do especulativo, como as de Cavaco, Guterres e Sócrates...
Neste momento de encruzilhada, quando muitos visionam o tremendismo das vacas magras, há quem, como eu, profetize que a geopolítica pode ainda livrar-nos do preço que, se houvesse justiça nas relações internacionais, deveríamos pagar por causa de pecados cometidos por omissão com justa causa...
Os erros de um aparelho de Estado, com muita banha, pouco músculo e quase ausência de nervo e cérebro, podem também aplicar-se ao mundo empresarial, feito à imagem e semelhança do primeiro, e ao colaboracionismo da chamada autonomia da sociedade civil com a partidocracia dominante.
Ao contrário do que proclamam certos criadores de cenários, apocalípticos, economicistas ou politiqueiros, o que temos é de dar estratégia ao nosso tradicional desenrascanço, nesse misto de aventura e pragmatismo que sempre nos deu identidade, permitindo sucessivas refundações de Portugal. Basta cultivarmos a ciência da criatividade, com os pés na dívida...
Os donos do poder interno, calculando cenários até pensam que se aviam com o pantagruel de um bloco central que deu limitados frutos há mais de um quarto de séculos, antes da CEE e do euro... Portugal já não é esse país dos engenheiros macromonetários e que agora dão aulas de saudosismo, pensando que tal é macro-economia...
Os donos do poder continuam encantados pelos velhos do restolho, do partido dos fidalgos, esses que temem o risco de navegar e preferem segurar-se entre as querelas do professor pardal e do professor manitu...
A reforma da ciência e da universidade, a que levou o cheque tecnológico ao ministério da economia, bem pode amar e odiar, colaborar ou sanear os ausentes-presentes e os caçadores de comendas e honrarias que geraram o presente neofeudalismo do sindicato das citações mútuas desta sociedade de corte...
Ficou o permanecente das viradeiras, este arquipélago de gestores endogâmicos que, em nome da autonomia financeira e do "outsourcing", controlam a mesa do orçamento através do clientelismo, do carreirismo e do cacete, típicos dos micro-atoritarismos sub-estatais que poluem a democracia...
O aparelho de Estado, da administração directa e indirecta, bem como os mecanismos contratualizados pelas políticas públicas são bens escassos que devem ser tratados sem o folclore do exibicionismo dos pequenos teatros de estadão, com beberete, croquete e outros rituais despesistas que ofendem a ética republicana, enquanto sinónimo de serviço público, com saúde e fraternidade, a bem da nação."
posted by JAM | 5/26/2010
Lembro-me de uma sessão de aulas minhas, assistidas pelo Prof. Doutor Joaquim Gomes Dias, coordenador do meu “Projecto de Profissionalização em Serviço”, na Universidade do Minho, correspondente ao 2º Ano do Estágio em Ciências da Educação que, muito bem, a norma impõe (impunha?) a quem entrava para o Quadro de Nomeação Provisória de docência numa escola pública (onde só adquiria o título de Professor quem obtivesse aprovação no dito Estágio, passando então a ser Professor do Quadro de Nomeação Definitiva).
E porque é que, agora, me vem à memória esta sessão lectiva? Certamente não quero, aqui, repeti-la. Nem, tão pouco, esta referência específica à meritocrática titularização docente (a fazer, também, recordar aos actuais pactuadores do regime avalienígena a pertinência de então) vai mais além da simples evocação contextual da questão que, aqui, pretendo parabolizar.
Tão pouco, talvez, queira mostrar algum ressentimento pelas consequências negativas que, subjectivamente, muitos de nós sofremos com este devir de uma carreira profissional que já não o é, pois deixou de ter “carraria”, percurso ou sequência previsional. É das tais estatuições legais que, pouco legalmente (leia-se pouco cobertas pela conformidade à Lei Fundamental que as sustenta), se vêem alteradas pelas conjunturas de interesses que, longe de serem os superiores onde, ainda, achariam alguma sustentação, apenas convergem para a remediação dos males de que alguns se alimentaram, para proveito próprio, mesmo que com isso declarassem estar ao serviço de todos ...!?
E, aqui sim, estamos então no cerne ou núcleo da questão em apreço, e que foi, exactamente, o capítulo da matéria de Introdução à Economia que escolhi, sobre a qual teria de apresentar uma planificação didáctica e pedagogicamente conforme os cânones das ditas Ciências da Educação: o da “Repartição dos Resultados da Produção”, onde, entre outros conceitos, os alunos deveriam aprender os de repartição funcional (salários, juros, lucros e rendas) e repartição pessoal dos rendimentos (equacionalizando as rúbricas componentes do Rendimento Líquido Disponível das famílias), salário directo e indirecto (repartição primária e secundária) ...
