Porque escrevo este título com maiúsculas? Porque, ao estar a tentar ver um filme que me faça passar a ligeira insónia, depois de um serão ao ar pouco livre na atmosfera de mais uma feira de vaidades que também se fazem nas escolas públicas portuguesas, com rituais de hipocrisia (apenas encoberta com o esforço daqueles que, institucionalmente, ainda merecem a admiração da res publicae que servem - como é o caso dos que efectivamente da concretização de mais um número anual desta Revista Avenida do Minho
que se faz nesta Escola Pública onde sirvo a comunidade), dou comigo em casa a pegar no portátil, a ligá-lo ao blogger e a "retaliar" o filme que a TV pública passava a esta hora, "O Princípio da Incerteza". E, ao jeito de mais uma das minhas Cogitadelas, dou comigo a constatar que, mais uma vez, os ditos "agentes de socialização" nos induzem no atrasadismo, tal é a distância que medeia entre o significado deste título que agora contemporizo na realidade que passa e a certeza cada vez maior do que nos deveriam, muito democraticamente, confessar os que sabem que o povo se vai consciencializando, cada vez mais, da canalhocracia lusitana que nos domina! A começar pelas escolas de Portugal, sobretudo (como será lícito esperar) as do Ensino Público, onde se esconderão, muito provavelmente, as mais vis subversões do Estado português!!!
E porquê este apontamento na rubrica Letras do Pensamento, que é dedicada à interpretação dos factos sociais, que vamos testemunhando, mas naquela perspectiva de uma crítica social que já tem referência e enquadramento na literatura sobre o pensamento filosófico de cariz portuguesa? Porque, como quis referir com o título deste artigo, chegamos ao fim de um ciclo, certamente, tantos são os dados concretos que retiramos daquilo a que vamos assistindo no nosso quotidiano social, em que não devemos ter mais dúvidas sobre quem nos tem dirigido, como temos sido governados e porquê as coisas (sobretudo os assuntos públicos) têm seguido o rumo dirigido a este estado em que nos encontramos! Com ênfase especial para o facto de, historicamente falando, não estarmos a assistir a algo de novo, mas sim a uma espécie de repetição ou reformulação de cíclicos episódios históricos!
Estamos, com a certeza que terão os princípios que possam definir uma nova interpretação realista dos factos (portanto isentos de qualquer carga ideológico-partidária ou, mesmo, teórico conceptual) perante uma espécie de tiranocracia (em que o tirano, por mais que queira assumir-se como legítimo, nunca poderá conseguir esse estatuto jurídico-político, dado tratar-se de um princeps não conformado com os reais interesses dos súbditos, mas tão somente com os daqueles que constituem o próprio corpo orgânico que é esse gigantesco domínio absoluto dos meios de controlo socializante das instituições que ele próprio cria)! E nova interpretação, sim, mas a partir de princípios que, não tendo forçosamente de ser novos, continuem a corresponder aos valores que mais e melhor sublimem as aspirações da polis, que não pode ser sem cidadãos, mas apenas com eles! Assim sendo, convém dizê-lo, há autoritarismos mais democráticos que alguns democratismos tirânicos, quando transformam a maioria dos interessados numa autêntica hipocrisia com que se apresenta a governação atenta aos maiores interesses de uma minoria cada vez maior.
Agora, que as certezas começam a clarificar a nossa memória à medida que se confirmam no nosso colectivo cepticismo dos "brandos costumes", mais certo ainda está a metodologia dos escalonadores do Poder, dentro d o funcionalismo subserviente dos politicamente correctos à esquerda e à direita do Poder cada vez mais clandestino, à revelia dos mecanoismos legitimadores de uma democracia que apenas se vende em campamnhas eleitorais, nunca se cumpre no campo das realizações existenciais dos seus mais legítimos destinatários.
Mas estas "Letras do Pensamento" ainda irão buscar as raízes do que na nossa cultura filosófica para a educação tem para lembrar, contrariando muitas das expectativas educacionesas dos que hoje, de nada se lembrando porque certamente pouco aprenderam, cairam no esquecimento do papel que cabe aos mais activos intervenientes agentes da Educação em Portugal.
Fica para breve nesta rubrica.