sexta-feira, março 30, 2007

O Homem, a História e a Justiça

Ouvindo relatos do outro lado do Mundo português!
Continuo atento às novidades que JAM nos vai dando, do outro lado do Atlântico, e apenas aqui posso e devo apontar o episódio, o fenómeno e o absurdo que cobre os factos mediocráticos a que vamos assistindo, neste desabrochar da vergonha com que os científicos esquerdismos da nossa desgraça pintaram a nossa história dos últimos cem anos.
Por isso, vou dedicar, neste blogue, mais um tema às categorias temáticas (a iniciar com este postal), só para tentar referir o que socialmente tem relevância e cabimento na postura do "Publicista", relativamente ao que seja aceitável dizer-se que o país espera e não alcança! Penso que social, politologica e historicamente atravessamos um período atinente a esses reparos. E por isso designo assim este tema: «À espera do meu país»! Porque sou português, latissimu sensu!
Mas não dou vivas a Salazar, como alguns, por ventura, já queiram fazê-lo. Apenas aponto a pertinência sócio-histórica deste episódio, no Rio de Janeiro, que, não tendo forçosamente a ver com o tal fenómeno de que todos temos sido vivos testemunhos nas últimas semanas, é para muitos um absurdo que só tem explicação por recorrência a uma eventual paranóia colectiva! Porque esses mesmos se esquecem facilmente, naqueles lapsos de memória que caracterizam a pequenez de quem, querendo ser o que apenas existe no seu imaginário, nunca provou o sabor da verdadeira coragem de se assumir por aquilo que realmente é e, acima de tudo e ainda pior, não podem saber o que é perder porque nunca tiveram nada, a não ser a respectiva inveja e cobiça do alheio! É neste lodaçal da nossa psique colectiva que encontramos a explicação para tão cobarde fuga às nossas responsabilidades sociais, com que diariamente alimentamos o monstro a que os hipócritas têm, injustamente, chamado democracia!
"Caetano "vanguardista e derrotado político"
30.03.2007, Nuno Amaral, no Rio de Janeiro
Terá sido Marcello Caetano um vanguardista ideológico e simultaneamente um derrotado político? "E julgo que foi isso mesmo. Ele quis democratizar, quis arejar a sociedade, mas estava refém dos aparelhos repressivos e dos "senhores da guerra"", defendeu esta quarta-feira à noite o secretário da Academia Internacional da Cultura Portuguesa, José Adelino Maltez , no Real Gabinete Português de Leitura no Rio de Janeiro. José Adelino Maltez sublinhou também que Marcello Caetano escolheu, antecipadamente, os "futuros políticos" do pós 25 de Abril. "Isso é um facto, ele era uma homem de visão. Reparem: Adriano Moreira, Francisco Sá Carneiro, Veiga Simão e tantos outros foram chamados para a política por Marcello Caetano", afirmou. Só que, salientou, "na prática a teoria foi outra". Ficando assim adiada a "primavera marcelista".
Mais contundente na defesa, Rui Patrício, último ministro das Relações Exteriores de Caetano, expôs o "orgulho desmesurado" em ter integrado "aquele fascinante projecto político". E deixou alguns recados aos críticos do sucessor de Salazar: "Quem participou activamente na balbúrdia da descolonização não tem autoridade moral para acusar Marcello Caetano de incoerência."O antigo ministro sustentou ainda que Portugal vive sempre "dramas" nas "encruzilhadas de transição de poder". Mesmo na história recente, advertiu. "Os regimes em Portugal não caem devido à oposição, caem de podres. Ultrapassam o prazo de validade", vaticinou.No salão nobre da maior biblioteca portuguesa fora do território nacional, dezenas de portugueses e luso-brasileiros assistiram à conferência que devia ter-se realizado em Agosto passado, a data em que se assinalaram 100 sobre o nascimento do professor de Direito. Devido à discrepância temporal, todos os presentes esforçaram-se por vincar que a data não estava ligada à eleição de Salazar como "o maior português de sempre". Na data correcta registou-se um imprevisto e muitos intervenientes não puderam participar
."
Assim, resta-me enquadrar, neste primeiro post deste tema, e por ordem cronológica da sua concepção, três ideias fundamentais: primeiro o Homem, que a partir do momento em que foi possível conhecer o seu persurso, criou essa necessidade de se reconhecer no tempo e no espaço, inventando a História, a qual nem com todos os recursos científicos é capaz, em cada momento de qualquer lugar, de fazer toda a devida Justiça sobre os factos a que se reporta! O episódio referido é um actual testemunho dessa falibilidade! Para muitos ajustadamente conveniente!!!

quarta-feira, março 28, 2007

Escutando JAM do Outro lado do Atlântico ...