Uma das primeiras afirmações que proferi, frente ao referido Professor (para os que não têm uma imagem da cena, está um sujeito, sentado numa das cadeiras do fundo de uma sala de aula, muito discretamente, a tirar apontamentos sobre a forma como um Professor “dá a sua aula”, para a sua posterior avaliação ...), foi esta: “Sabem porque escolhi este tema do vosso Programa? Porque, como já viram no capítulo inicial, esta é uma Disciplina em que, também, se aprende a interpretar e compreender a sociedade (é uma Ciência Social), como não poderia deixar de ser, nesta função educativa da Escola! Neste capítulo, vocês vão poder compreender a razão de fundo de, praticamente, todos os conflitos sociais por que a Humanidade tem passado, independentemente do tempo ou lugar em que ocorrem! É, directa ou indirectamente, o móbil da determinação dos regimes políticos e dos fenómenos que os caracterizam: como e por quem repartir aquilo que a todos diz respeito!?" E, mesmo à margem das indicações programáticas, lá lhes esquematizei, com algum jeito de síntese, um quadro com as concepções aristotélicas de justiça: comutativa (ou particular), distributiva, e social ou legal (ambas públicas ou comuns), apenas para introduzir alguma orientação axiológica aos conceitos programáticos em apreço, já que a sua implicação pedagógica ultrapassa, por natureza e como já referi, o estrito âmbito das obrigações da Disciplina (naquela tal acepção da pedagogia da função docente, não estritamente disciplinar ...)!
Se fosse hoje, levaria para as ditas aulas alguns dos títulos dos jornais, sobre a questão que todos conhecemos, mas talvez convidando, para as mesmas, o Cardeal cá da terra, um Ayatolla, um Íman , o Dalai Lama, o Ministro do Erário Público português e o seu homólogo do Mercado Comum, e dir-lhes-ia estas palavras [1]:
“Torna a vida simples e serás feliz. A tua vida não custará gritos; o teu pão não será furtado a bocas famintas. Por cada homem que amontoa oiro, há cem criaturas morrendo no desespero e na aflição.” (Cap. XXII – A Filosofia do Gabiru)
“Os pobres são como os rios. Estancam a sede da terra, fazem inchar as raízes e crescer as árvores; acarretam; moem o pão nos moinhos. Ei-la a vida da terra. Todas as catedrais se construíram da sua dor; sem eles a vida pararia.” (…) “Os pobres pensam que existem seres ainda mais pobres, lares desamparados, onde nem o lume se acende; cuidam numa velhinha, que, a essa mesma hora, cisma, abandonada, e sozinha, ao pé de brasas extintas no filho doente, no filho ausente... Há cabanas nuas, lares rotos, almas mais gélidas que o nevão.
As lágrimas que se choram e se não vêem são as melhores: caem sobre a alma.” (Cap. XXV – Natal dos Pobres)” –.
Encontros da Música com o Cinema, mediados por vozes celestiais ...!
Mas o que é que a Barbara Streisand terá a ver com o Bill Evans ou o Buster Williams Trio ("Tokudo"), o Miles Davies e ... a "Branca de Neve" do Walt Disney ...?
Nesta procura global na rede mundial de informação ao nosso dispor podemos encontrar destas (pequenas ?) "coincidências". Por aqui serão sempre abençoadas, tanto quanto possam contribuir para o enriquecimento do nosso conhecimento. Sobretudo aquelas coisas que, pelo menos aparentemente, se nos deparam como (semi)encobertas, ou como algo que, por diversas e múltiplas razões (...?), podem ser inconvenientes para muitos dos que não convivem muito bem com a felicidade alheia (...).
No que toca a conhecer algo mais sobre este já antigo tema, veja-se, pelo menos, o título aqui e, para algumas das versões musicais, entre tantas, Dave Brubeck, Bill Evans Trio, ou o próprio Miles Davies.
As escolhas devem preencher todos os gostos. Eu prefiro (talvez) a primeira.
Divirtam-se ... enquanto "ele" (?) não chega!
Avec le temps...
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
On oublie le visage et l'on oublie la voix
Le coeur, quand ça bat plus, c'est pas la peine d'aller
Chercher plus loin, faut laisser faire et c'est très bien
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
L'autre qu'on adorait, qu'on cherchait sous la pluie
L'autre qu'on devinait au détour d'un regard
Entre les mots, entre les lignes et sous le fard
D'un serment maquillé qui s'en va faire sa nuit
Avec le temps tout s'évanouit
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
Mêm' les plus chouett's souv'nirs ça t'as un' de ces gueules
A la Gal'rie j'farfouille dans les rayons d'la mort
Le samedi soir quand la tendresse s'en va tout seule
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
L'autre à qui l'on croyait pour un rhume, pour un rien
L'autre à qui l'on donnait du vent et des bijoux
Pour qui l'on eût vendu son âme pour quelques sous
Devant quoi l'on s'traînait comme traînent les chiens
Avec le temps, va, tout va bien
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
On oublie les passions et l'on oublie les voix
Qui vous disaient tout bas les mots des pauvres gens
Ne rentre pas trop tard, surtout ne prends pas froid
Avec le temps...
