Mais uma vez, o futebol e a sociedade (em sentido amplo)! Claro, que isto de mexer onde há poder, que é o mesmo que dizer onde há o poder de fazer o dinheiro dar poder, ... para fazer dinheiro ... eh pá, isto nunca mais acaba!!!(?)
Em todo o caso, por agora fico-me por mais uma que, pelo menos parcialmente, também subscrevo, vindo desta autora (recebido de Jornal de Negócios)
Selecção internacional
lbessa@mediafin.pt
"Ninguém duvida que a carreira da selecção neste mundial merece ser celebrada. Num campeonato onde o que verdadeiramente interessa é quem ganha o título - e há algum onde seja diferente? - há sempre lugar a prémios de consolação.
"Ninguém duvida que a carreira da selecção neste mundial merece ser celebrada. Num campeonato onde o que verdadeiramente interessa é quem ganha o título - e há algum onde seja diferente? - há sempre lugar a prémios de consolação.
Não foi a selecção de Angola recebida em delírio ao regressar a casa sem ter passado da primeira fase, pois o verdadeiro feito estava em ter conseguido a qualificação e por pouco ter passado aos oitavos de final?
Os portugueses têm legítimas razões para festejar que a sua selecção de futebol seja a quarta melhor do Mundo, mesmo que, visto de fora, tanto entusiasmo pareça estranho no dia seguinte à mais pesada derrota de todo o percurso. É tudo uma questão de objectivos. E também a demonstração de que oscilamos entre um espírito de permanente inferioridade face aos grandes e poderosos do Mundo e um orgulho patriótico, que pode assumir traços delirantes.
Serve a introdução futebolística para celebrar outro acontecimento: a ascensão de António Horta Osório a CEO de um grande banco inglês, que faz parte do grupo Santander Central Hispano. A sua chegada a presidente executivo do Abbey National aos 42 anos, além de coroar uma já brilhante carreira no sector financeiro, que por certo não acabará aqui, representa um significativo reforço da presença nacional em cargos de relevo no estrangeiro.
Desde há décadas que os portugueses têm a imagem de trabalhadores sérios e esforçados mas em funções pouco qualificadas, de que os estereótipos mais conhecidos são as porteiras em Paris e os padeiros no Brasil. É uma imagem que não se muda de um dia para o outro. Mas a verdade é que começa a mudar.
No centro dessa mudança estão as segundas e terceiras gerações de luso-descendentes, onde emergem profissionais com elevados níveis de qualificação, alguns dos quais em posições de destaque nos seus países, e a chegada de portugueses aos mais elevados cargos de instituições e empresas internacionais.
Há 13 anos António Borges foi notícia quando assumiu o cargo de deão do Insead, já então uma das mais prestigiadas escolas de negócios internacionais. Mas enquanto na altura Borges estava praticamente sozinho, agora está bem acompanhado. Como vice-chairman da Goldman Sachs, continua em lugar de destaque na nossa selecção internacional, onde avultam, entre outros, mais dois Antónios (Viana Baptista, na administração da Telefónica, e Horta Osório), cientistas e académicos como António Damásio e Sérgio Rebelo ou artistas como Paula Rego. Se a estes somarmos os políticos, cujos expoentes são Durão Barroso e António Guterres, ou os homens do desporto, com o quase lendário José Mourinho à frente, temos constituída uma verdadeira selecção internacional de luxo.
E o que é que nós ganhamos com isso?, é a pergunta tradicional dos cínicos. Prefiro correr o risco de ser ingénua e considerar que a presença de portugueses em lugares internacionais de topo não é apenas uma boa notícia para os próprios. Além de constituírem uma rede de verdadeiros «embaixadores» a nível mundial, mesmo quando as suas funções os obrigam a actuar de forma supranacional, com eles também se muda a imagem de Portugal."
Os portugueses têm legítimas razões para festejar que a sua selecção de futebol seja a quarta melhor do Mundo, mesmo que, visto de fora, tanto entusiasmo pareça estranho no dia seguinte à mais pesada derrota de todo o percurso. É tudo uma questão de objectivos. E também a demonstração de que oscilamos entre um espírito de permanente inferioridade face aos grandes e poderosos do Mundo e um orgulho patriótico, que pode assumir traços delirantes.
Serve a introdução futebolística para celebrar outro acontecimento: a ascensão de António Horta Osório a CEO de um grande banco inglês, que faz parte do grupo Santander Central Hispano. A sua chegada a presidente executivo do Abbey National aos 42 anos, além de coroar uma já brilhante carreira no sector financeiro, que por certo não acabará aqui, representa um significativo reforço da presença nacional em cargos de relevo no estrangeiro.
Desde há décadas que os portugueses têm a imagem de trabalhadores sérios e esforçados mas em funções pouco qualificadas, de que os estereótipos mais conhecidos são as porteiras em Paris e os padeiros no Brasil. É uma imagem que não se muda de um dia para o outro. Mas a verdade é que começa a mudar.
No centro dessa mudança estão as segundas e terceiras gerações de luso-descendentes, onde emergem profissionais com elevados níveis de qualificação, alguns dos quais em posições de destaque nos seus países, e a chegada de portugueses aos mais elevados cargos de instituições e empresas internacionais.
Há 13 anos António Borges foi notícia quando assumiu o cargo de deão do Insead, já então uma das mais prestigiadas escolas de negócios internacionais. Mas enquanto na altura Borges estava praticamente sozinho, agora está bem acompanhado. Como vice-chairman da Goldman Sachs, continua em lugar de destaque na nossa selecção internacional, onde avultam, entre outros, mais dois Antónios (Viana Baptista, na administração da Telefónica, e Horta Osório), cientistas e académicos como António Damásio e Sérgio Rebelo ou artistas como Paula Rego. Se a estes somarmos os políticos, cujos expoentes são Durão Barroso e António Guterres, ou os homens do desporto, com o quase lendário José Mourinho à frente, temos constituída uma verdadeira selecção internacional de luxo.
E o que é que nós ganhamos com isso?, é a pergunta tradicional dos cínicos. Prefiro correr o risco de ser ingénua e considerar que a presença de portugueses em lugares internacionais de topo não é apenas uma boa notícia para os próprios. Além de constituírem uma rede de verdadeiros «embaixadores» a nível mundial, mesmo quando as suas funções os obrigam a actuar de forma supranacional, com eles também se muda a imagem de Portugal."