Que venha luz, desse lado de Vera Cruz!
É! Heh! A rima não foi propositada, mas vem mesmo a calhar, como viria mesmo em boa altura uma outra espécie de augúrio para a nossa felicidade. Mas, enquanto tal não nos parece vir acontecendo, vamo-nos contentando com algumas evocações, mesmo que com alguma nostalgia, do que já há muito (tenho-o repetido e continuarei a fazê-lo nesta minha rúbrica sobre libertação através da música) consta do repertório social de queixas contidas nas letras de muitas composições musicais.
Por isso, deixo a JAM, para o outro lado do mar, para aquela parte ainda Unida à armilar sina da nossa estirpe cutural, este bonito e significativo trecho, auspicioso para quem continua a esperar, nessa duradoura esperança de melhores dias (talvez se o cenário ali descrito se concretizasse, quem hoje poderá dizê-lo?), de um outro Sol, de poder ser melhor SER! Oxalá:







MOODY BLUES lyrics

Eu diria 'répétition', ou o "mito do eterno retorno"!

É o que melhor me vem à ideia, para tentar retratar os episódios com que a mediocracia tenta festejar, com fogo de hipocrisia, o desfecho algo insólito (?) ou inesperado (?) deste televisionado concurso dos "Grandes Portugueses", de onde saiu eleito (qual acto eleitoral) o antigo Presidente do Conselho de Ministros António de Oliveira Salazar. Mesmo com uma aproximação mais realista dos apontamentos de meu antigo colega AC Pinto, neste artigo do JN (ver link acima).



Para mim, que escolheria o Infante da Escola de Sagres (...), trata-se de uma repetição (do francês 'répétition', acto de redizer, de reiterar, de reflectir os sons, a luz; ensaio, prática repetitiva), termo cujos significados me reportam para os mitos do retorno, cujas manifestações a que assistimos não possam ser mais que esse 'ensaio' geral (colectivo, social) de mais um mítico retorno do tão desejado messias! Tal é a situação social do país, independentemente da formação político-partidária que o governe! É um problema (e este foi o sintoma declarado, já não omitido) de rejeição do sistema!



Vejo que não me engano ao ler algumas na imprensa de ontem, tão fugazes que nem dá para acreditar em tamanha 'amarelice' medriqueira, como autênticos píncaros de hipocrisia envernizada pelo público statu dos emplastros mediocratas: desde os justificadores da História, até aos economistas 'de bancada', que nem José Hermano Saraiva escapou, ao tecer conclusões tão contraditórias como as que sintetizou, como outros, do tipo 'é o reflexo do desconhecimento da nossa História', mas ... consequência do facto de Salazar 'ter sido o único estadista a morrer pobre ..., que soube evitar uma grande guerra, ...' (veja-se o JN de ontem, 26 de Março de 2007).


Prefiro continuar a seguir Mircea Eliade, no seu Mito do Eterno Retorno, quando refere a recusa que as sociedades tradicionais "fazem do tempo histórico e pela nostalgia que elas sentem do tempo mítico das origens", pois, como refere o autor desta distinta obra, "... ao estudarmos essas sociedades tradicionais, surpreendeu-nos sobre tudo um aspecto: a sua revolta contra o tempo concreto, histórico, a sua nostalgia de um regresso periódico ao tempo mítico das origens, à Idade do Ouro. Só descobrimos o significado e a função daquilo a que chamamos «arquétipos e repetição» quando compreendemos a vontade que essas sociedades tinham de recusar o tempo concreto e a sua hostilidade em relação a qualquer tentativa de «história» autónoma, isto é, de história sem regulação arquetípica".



