quinta-feira, dezembro 31, 2009

Dia 1, por ser o primeiro dos primeiros

Comecemos por aqui! E agora! Porque é tempo pensado para recomeços anunciados, para novos anseios e expectativas, com a especial esperança de que, mais uma vez, se possa alcançar ou realizar algo novo, melhor, ou já há muito prometido!

Aqui me auto revejo, neste diário de bordo, a antecipar projectos a partir desta "nau", que falarão do que, no meu "diário de bordo", penso de mim a observar e criticar o mundo, e dos outros que nele também acontecem!

Daqui sairão outros "cadernos do pensamento", sem raíz obrigatória em qualquer canonização ou dogma que os condicione! Serão, pois, pura contemplação e especulação contemplativa, dando a liberdade ao espírito que, frequentemente, a razão aprisiona!

O Mestre costeiro

domingo, dezembro 06, 2009

Continuando com Ortega y Gasset


Não critico nem comento. Apenas assinalo. Ao jeito, mesmo muito ao jeito das "bicadas" de meu mui citado mestre JAM. Enquanto leio mais uns apontamentos, revejo algumas obras e referências bibliográficas de autores sobre o tema, agora talvez interessante como nunca, da "revolução".

Por isso deixo aqui mais uma exortação (éssayant de saisir l'ésprit de nos jours):

"A função de mandar e obedecer é a decisiva em toda a sociedade. Como ande nesta turvação a questão de quem manda e quem obedece, tudo o mais marchará impura e torpemente. Até a mais íntima intimidade de cada indivíduo, salvas geniais excepções, ficará perturbada e falsificada.

(...) O acanalhamento não é outra coisa senão a aceitação como estado habitual e constituído de uma irregularidade, de algo que enquanto se aceita continua a parecer indevido. Como não é possível converter em sã normalidade o que na sua essência é criminoso e anormal, o indivíduo opta por adaptar-se ao indevido, fazendo-se totalmente homogéneo com o crime ou irregularidade que arrasta. Num mecanismo parecido ao que o adágio popular enuncia quando diz: “Uma mentira faz cento”. Todas as nações atravessaram jornadas em que aspirou a mandar sobre elas quem não devia mandar; mas um forte instinto fez-lhes concentrar no ponto as suas energias e expelir aquela irregular pretensão de mando. Rechaçaram a irregularidade transitória e reconstituíram assim a sua moral pública. Mas o espanhol fez o contrário: em vez de opor-se a ser imperado por quem a sua íntima consciência rechaçava, preferiu falsificar todo o resto do seu ser para o acomodar àquela fraude inicial. Enquanto isso persistir no nosso país, é vão esperar nada dos homens da nossa raça. Não pode ter vigor elástico para a difícil faina de sustentar-se com decoro na história uma sociedade cujo Estado, cujo império ou mando, é constitutivamente fraudulento.

(...)Não se manda em seco. O mando consiste numa pressão que se exerce sobre os demais. Mas não consiste só nisso. Se fosse isto só, seria violência. Não se esqueça que mandar tem duplo efeito: manda-se em alguém, mas manda-se-lhe algo. E o que se lhe manda é, no final das contas, que participe numa empresa, num grande destino histórico.

(...) A vida criadora supõe um regime de alta higiene, de grande decoro, de constantes estímulos, que excitam a consciência da dignidade. A vida criadora é vida enérgica, e esta só é possível numa destas situações: ou sendo quem manda ou achando-se alojado num mundo onde manda alguém a quem reconhecemos pleno direito para tal função; ou mando ou obedeço. Mas obedecer não é aguentar – aguentar é envilecer-se – mas, pelo contrário, estimar quem manda e acompanhá-lo, solidarizando-se com ele, situando-se com fervor sob o drapejar da sua bandeira." (1)

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(1) José Ortega y Gasset, A Rebelião das Massas, Segunda Parte, XIV-IV, ebooksdobrasil.com, pp. 66-68.

domingo, novembro 22, 2009

Adeus a um companheiro

Sinto, como companheiro de algumas lutas em que todos entramos, a amizade que em muitos deixas, e que por ti, e com eles, fará com que te recordemos para sempre.

