quinta-feira, junho 29, 2006

Se os Municípios fossem, apenas bairros (?) ...

Já vi homens, na política e fora dela, que se demitiram por muito menos!

Eu próprio, há uns anos, fui suspenso por um mês com perda de vencimento, por ter defendido critérios objectivos de avaliação dos alunos, e não baseado no seu estrato sócio-económico ou grupo sociológico de pertença! Ou por ter evocado o papel pedagógico da Escola na definição científica de valores democráticos como o são a liberdade e a justiça social, frequentemente prostituídos por muitos que, tendo responsabilidades sócio-estruturantes na sociedade, apenas usam o poder que lhes é conferido em conformidade para defesa de causas que lhes são, frequentemente, próximas! Não há república que resista a tamanha demagogia! Nem a cabalas, alcavalas e a trogloditices da arrogância brejeira! Arre, mais uma vez?!

E agora? Que fazer desta afronta do representante superior das instituições que, na História de Portugal, são a referência mor do poder democrático, os Municípios?

A atestar pela indignação em mais um artigo de opinião do MA Pina, entre outros que também se podem ler na última do JN de hoje, não há lugar para desculpas esfarrapadas como as que já se viram por parte daquele edílico, mesmo que alguma razão circunstancial, originariamente, lhe assistisse!


"O regresso de Viriato

Fernando Ruas, presidente da República do Cavaquistão, incitou os súbditos a "correrem à pedrada" os funcionários da República Portuguesa que tentem impor no seu território o cumprimento das leis desta última (a distante, a estrangeira, a "colonial" - como diz o presidente da República Atlântica das Bananas - República Portuguesa). "Corram-nos à pedrada, a sério. Arranjem lá um grupo e corram-nos à pedrada. Eu estou a medir muito bem aquilo que digo", assegurou, no meio dos "urrahs!" dos chefes de clã, o presidente cavaquistanês, que é igualmente presidente dos presidentes de todos os cavaquistões. Após a surtida, desbaratadas as hostes invasoras, no caso dois funcionários do Ministério do Ambiente, Viriato retirou estrategicamente para o inextrincável e hermínio "maquis" da semântica portuguesa. Que, afinal, o "a sério" não era a sério, era a brincar, que as "pedras" eram "figuradas" e mais manobras evasivas capazes de reescrever toda a arte da guerra de libertação de Giap, Mao, Che, Marighela & Alberto João Jardim. Um dia destes haveremos de o ver descer das montanhas e marchar sobre a capital do Império, o Braveheart de Viseu, exigindo subsídios já não só para rotundas e pavilhões multiuso mas também para mocas e calhaus."