Mas já se vêem alguns a proclamar a falta de educação, do ensino da História em Portugal! Que os portugueses não têm sensibilidade histórica, veja-se, que é apenas o fruto da possível memória recente (ainda que daqui algo se aceite). Mas também não creio que esse seja argumento que colha cabimento na necessária interpretação, explícita e intelectualmente, honesta, que um julgamento imparcial deste evento merece (mesmo não recorrendo a vícios do cientismo): "... Esta recusa não é simplesmente o efeito das tendências conservadoras das sociedades primitivas ... dever-se-á ver nesta depreciação da história, ou seja, dos acontecimentos sem modelo trans-histórico ... uma certa valorização metafísica da existência humana. Mas esta valorização não é, de modo nenhum, a mesma que certas correntes filosóficas pós-hegelianas tentam dar, nomeadamente o marxismo, o historicismo e o existencialismo, depois da descoberta do «homem histórico», do homem que existe na medida em que se faz a si próprio no seio da história." 1

(1) ELIADE, Mircea, O Mito do Eterno Retorno, Introdução, Edições 70, Lisboa, 1984, pp. 11 e 12.

segunda-feira, março 26, 2007

Sobre a memória colectiva, nestes pequenos dias de 'grandes portugueses'

"Dos fracos não reza a história"!!!

Muito teria de recordar, a montante e a jusante da verdade histórica sobre tão ilustre personagem da nossa história colectiva, como é a do ex-Presidente do Conselho de Ministros António de Oliveira Salazar (também se pode ver o que hoje diz o meu mui citado mestre JAM): a montante, sobre as causas que permitiram que a exuberância do seu carisma se plasmasse na adesão massissa dos vários quadrantes sócio-ideológicos daqueles tempos de rescaldo da 1ª República (...); a jusante, sobre as consequências que, principalmente a partir do isolamento internacional do regime criado pelo Estado Novo, assim como dos desiquilíbrios internos advindos da obsolescência do respectivo sistema nacional, se fizeram sentir no oportunismo daqueles que o regime então evitava, que mais não são que os mesmos que, hoje, fazem com que, na consciência da maioria dos portugueses, se repita o que em 1926 era inevitável: a chegada de um qualquer 'dom sebastião', qual messias salvador para tamanha catástrofe nacional, que agora também se vive!
Creio-me insuspeito, para os que realmente me conhecem, sobre a minha opinião a respeito deste homem de Estado que foi Salazar. O mesmo já não direi de M. Caetano, se bem que não o contraponha, apenas distinga. Mas daí a Salazar ser o maior português de todos os tempos, ... ?! Não posso esquecer:
- o episódio de 1958 (ao colo de minha saudosa tia-avó Amélia, em Guimarães, tinha eu 4 anos, fugia o povo à frente das investidas a espada da cavalaria da GNR, procurando euforicamente uma porta onde se enfiar, tal o pânico criado na população que então se reuniria para o que deveria ter chegado a ser um comício a favor de Humberto Delgado ...);
- a disciplina antipedagógica que se vivia nas salas de aula, em estabelecimentos de ensino onde o separatismo do género humano criava um pseudo mito da castidade sexual;
- a polícia política que, por eu ter participado em "actividades estudantis subsbersivas para a ordem da Nação", me expulsou do Liceu e me proibiu de estudar em estabelecimentos públicos de ensino; etc.; etc..
Por isso direi, mais uma vez, que estes dias, tão estranhos que já não admira tamanha estranheza (pois a memória colectiva a que, forçosamente, nos fomos habituando, não se compadece com as fraquezas indiduais que o esquecimento constrói), estão nesse contraponto das pseudo-verdades que se querem sobrepôr ao espírito imanente, essa Vontade que está, congenitamente, na personalidade social dos povos.
E, neste contexto, faz-me o presente episódio evocar, também ao jeito historiográfico, a mensagem musicológica deste trecho dos Moody Blues:








MOODY BLUES lyrics

domingo, março 18, 2007

Conhecendo bem o meu ex-colega Mestre Américo ...

Solidarizo-me, inevitavelmente, nesta luta contra a tirania do espalhafato mediático das pretensas musas pseudo-democráticas, nesta democratura pederasta que nos invade, oprime e esvazia a capacidade de tolerância, sobretudo naqueles que ainda se dão ao indisopensável sacrifício de respeitar a diferença.

E esperando que este meu modesto e humilde blogue tenha 'voz' para chegar, cada vez mais, perto da luz da verdade com que se deve contemplar a Justiça, aqui deixo uma simbólica mas expressiva marca de reconhecimento por um colega que, não sendo dos meus mais frequentes interlocutores enquanto trabalhávamos no mesmo estabelecimento - o Colégio Pina Manique, da Casa Pia de Lisboa -, sempre vi nele uma pessoa que transparecia integridade e coragem para, perante tamanhos descalabros sociais, ser um dos mais renhidos defensores da verdade: por isso, também aqui colocarei, em sua homenagem, um posta neste blogue, onde já se tem falado de outra Escola, onde tento trabalhar, embora o fenómeno das ... , também pseudo ..., aqui se faça ..., e por isso não posso ..., pelo menos enquanto não se dissiparem os tais pretensos ..., que são aqueles micro poderes subestatais ínsitos neste situacionismo de que muito fala o meu mui citado mestre de Ciência Política JAM ...!