"Das lutas políticas travadas no Liceu Gil Vicente, em Lisboa, após o 25 de Abril, até à fundação do Partido da Nova Democracia (PND), em 2003, e, mais recentemente, ao activismo espelhado no seu blogue (tomarpartido.blogs.sapo.pt), Jorge Ferreira manteve intocável uma das faculdades que mais o distinguiram na vida político-partidária: a frontalidade. É essa a qualidade mais evidenciada por quem acompanhou a sua vida política, ao seu lado e no campo adversário." (1)














Adeus, companheiro Jorge!

Que Deus de tenha, como um "Trazedor de Paz"!!!




(1) Jornal Público

domingo, novembro 08, 2009

Voltar, de novo, ao futuro!


Obrigado, mestre, por mais uma vez me lembrar das tuas bicadas, e rever nelas muitas das situações com que, frequentemente, evocas clássicas troadas que muitos de agora pensam como novas descobertas e luzes de glória! Mais valeria, realmente, renascer do nada!!!

É (talvez) por isso que só agora volto a escrever algumas notas dignas de publicitar. Por duas razões principais, apenas: primeiro, porque me deste novo alento ao saberes que volto a tentar fugir das garras do sempiterno senhor medo das trevas, ou melhor, medo dos sombrios vultos da cobardia institucionalizada, estatizada q.b. para que ninguém se sinta livre de uma qualquer persiganga a uma qualquer virtude não identificada pelo rolo compressor e unidimensionador do comportamento politicamente correcto. "Hiperdemocratizante" (agora escrevo a palavra com aspas). Serodiamente progressista.
Segundo, porque ao tratar de uma tradução de Ortega y Gasset, me relembro de quantas vezes não terei eu (e outros) lido nas tuas bicadas o que este ilustre filósofo do século passado com raízes no futuro também me está, também ele novamente, a ensinar.

Por isso, aqui deixo algumas das notas com que retrato esta evocação. Com saudades do tal futuro que sempre queremos trilhar, desbravar, perseguir como a uma estrela que nos indica o caminho ...!

"Há sobretudo épocas em que a realidade humana, sempre instável, se precipita em velocidade vertiginosa. A nossa época é dessa classe porque é de descidas e quedas."

"A mentira seria impossível se o falar primário e normal não fosse sincero. A moeda falsa circula apoiada na verdadeira. No final das contas, o engano vem a ser um humilde parasita da ingenuidade."

"Outrora podia ventilar-se a atmosfera confinada de um país abrindo-se as janelas que dão para outro. Mas agora esse expediente não serve de nada, porque em outro país a atmosfera é tão irrespirável como no próprio. Daí a sensação opressora de asfixia."

"...até a extravagante ideia do século XVIII, segundo a qual todos os povos hão de ter uma constituição idêntica, produz o efeito de despertar romanticamente a consciência diferencial das nacionalidades, que vem a ser como estimular em cada um a sua vocação particular."

"... há costumes europeus, usos europeus, opinião pública europeia, direito europeu, poder público europeu. Mas todos esses fenómenos sociais dão-se na forma adequada ao estado de evolução em que se encontra a sociedade europeia, que não é, evidentemente, tão avançado como o dos seus membros componentes, as nações."

