Já não sei como me destrinçar, no pensamento, entre as rubricas que comecei a assinar como "Cogitadelas" e estas "Tiradas de Reflexão Pura", que começaram no Fiat Lux, esse blogue para o qual me acabou o tempo que lhe poderia ter dedicado. Mas não se pode fazer tudo sozinho, e porque é demais ter blogues a mais, vamos lá a ver se mantemos "vivos" estes a que dedicamos tempo, esforço e, por que não dizê-lo, algum afecto (ou mesmo amor)!
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Lembro-me de ter assistido a algumas sessões de 'esclarecimento' de seguidores do Guru Maharaji, na época em que estava em moda a filosofia oriental de raíz hindu, como por exemplo, em Lisboa, nos inícios de 70 ... Chamavam a estas sessões sat sang, que um dia me explicaram significar "proferir a palavra esclarecida, que vem de dentro de quem possui o conhecimento ...".
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Sem pretender me auto-intitular de possuidor de uma tal "3ª visão", gostaria que estas minhas tiradas mais não fossem a expressão de uma pura reflexão, sem rascunho ou orientação metodológica com que podessem ser elaboradas. Isso poderá observar-se noutras rubricas que, aqui como noutros espaços de expressão, faço questão de assinar.
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E porque estou para aqui a ter estas explicações? Porque tenho visto continuamente, nesta societatem portus calensis em que vamos deambulando, factos, artefactos e contrafactos ... que levam o mais simples do homo sapiens (sapiens sapiens para os mais ensinados) a ter de cogitar sobre o que vai assistindo, numa como que mera contemplação de estímulos da mais variada espécie, e que nos chegam a todos, de uma ou outra formas, mais cedo ou mais tarde. Ninguém está imune, nesta affluent society, a estas tão quotidianas infuências sociais.
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Ontem vi mais um espectáculo deste estado televisionado, talvez não muito ou nada ensaiado. Mas lamentável, porque foi de fazer inveja ao famosíssimo "O Juiz Decide", de há uns anos: de um lado, JPP e RC a defenderem a comunicação social e o seu papel institucional; de outro lado, MMC e ER a quererem confirmar as teses conspiracionistas, mas a continuarem a esquecer-se do que o meu mui citado mestre já diz no seu post de hoje, isto é, "quem anda à chuva molha-se" ou, diria eu, "com ferros matas, com ferros morres".
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E nesta pouco salomónica sessão "judicial" apenas me ressaltou uma plena constatação: há cidadãos, há cidadãos-ministros, e há sindicatos de cidadãos-ministros, sendo que a maioria dos que se julgam povo talvez ainda não caiba em nenhuma das categorias supra citadas (ou, contrariando Tocqueville, rege-nos uma pseudo-democracia porque, de modo cada vez mais evidente, sofremos com as bestiais investidas de uma tirania da maioria de subservientes aos interesses de uma minoria crescente, em espécie e em número).
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Por tudo isto me vêm à ideia os princípios subjacentes à filosofia platónica da governação, dentro do seu conceito de polis ideal. E, por mais que o seu discípulo de Estagira (Aristóteles) o quisesse ou quisesse contradizer (como o fez em várias das oposições filosófico-conceptuais que teceu), ainda não se redefiniu melhor forma de expurgar a figura ético-valorativa do homem político (estereotipado na sua definição de rei-filósofo), no que concerne a relação entre a titularidade de cargos públicos e a respectiva detenção de bens patrimoniais ... . Se hoje ainda assim fosse, não tínhamos assistido à procissão ao descalabro de sucessivos elencos governativos, nem à construção privada para fins pseudo-públicos de um W. C. que serviu para mandar 12.000 contos pela "pia abaixo"! ... Não, aqui há grande conspiração! ...?