Passo, por isso, na íntegra o post do Pedro Namora, merecedor de certo respeito ...!




No tribunal de Almada, está a ser julgado o herói Américo Henriques. Eu relembro: durante décadas lutou, sozinho, para evitar que as crianças internadas na Casa Pia de Lisboa fossem abusadas sexualmente. Corajoso, enfrentou tudo e todos, sofreu perseguições diversas, incluindo a que lhe foi movida de forma particularmente cruel por Teresa Costa Macedo.
A tudo resistiu, fiel à sua condição de casapiano, menino pobre que conseguiu na instituição tornar-se um dos melhores relojoeiros do mundo. E responsável pela única escola de relojoaria existente em Portugal.
Pois agora está a ser perseguido no tribunal de Almada pelo ex-provedor da Casa Pia de Lisboa, Luís Rebelo de seu nome, o mesmo que Bagão Félix afastou quando foi descoberto o horror da violação de meninos pobres na Casa Pia de Lisboa.
O mestre Américo está a ser perseguido por ter dito uma verdade elementar: que grande parte da responsabilidade dos abusos sexuais é de quem dirigiu a Casa Pia ao longo de todos estes anos . E por ter, corajosamente, mencionado, entre outros, os nomes do ex-provedor Luís Rebelo e da antiga secretária de Estado Teresa Costa Macedo.
Tivesse o ex-provedor usado contra os pedófilos apenas um resquício do zelo persecutório e do ódio que agora nos dedica, e centenas de crianças teriam sido salvas da barbárie.
Estranhamente, a comunicação social omite o julgamento. É também um sinal dos tempos."

posted by Pedro Namora às 12:10

sábado, março 17, 2007

Sobre este medo que me invade ...

Olho lá para fora. Já não tão relevantemente para as notícias publicizadas, nem para as da netosfera. Apenas me provoca angústia a monstruosidade dos poderes com que me sinto administrado, nesta polis em que quero ser cidadão civilizado, mesmo com o meu capital de culpas obrigacionais, mais morais (penso que ainda tenho consciência disso) que legais. O que me provoca medo, daquele tipo terrificador! Não há pachorra!
É assim que, nesta semana em que lá tive, mais uma vez, de telefonar para a EDP para me anularem uma factura mal processada (estava a pagar, duplamente, sabe-se lá por quantos meses isso já vai, a Contribuição audio-visual ...!), entre a tal baixa médica e o meu compromisso para com alunos, sem ter tido, felizmente, de estar muito tempo em filas para a entrega das declarações do IRS, me vejo, cá dentro da minh' alma atormentada por esta melancolia das existenciais falsas liberdades, a braços com o neo-perfectorismo dos "professores titulares".
A este respeito, apesar de já ter lido algumas, nos jornais, nos portais da educação e, muito, neste ciberespaço que é a blogosesfera, não poderia deixar de me chamar a atenção o estilo provocador, mas realista, deste artigo de um Blogue que passo a recomendar aos mais liberdadeiros cibernautas: "Tati".
"PROFESSOR TITULAR

Senhores Professores, (des)animem – do envelhecido caldo de elite virá à tona a mais fina nata. Alva e cremosa. Adocicada pelo (des)mérito final, um tudo nada acre pelos pingos de limão de muitos anos de empenho enjeitado. Os melhores dos melhores. Todos juntos formando uma espécie de senado. Quase trôpego, é certo. Turvo pelas mais que certas cataratas, frágil devido a bafos suspeitos no coração, de fala arranhada e ouvido minguado. Mãos e braços limitados por epicondilites no ombro, no cotovelo, no pulso, em tudo o que deveria ser articulado. Por via de anos de apagador e giz em riste, há atrito dorido entre os ossos, outrora biologicamente oleados. Senado de senex, velho, idoso. Assembleia de notáveis. Aos futuros senadores escolares chamam-lhe Professores Titulares. Dos professores, a suposta nata. Julgá-la obtida a partir da massa espessa que sobrenada no leite fresco, é engano. Cruel. Mas engano.