"Onde quer que tenha surgido o homem-massa de que este volume se ocupa, um tipo de homem feito de pressa, montado tão somente numas quantas e pobres abstracções e que, por isso mesmo, é idêntico em qualquer parte da Europa. A ele se deve o triste aspecto de asfixiante monotonia que vai tomando a vida em todo o continente. Esse homem-massa é o homem previamente despojado de sua própria história, sem entranhas de passado e, por isso mesmo, dócil a todas as disciplinas chamadas “internacionais”. Mais do que um homem, é apenas uma carcaça de homem constituído por meros idola fori; carece de um “dentro”, de uma intimidade sua, inexorável e inalienável, de um eu que não se possa revogar. Daí estar sempre em disponibilidade para fingir ser qualquer coisa. Tem só apetites, crê que só tem direitos e não crê que tem obrigações: é o homem sem nobreza que obriga – sine nobilitate – snob."

"A velha democracia vivia temperada por uma dose abundante de liberalismo e de entusiasmo pela lei. Ao servir a estes princípios o indivíduo obrigava-se a sustentar em si mesmo uma disciplina difícil. Ao amparo do princípio liberal e da norma jurídica podiam aguar e viver as minorias. Democracia e Lei, convivência legal, eram sinónimos. Hoje assistimos ao triunfo de uma hiperdemocracia em que a massa actua directamente sem lei, por meio de pressões materiais, impondo as suas aspirações e os seus gostos."

"A missão do chamado “intelectual” é, em certo modo, oposta à do político. A obra intelectual aspira, com frequência baldada, a esclarecer um pouco as coisas, enquanto a do político só pode, pelo contrário, consistir em confundi-las mais do que estavam. Ser da esquerda é, como ser da direita, uma das infinitas maneiras que o homem pode escolher para ser imbecil: ambas, com efeito, são formas da hemiplegia moral. Ademais, a persistência destes qualificativos contribui não pouco para falsificar mais ainda a “realidade” do presente, que já fala de per si, porque se encrespou o crespo das experiências políticas a que respondem, como o demonstra o facto de que hoje as direitas prometem revoluções e as esquerdas propõem tiranias."

"Esse costume de falar para a Humanidade, que é a forma mais sublime, e, portanto, a mais desprezível da demagogia, foi adoptada até 1750 por intelectuais desajustados, ignorantes dos seus próprios limites e que sendo, por seu ofício, os homens do dizer, do logos, usaram dele sem respeito e precauções, sem perceberem que a palavra é um sacramento de mui delicada administração."

Por tudo isto evoco essa muito pertinente afirmação de que "só é moda o que passa de moda" - estes excertos são, repare-se, da obra de José Ortega y Gasset "A Rebelião das Massas", 1928.

PS: qualquer semelhança entre as proposições aqui citadas e apresentadas e qualquer das realidades por nós vivenciadas é mera semelhança do acaso, nestes tempos de conturbados determinismos, que a todos nos incomodam.

quarta-feira, abril 01, 2009

Nova era de MEDO

E, porque tudo se perfila com a "Anatomia do Terror", então eu digo:

Tenho estado a reflectir, também, sobre as razões quase subconscientes que me têm levado a não ser regular nas minhas postagens, neste ou noutros blogues que já criei. Sei de algumas dessas razões. Muito provavelmente, há outros ícones da subserviência pública e estatal, q. b., que o saberão melhor que eu, o próprio.

Tenho estado, mesmo debaixo de um período de descanso médico-compulsivo (dita baixa médica, derivado dessas circunstâncias de que os acima mencionados são bastante conhecedores e em que são exímios especialistas), a contribuir, directa ou indirectamente, para a retribuição a que a sociedade que me dá o vencimento mensal julgo ter sempre esse direito. E então lá vou escrevendo, criando ou repensando sobre tudo o que se reporta com a minha actividade académica e profissional. Aqui, neste burgo pseudo-condalense em que Deus quis que eu constituísse lar e mais família; e em Lisboa, onde, entre idas à Costa com a minha querida Mãe e os momentos que lhe roubo à sua solidão, não deixo de visitar e participar no que de mais vivo e notório emana da minha querida Escola que é o ISCSP, sempre em contacto com aqueles Professores que me dão o alento necessário para sentir e amar esta actividade que conquistou a minha paixão desde tenra idade. (Quanto já coloquei no prelo sobre este assunto, que um dia virá a lume, brando, brandinho, qu'é p'ra não haver ninguém que se possa dizer queimado ...!?).

