sexta-feira, fevereiro 22, 2008

A Deus o que é de Deus, ...!

E porque ando zangado com todo este sistema que ultrapassa quaiquer apontamentos e/ou críticas feitas às conjunturas partidário-governativas, vem mais esta farpa do Sr. Pina, que gostei, não tanto pelo estilo que lhe observo e, frequentemente, admiro, mas pela profundidade com que atinge horizontes que ninguém gosta de referenciar. E muitos poderiam fazê-lo, não se acobardassem nas prebendas, mordomias ou, tão pouco, no comodismo balofo da retribuição a que não correspondem, no seu dia-a-dia. Aqui vai, assim, mais uma das minhas "inconvenientes" piscadelas:

"Finalmenteum sorriso
Por outras, palavras, Manuel, António, Pina

A grande "cacha" jornalística da semana veio na página 14 do "Expresso" e ninguém deu por ela. É a ministra da Educação a sorrir, o que sugere que, ao contrário das piores expectativas, ela é humana. E que talvez até a sua severa postura de mestre-escola face aos "professorzecos" (a elegante expressão é de um dos seus secretários de Estado) que dão erros nos ditados do Ministério seja humana, demasiadamente humana (coisa do vago parassimpático ou do hipocampo). De qualquer modo, a descoberta de que a ministra sorri abre perspectivas inesperadas de análise, sobretudo tendo em conta a notória falta de sentido de humor dos sindicatos, às políticas por assim dizer educativas do Ministério. Diz o Talmude que não se deve interromper a instrução das crianças nem para reconstruir o Templo. Que Maria de Lurdes Rodrigues ande há três anos a reconstruir, pedra a pedra, o Templo (Estatuto da Carreira Docente, avaliação dos professores, gestão escolar) esquecendo o ensino, e principalmente a instrução, há-de decerto ter que ver com "humor objectivo" ou algo do género. Provavelmente, como na famosa carta de Nietzsche de 6 de Janeiro de 1889, a ministra preferiria ser professora e não Deus, mas não pôde levar o seu egoísmo ao ponto de abandonar a criação do Mundo."