Os doutos Titulares são o último patamar da carreira docente. Dificilmente lá chega a plebe que se esmifra a encasquetar conceitos em mentes transbordantes de playstation, exigências, internet, sms, abandono e toques polifónicos. Uns desgraçados entupidos de todo. Mais desgraçado só o canalizador/professor que é suposto abrir brechas por onde circulem ideias correntes e se arrisca a levar como extra ao pré uns tabefes. Uns e outros dispostos a mandarem-se mutuamente a sítios pouco recomendáveis. De vez em quando, a paixão acontece - são os «cromos» se alunos, os «tansos» se professores. Os primeiros gozados à fartazana pela malandragem encartada, os segundos engolindo o amor mal saídos da aula, não vá alguém apelidá-los de carreiristas safardanas.

Para chegar a Professor Titular somente interessa o feito e os cargos ocupados desde 1999. Pode, até aí, ter sido o maioral dos baldas, ter aniquilado vocações aos milhares, ser dos incompetentes o rei. Tudo o tempo levou se da referida data para cá somar os pontos estipulados. Do mesmo modo, o esmero e amor pela profissão e pelos alunos, assiduidade sem mácula, desempenho dos mais altos cargos docentes são inúteis se após o final do século sobreveio o cansaço pelos serviços burocratas e/ou maleita física inesperada. Professor Titular. Entre pares: um sortudo!"

domingo, março 11, 2007

Hino às vontades dos tempos

Deambulações de um português em Portugal

Vejo-me entorpecido neste deambular, de atestado médico na mão, entre serviços de saúde, processos disciplinares, a Escola onde exerço e o aconchego de minha casa, para descanso das maleitas que fazem felizes alguns do tal ditirambo ...! Mas como não caí em concreta paranóia, valha-me Deus e me livre de tal diabólica sina, vou trabalhando, mesmo nas condições presentes, nessa promessa de transmitir o resultado de alguns elementos de avaliação aos meus alunos , que são o grande móbil de tão vasto empreendimento, como é o caso desta ministerial missão que é EDUCAR!
E também me vejo nas palavras proferidas sobre estes Horizontes da Academia, e subscrevo, finalmente, o que diz este nosso ex-PM acerca da situação docente, neste sistema de micros anti-sistemas educacioneses:
"Há que continuar a avaliar escolas e professores

Rui Machete
Advogado

Têm-se tornado cada vez mais frequentes os alertas e os apelos para a necessidade de mudança e de mudança rápida em múltiplos sectores da vida portuguesa, se pretendermos não ficar para trás nesta concorrência cada vez maior que a economia e a sociedade globais nos impõem. A médio prazo, o que está em jogo é o bem-estar dos portugueses, mas, ainda mais importante, a sua autonomia cultural e política como povo com uma História longa e rica e uma identidade bem vincada.
Estes desafios exigem capacidade de entender colectivamente as dificuldades e uma vontade firme de as vencer. Implicam também o reconhecer que faz uma enorme diferença querer tomar o destino nas mãos e lutar por objectivos ambiciosos, embora realistas, ou assumir a resignação agridoce da pretensa inevitabilidade do fado.
O voluntarismo animado por uma forte determinação remove montanhas, a apatia do conformismo, do argumento "de que sempre foi assim", gera a incapacidade para progredir.
A educação é, porventura, em Portugal um dos domínios onde melhor se pode observar o contraste entre as duas atitudes: a predominantemente conservadora e a voluntarista, desejosa de modificar estruturas e hábitos anquilosados, e interesses instalados que procuram perpetuar-se a todo o custo.
Mudar é penoso, envolve sacrifícios. É sempre mais cómodo continuar como se tem feito desde há muito, gozar as benesses que o longo tempo e a habituação fazem sentir como naturais e direitos intangíveis.
Para conseguir reformas, mudar, é imprescindível conhecer bem a situação, as deficiências, porque é que as coisas vão mal.
A avaliação das instituições, das suas capacidades de se atingir os objectivos, é, assim, fundamental. A medição dos resultados constitui um ponto essencial dessa avaliação. O ex-governador Jeff Bush, de visita entre nós, em recente conferência sobre a reforma educativa na sua Florida, dizia enfaticamente: "Quem não mede não se preocupa com as coisas." A comparação de resultados entre instituições congéneres representa outro passo essencial nesse processo.
Todos nos recordamos de quão difícil foi, já nos anos 90 do século passado, convencer o Ministério da Educação, temeroso dos sindicatos, a medir a actividade do ensino das escolas, primeiro, a dar a conhecer esses resultados ao público, depois. Foi necessária uma injunção judicial para o conseguir!
Vencida essa primeira etapa, há que ir mais longe: alargar e aprofundar essas medidas e avaliações e, sobretudo, retirar daí resultados em termos de carreira dos professores e das remunerações, e também de oportunidades oferecidas às escolas mais eficientes. E fazê-lo a todos os níveis de ensino: primário, secundário e superior, mesmo que sejam da regedoria de diversos ministros.
O aumento do nível de exigência é sempre tarefa delicada. Algumas injustiças inevitavelmente se cometerão. É preciso, também, ajudar os mais fracos, mas de boa vontade, ou que enfrentem condições económicas adversas. Mas não pode deixar de se prosseguir nas avaliações e daí retirar consequências, sob pena de permanecermos nas inevitáveis mediocridade e ineficiência. Isto, digam o que disserem os beneficiários do statu quo e os sindicatos que os representam.
A actual ministra da Educação criou uma grande esperança. Precisa, é certo, de corrigir alguns erros de comunicação, logo sublinhados com gáudio por quem pretende que tudo fique na mesma. Mas espero que prossiga o caminho que encetou, de bom senso, coragem e seriedade e que não nos desiluda. Deu já algumas provas importantes de que existe razão para confiar."
(o negrito é da responsabilidade do Publicista)
Entretanto, dou de caras com esta relíquia (de 1970!) que vou ouvindo, enquanto trabalho, nas presentes condições, de atestado médico na mão, entre processos disciplinares, a Escola onde trabalho, serviços de saúde e o aconchego de minha casa, tentando cumprir a promessa que fiz ... aos meus alunos!!!