Por tudo isto, e porque talvez não seja mera coincidência o facto de já ter começado a reler e a aprofundar leituras sobre o fenómeno, vêem-me à ideia a "Anatomia do Terror", de Andrew Sinclair, "Os Homens do Terror", de Hans Magnus Enzensberger, "Globalização, Democracia e Terrorismo", de Eric Hobsbawm, ou "Os Demónios", de Fiódor Dostoiévski. Não posso deixar de aconselhar, também, a abrangente antologia, com direcção do meu primeiro grande mestre em C. Política que foi o Prof. Doutor Adriano Moreira, Terrorismo, de que já fiz uma pequena recensão oral.

Reporto-me, por tudo isto, a mais uma das "opinadelas" deste já por mim mui citado colunista, cujo teor se encaixa, historicamente, neste tipo de fenómeno (as)social:

"POR OUTRAS PALAVRAS

"Perfilados de medo"

A memória é de geometria infinitamente variável e, sempre que os propósitos não se compadecem com escrúpulos, como acontece na guerra, a História pode ser escrita, reescrita e apagada à medida das conveniências. Foi assim que a Orquestra Juvenil Palestiniana "Cordas de Liberdade" (bonito nome…) foi agora dissolvida pelas autoridades de Jenin, na Cisjordânia, por ter tocado para um grupo de sobreviventes do Holocausto.

Compreende-se: para quem, como certos movimentos islâmicos e seus simpatizantes na extrema-esquerda e extrema-direita europeias, o Holocausto nunca existiu, ou foi um "pormenor", também não podem existir sobreviventes do Holocausto. Ora tocar para inexistências é impróprio de uma orquestra juvenil, pelo que também ela deve passar a não existir. Se o próprio Estado de Israel ainda existe é porque o longo braço da ontologia islâmica lá não chega. Chega já, porém, ao Reino Unido, onde o Holocausto e as Cruzadas foram retirados dos programas de História com medo (o medo, esse mestre mudo, sempre foi o grande educador dos infiéis) de ferir a "sensibilidade" da comunidade islâmica."

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Novas 'roupas' de uma elite circulante?

Sobre o discurso da reformulação do Poder da elite dominante!

Será que estamos, finalmente, perante o virar da página do "white man's burden"? Será que esta presidência constituirá o precedente originário da superação das diferenciações raciais? Terá o desempenho desta Administração o reflexo exemplar que constituirá o modelo com que poderemos visualisar a próxima etapa da consciencialização cívica dos cidadãos do Mundo?

Assisti, mais uma vez, em directo e em diferido, a um ritual de investidura do Poder, actualmente a mais mediatizada do Planeta! Afinal, trata-se da imagem pública do representante da nação mais influente na cena internacional dos nossos dias.

Mas subscrevo, pelo menos quase na íntegra, esta nota (bicada) Sobre o Tempo Que Passa, de meu mui citado mestre JA Maltez.

sábado, janeiro 10, 2009

Mais umas buscas, possíveis surpresas, na mediocracia ... banal

Mais um balde de água fria, desta feita ... "à moda do Porto"!

Leio com alguma atenção mais esta  notícia "de cartaz", cujo conteúdo nos traz mensagem de alguma esperança. Mais uma! Para quê? No final de 'contas', todas feitas com a ética, a estética e dentro da actual oportunidade política, apenas nos resta a consolação de ficarmos, nós os pobres de carteira, a conhecer esta realização de tão prestimoso evento, iniciativa ainda levada a efeito por uma Fundação com alusiva e emblemática denominação encíclica. Cristo, creio (sem qualquer pretensão ou pejoração), ter-se-ia revoltado e derrubado as cadeiras e mesas de tão plutocrático empreendimento!

