Observatório da nossa Polis à luz das memórias contínuas do pensamento filosófico português. Inspirado nos «Modernos Publicistas», segue o mesmo espírito crítico e de indignação:«De feito. Ardeu-me de todo o topete». Porque nunca calaremos no descampado onde reina a verdade que nos traz glória, repetiremos sempre a vontade de mestre Herculano: "é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las" ...!
quarta-feira, janeiro 21, 2009
Novas 'roupas' de uma elite circulante?
sábado, janeiro 10, 2009
Mais umas buscas, possíveis surpresas, na mediocracia ... banal
Ética e política
Para analisar a actualidade importa convocar valores intemporais, escapar à idolatria da acção, do pragmatismo sem princípios. Aos seguidores de Jesus falta muito uma contestação e uma indignação proféticas, porque a espiritualidade cristã encarna no ser humano, na cultura, na estrutura, na conjuntura... As bem-aventuranças do Evangelho constituem apelo à transformação radical da sociedade para que não impeça os irmãos de serem irmãos. Homens e mulheres contemplativos do Deus de Jesus levam a solidariedade até às últimas consequências, necessariamente políticas. Jesus não teve apenas compaixão, viveu a paixão e deu a vida na cruz. Aproximou-se com a lucidez de Filho de Deus, caminhou com os pobres, experimentou a cruz da privação, da renúncia, do risco e até da conflitualidade, se necessário.
Ajudar as pessoas a não entrar em desespero, a não ficar na pura indignação sem sentido, requer grande capacidade de esperança com base ética e mesmo profética e utópica.
Com o tema ‘Ética e Política’, tem início, no próximo dia 12, em Lisboa, e no dia 13, no Porto, um curso livre em doze sessões, organizado pela Fundação Spes (www.fspes.pt). Esta Fundação foi criada pelo bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes (1906-1989), exemplo claro da força das incidências éticas na vida cívica. Não é apenas o contexto dos cinquenta anos da sua ‘Carta a Salazar’ a conduzir o evento, mas a escolha da temática tem particular acuidade e será abordada por especialistas de diversos quadrantes, em ambiente de debate.
A oportunidade da iniciativa, no actual contexto mundial e nacional, merece especial atenção. A valorização da ética na política, na economia e na educação é caminho essencial, evidenciado no presente momento histórico. Mas o percurso tem pouco a ver com moralismos retóricos e tem tudo a ganhar com estilos inovadores de viver e de organizar a economia, a política e a educação. Seria fundamental que o ano de 2009 fosse de Inovação, nestes domínios e não apenas nas novas tecnologias.
É para contribuir neste sentido e preocupada em formar uma nova geração, capaz de romper com oligarquias de mais do mesmo, que a Fundação Spes promove o referido Curso de Ética e Política. Conto participar nas sessões de Lisboa, disposto a analisar as perspectivas lançadas pelos professores convidados. Aqui farei eco, quando oportuno.
sexta-feira, janeiro 02, 2009
Marxismo de casino e maoismo 'high tech'!
Depois de Ché ... bebi um chá!
Não sei se acontece o mesmo com toda a gente: o meu coração vai sempre uns metros à frente da minha razão; quando a razão chega, já o coração - ou lá o que é - partiu de novo.
Daí que tenha às vezes a impressão de que a minha razão (e no entanto sou, até em excesso, comummente racional) preside a uma ausência.
Na vida, só em raros momentos felizes razão e coração batem unanimemente, sem ressentimentos, pois se a razão é complacente, poucas vezes o coração se submete às considerações da razão.
A Revolução Cubana, que faz 50 anos, é um difícil conflito que tenho comigo mesmo. Ao longo dos anos, o meu coração, transbordante de jovens rebeldes descendo da Sierra Madre de rifles na mão e corações limpos, sangrou com Padilla preso e humilhado ("Diz a verdade,/ diz, ao menos, a tua verdade./ Depois, deixa que qualquer coisa aconteça"), com Arrufat, Reynaldo Arenas, Raul Rivero… "La sangre, no quería verla", e fechava os olhos.
Mas se o coração explica tudo, mesmo o inexplicável, a razão não. Cuba é hoje a recordação de algo íntegro e novo que, se calhar, nunca aconteceu senão dentro do meu coração.