STEVENS CAT lyrics


Beijinhos à minha IRIS, neste 'seu' bonito Domingo de Março!

sexta-feira, março 09, 2007

Eternos ciclos, míticos retornos!

Já tenho evocado, também muito a propósito do que meu mui citado mestre escreve sobre este estado a que o espectáculo chegou, as contingências do inevitável, segundo as muito antigas escrituras políticas platónicas, muito aristotelicamente reformuladas, onde se enunciam as leis da degenerescência da polis, sem entrar em plágio desse Mito do Eterno Retorno, do grande Mircea Eliade.
Hoje, e já depois de ter lido mais algumas de meu supra citado mestre (e a respeito da de hoje), não posso deixar de passar mais uma evocação ao malogrado Jim Morrison, quando este seu desabafo nos induz numa celestial celebração de tudo quanto são os infortúnios que, constantemente, vemos estarem a assolar o quotidiano das nossas vidas. Apenas com um senão: estes dias que temos evocado já não são, assim, tão estranhos (...)!!!
Aqui vos deixo, então, mais esta de 1967 (poderia ser de 2067 ?):







DOORS, THE lyrics

terça-feira, março 06, 2007

Em busca do equilíbrio perdido (!?)

Nestes tempos de grandes encruzilhadas, resta-nos, ainda, a esperança que, nas décadas de 60 e 70, tinha começado a fazer a tão "evitada" mas esperada revolução. Se nunca aconteceu, é porque não há povo que a mereça, pois não é por falta de evocação das razões e, muito mais ainda, não é por não terem sido sublimadas essas razões ao mais alto nível do espírito dos interessados que as mensagens de mudança não foram devidamente assimiladas.


Veja-se, a título de exemplo, hoje aqui com esta dos Moody Blues (Question Of Balance - 1970), como já se gritavam (a fazer ecos de inconformismo) os males 'de alma' (social?) que, hoje, parecem estar, simplesmemte ... na moda! Por outras palavras, parafraseando meu mui citado mestre JAM, a felicidade ainda não consta das Constituições? Porquê?







MOODY BLUES lyrics


PS: Para quem seguir a tentação de fazer a tradução da letra, aconselha-se a não o fazer na versão 'em calão', para usar uma expressão frequentemente tida a propósito de algumas mentes hiper esclarecidas! Nestes casos dispensa-se a tradução, ou mesmo a letra, ou mesmo a mensagem ... dispensa-se tudo, pois esses já não precisam de nada ... (?) ... nunca precisaram de nada!!! «Eles têm tudo, eles têm tudo, eles têm tudo e não vêm nada» (!?)
(Letra retirada do Goggle)