"O alicerce das coisas

Ética e política

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A saída da crise actual exige profunda reflexão ética, requer discernimento, sensibilidade, percepção espiritual, autocrítica, análise descodificada da realidade, abertura estética.

 Para analisar a actualidade importa convocar valores intemporais, escapar à idolatria da acção, do pragmatismo sem princípios. Aos seguidores de Jesus falta muito uma contestação e uma indignação proféticas, porque a espiritualidade cristã encarna no ser humano, na cultura, na estrutura, na conjuntura... As bem-aventuranças do Evangelho constituem apelo à transformação radical da sociedade para que não impeça os irmãos de serem irmãos. Homens e mulheres contemplativos do Deus de Jesus levam a solidariedade até às últimas consequências, necessariamente políticas. Jesus não teve apenas compaixão, viveu a paixão e deu a vida na cruz. Aproximou-se com a lucidez de Filho de Deus, caminhou com os pobres, experimentou a cruz da privação, da renúncia, do risco e até da conflitualidade, se necessário.

Ajudar as pessoas a não entrar em desespero, a não ficar na pura indignação sem sentido, requer grande capacidade de esperança com base ética e mesmo profética e utópica.

Com o tema ‘Ética e Política’, tem início, no próximo dia 12, em Lisboa, e no dia 13, no Porto, um curso livre em doze sessões, organizado pela Fundação Spes (www.fspes.pt). Esta Fundação foi criada pelo bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes (1906-1989), exemplo claro da força das incidências éticas na vida cívica. Não é apenas o contexto dos cinquenta anos da sua ‘Carta a Salazar’ a conduzir o evento, mas a escolha da temática tem particular acuidade e será abordada por especialistas de diversos quadrantes, em ambiente de debate.

A oportunidade da iniciativa, no actual contexto mundial e nacional, merece especial atenção. A valorização da ética na política, na economia e na educação é caminho essencial, evidenciado no presente momento histórico. Mas o percurso tem pouco a ver com moralismos retóricos e tem tudo a ganhar com estilos inovadores de viver e de organizar a economia, a política e a educação. Seria fundamental que o ano de 2009 fosse de Inovação, nestes domínios e não apenas nas novas tecnologias.

É para contribuir neste sentido e preocupada em formar uma nova geração, capaz de romper com oligarquias de mais do mesmo, que a Fundação Spes promove o referido Curso de Ética e Política. Conto participar nas sessões de Lisboa, disposto a analisar as perspectivas lançadas pelos professores convidados. Aqui farei eco, quando oportuno.

D. Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa"

Agora, olhando para os encargos  por quem quiser participar  nesta tão nobre e enriquecedora iniciativa (apenas os da inscrição, não contando com outras despesas adicionais, sobretudo as inerentes a quem tem de deslocar-se do seu local de residência), como se presume , mesmos para os mais baixos, ficamos a perceber quem nela poderá tomar parte!

Haja Deus!!!

Amen

sexta-feira, janeiro 02, 2009

Marxismo de casino e maoismo 'high tech'!

Depois da 'tempestade' do annus horribilis (leia-se a na futurologia para 2009), vem a hipócrita bonança do "Bom Ano Novo"! "... e o Tejo, está sempre novo"!!!

Vejo que do nevoeiro continua a não sair D. Sebastião algum, nem do Tejo nem do mar ...! Apenas reparo que D. José Policarpo descobriu que a pobreza também é uma consequência dos sistemas económicos, e que em tempos de crise há que ser mais exigente (...)?!!! Ainda me resta alguma memória do que se sabe que a Igreja é capaz, em tempos de solidariedade necessária, apesar da Companhia de Jesus (e eventualmente outras entidades de merecido destaque) ter outros reparos a fazer a tão sacra organização ...!