Avec le temps, va, tout s'en va
Et l'on se sent blanchi comme un cheval fourbu
Et l'on se sent glacé dans un lit de hasard
Et l'on se sent tout seul peut-être mais peinard
Et l'on se sent floué par les années perdues
Alors vraiment
Avec le temps on n'aime plus.
Léo Ferré
Aqui me auto revejo, neste diário de bordo, a antecipar projectos a partir desta "nau", que falarão do que, no meu "diário de bordo", penso de mim a observar e criticar o mundo, e dos outros que nele também acontecem!
Daqui sairão outros "cadernos do pensamento", sem raíz obrigatória em qualquer canonização ou dogma que os condicione! Serão, pois, pura contemplação e especulação contemplativa, dando a liberdade ao espírito que, frequentemente, a razão aprisiona!
O Mestre costeiro
"A função de mandar e obedecer é a decisiva em toda a sociedade. Como ande nesta turvação a questão de quem manda e quem obedece, tudo o mais marchará impura e torpemente. Até a mais íntima intimidade de cada indivíduo, salvas geniais excepções, ficará perturbada e falsificada.
(...) O acanalhamento não é outra coisa senão a aceitação como estado habitual e constituído de uma irregularidade, de algo que enquanto se aceita continua a parecer indevido. Como não é possível converter em sã normalidade o que na sua essência é criminoso e anormal, o indivíduo opta por adaptar-se ao indevido, fazendo-se totalmente homogéneo com o crime ou irregularidade que arrasta. Num mecanismo parecido ao que o adágio popular enuncia quando diz: “Uma mentira faz cento”. Todas as nações atravessaram jornadas em que aspirou a mandar sobre elas quem não devia mandar; mas um forte instinto fez-lhes concentrar no ponto as suas energias e expelir aquela irregular pretensão de mando. Rechaçaram a irregularidade transitória e reconstituíram assim a sua moral pública. Mas o espanhol fez o contrário: em vez de opor-se a ser imperado por quem a sua íntima consciência rechaçava, preferiu falsificar todo o resto do seu ser para o acomodar àquela fraude inicial. Enquanto isso persistir no nosso país, é vão esperar nada dos homens da nossa raça. Não pode ter vigor elástico para a difícil faina de sustentar-se com decoro na história uma sociedade cujo Estado, cujo império ou mando, é constitutivamente fraudulento.
(...)Não se manda em seco. O mando consiste numa pressão que se exerce sobre os demais. Mas não consiste só nisso. Se fosse isto só, seria violência. Não se esqueça que mandar tem duplo efeito: manda-se em alguém, mas manda-se-lhe algo. E o que se lhe manda é, no final das contas, que participe numa empresa, num grande destino histórico.
(...) A vida criadora supõe um regime de alta higiene, de grande decoro, de constantes estímulos, que excitam a consciência da dignidade. A vida criadora é vida enérgica, e esta só é possível numa destas situações: ou sendo quem manda ou achando-se alojado num mundo onde manda alguém a quem reconhecemos pleno direito para tal função; ou mando ou obedeço. Mas obedecer não é aguentar – aguentar é envilecer-se – mas, pelo contrário, estimar quem manda e acompanhá-lo, solidarizando-se com ele, situando-se com fervor sob o drapejar da sua bandeira." (1)
Por tudo isto evoco essa muito pertinente afirmação de que "só é moda o que passa de moda" - estes excertos são, repare-se, da obra de José Ortega y Gasset "A Rebelião das Massas", 1928.
"POR OUTRAS PALAVRAS
"Perfilados de medo"
A memória é de geometria infinitamente variável e, sempre que os propósitos não se compadecem com escrúpulos, como acontece na guerra, a História pode ser escrita, reescrita e apagada à medida das conveniências. Foi assim que a Orquestra Juvenil Palestiniana "Cordas de Liberdade" (bonito nome…) foi agora dissolvida pelas autoridades de Jenin, na Cisjordânia, por ter tocado para um grupo de sobreviventes do Holocausto.
Compreende-se: para quem, como certos movimentos islâmicos e seus simpatizantes na extrema-esquerda e extrema-direita europeias, o Holocausto nunca existiu, ou foi um "pormenor", também não podem existir sobreviventes do Holocausto. Ora tocar para inexistências é impróprio de uma orquestra juvenil, pelo que também ela deve passar a não existir. Se o próprio Estado de Israel ainda existe é porque o longo braço da ontologia islâmica lá não chega. Chega já, porém, ao Reino Unido, onde o Holocausto e as Cruzadas foram retirados dos programas de História com medo (o medo, esse mestre mudo, sempre foi o grande educador dos infiéis) de ferir a "sensibilidade" da comunidade islâmica."