Também me recordo dos tempos em que, segundo o que me contavam os da minha geração mas nascidos e criados em Lisboa, se tomava banho nas docas de Alcântara, que eu apenas conheci já com a primeira Ponte sobre o Tejo, então dita de Salazar, onde alguns dos dejectos avistados nas correntes do rio eram os primeiros cúmplices dos sinais da emancipação da mulher ...! O que eu ainda não posso explicar aos meus filhos, acabados de fazer a Comunhão Solene!


Porquê? Porque também me lembro de ter alinhado (já aqui o disse), muito convictamente, no movimento estudantil de então (MAEESL), que contestava muito do que por esses tempos se vivia - sobretudo o capitalismo (leia-se holigárquico-financeiro e não, ainda na altura, selvático-devoreiro, que é como quem diz, da institucionalização da plutocracia banco-burocratizada dos comunistas reciclados q.b. e dos maoistas do voyeurismo repressivo 'high tech', outrora vozes afinadas da pretendida oclocracia) e o absurdo sócio-económico da política que sustentava a guerra colonial ...!!!

Assim, se o que de então contado aos jovens de hoje pode parecer surrealista, ou cómico-trágico, já os presentes factos que temos a obrigação histórica e social de registar serão os melhores recursos pedagógicos para a sua aprendizagem sócio-cultural! Isto é, a realidade presente afigura-se-nos como a melhor das evidências empíricas para que os futuros adultos não tenham de embarcar tanto em sonhos como nós tivemos, pois pelo menos muitos de nós passaram a travessia do deserto, navegaram na utopia, alimentaram alguma (pouca ou muita) fantasia, mesmo que, depois, tenham regressado pelo Tejo (...!?).

E deste modo chegados ao presente, que temos para comprovar o mérito dos sacrifícios então assumidos?
- Que mais vale continuar a sonhar com a realidade talvez possível de, um dia, se atingir, por ora ainda pura fantasia!
- Que a nova geração tem de recuperar alguma da aprendizagem da contestação socialmente imprescindível, se ainda quiserem ter, um qualquer dia, condições de dignidade sócio-humana mais condizentes com as expectativas que os seus progenitores lhes projectaram nos afectos dos respectivos lares!
- Que, por tudo isso, lutar é preciso, erguendo a voz contra aqueles que, dizendo que fazem, apenas dizem aquilo que qualquer um de nós pode dizer melhor! Porque o sabe melhor!

Por isso, volto a repetir mais uma das 'oh pinadelas' do articulista do J Notícias, para quem, estou certo (como em muitos outros ...) Marx não era marxista (embora não jogasse às cartas em casinos, nem andava de táxi) e Mao não exportava revoluções culturais (por si, seria só para consumo interno)! De Cuba, só os 'havanos' se fumavam!

Depois de Ché ... bebi um chá!

Precisamos de um grande grito de Ipiranga!

Há dias vi, uma vez mais, num dos canais encabelados, o resumo dos dias revolucionários de nuestro comandante Ché Guevara! De como a realidade pode manchar e desmanchar os mais puros desígnios sentidos no mais profundo dos nossos corações (...)!
E, depois de umas quantas evocações que das últimas cogitadelas se têm aqui transcrito, dou de caras com mais esta 'oh pinadela':

"Cuba en el corazón"

Não sei se acontece o mesmo com toda a gente: o meu coração vai sempre uns metros à frente da minha razão; quando a razão chega, já o coração - ou lá o que é - partiu de novo.

Daí que tenha às vezes a impressão de que a minha razão (e no entanto sou, até em excesso, comummente racional) preside a uma ausência.

Na vida, só em raros momentos felizes razão e coração batem unanimemente, sem ressentimentos, pois se a razão é complacente, poucas vezes o coração se submete às considerações da razão.

A Revolução Cubana, que faz 50 anos, é um difícil conflito que tenho comigo mesmo. Ao longo dos anos, o meu coração, transbordante de jovens rebeldes descendo da Sierra Madre de rifles na mão e corações limpos, sangrou com Padilla preso e humilhado ("Diz a verdade,/ diz, ao menos, a tua verdade./ Depois, deixa que qualquer coisa aconteça"), com Arrufat, Reynaldo Arenas, Raul Rivero… "La sangre, no quería verla", e fechava os olhos.

Mas se o coração explica tudo, mesmo o inexplicável, a razão não. Cuba é hoje a recordação de algo íntegro e novo que, se calhar, nunca aconteceu senão dentro do meu coração.

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Trago Novas da Província: "Vive Nôtre Président"

Agora eu já sei que eles sabem que eu sei porque tenho de me ir embora! E Deus queira, também, um "Bom Ano Novo" para todos!


Acabo de ouvir as notícias deste "maior fogo de artifício de sempre em Lisboa", à meia-noite, e que a imagem que colhi, enquanto o dito deflagrava, pode não desmentir (?)! Mas, a culpa parece ser do ... nevoeiro, a acreditar que, para nossa dona salvação, ainda possa aparecer o tal desejado, lá para altas horas da madrugada! E que o desminta, categoricamente(!?).

Pois! Isto de tornar realidade aquilo que se ouve dizer tem muito que se lhe diga: e ai de quem diga o contrário, que pode aparecer por aí o tal ... quer dizer, o masculino de Maria! Sim, porque isto de dizer que não há D. Sebastião, que não se faz fogo de artifício a condizer com a nossa dignidade societal, que não há um sistema de Justiça, que não há Democracia, que há corrupção e, até (por isso mesmo), que não se ensina no Ensino (e por isso se devem submeter todos os seus responsáveis a uma adequada avaliação), que não há Pai Natal, é ou poderá vir a ser (a muito curto prazo, neste tempo de relativização do absoluto) crime de ofensa pública!(?) E, nalguns caos, crime de lesa-pátria! Ponto final! Parágrafo! E que ninguém se dê ares de ... quer dizer, transpirares!

Assim, já é tempo de dizer, em tempo de renovação de esperanças concretas numa imanente realização de Justiça:

- Sim, há uma tomada "escalonada" do poder, por parte de pseudo-democratas maosinhos q.b., na Administração Global, com raízes na Província profunda! Desse modo, os urbanos cuja consciência social e correspondente civilidade o não admitiriam, não sabem que nesse "portugalório dos pequeninos" se conjuga o verbo dizer com queimar, e contradizer com processar!

- Sim, não se pode ser professor honesto, íntegro, e muito menos contra-sistema localmente estabelecido, que é como quem diz, não há margem de tolerância para os que, sobretudo se não tiverem "las espaldas bien guardadas", denunciem o tão famoso contra-poder da Administração!

- Sim, esta gente é capaz de tudo! Linche-se quem tiver de ser linchado! Sem escrúpulos nem tréguas, porque o que está em jogo é extremamente grave, pessoalmente muito abrangente (leia-se qualitativa e quantitativamente), politicamente promissor (e por isso apelativo, envolvente), estrategicamente impreterível!

- Sim, eles (os portadores do "livro vermelho do nosso querido presidente" (mas aonde é que eu já ouvi esta?) estão conclusivamente a dominar, dentro das mais variadas camuflagens políticas, os aparelhos do Poder! Do campo para a cidade!!!

Por isso, vem, D. Sebastião, vem! Nem o "maior português de todos os tempos" nos vale! Vem, quer tragas nevoeiro, chuva, tempestade, frio, calor, ...! Vem, e ... não tapes os olhos com a mão! Não temas, não te envergonhes, pois muitos te reconhecerão, clamando por um pouco de paz! Por um pouco de pão! Por muita da razão que começa a faltar-nos! Vem, e traz-nos, também, um pouco de alegria para viver! Mas, por favor, vem!!!

Portugal não pode esperar maos!